Capítulo 31 - Back Home

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Lauren Jauregui | Point Of View



Naquela noite eu não havia conseguido dormir, na verdade não houve uma tentativa da minha parte pois sabia que não iria conseguir. Ally limpou meus machucados que já estavam em processo de cicatrização, me acomodei na sala deixando o peso de tudo que aconteceu, cair sob mim.

Logo quando amanheceu me encontrei com Alejandro, de certa forma fiquei aliviada ao ouvi-lo dizer que logo Harry ficaria bem. Eu não tinha intenção de machucar gravemente meu cunhado, mas precisava acertar contas antigas com ele..


— Eu volto em dois dias, preciso tratar disso com meu pai, não posso deixar que algum deles acompanhem Louis até lá. – Me referi aos meus amigos.

— A confiança quebrada é algo que jamais vai ser restaurada, o ressentimento sempre vai estar aí bem no fundo. Mas tente amenizar isso, todos erraram, mas erraram porque te amam demais e não souberam agir com a situação. – Alejandro sorriu para mim

— Está falando da Camila. – Afirmei sentido a dor que ela sentia, eu sabia que Camila está sofrendo eu sinto dentro de mim como se a dor fosse tão minha quanto dela.

— Ela errou, mas merece uma segunda chance. Ela é a sua ômega e você é a alfa dela, precisam se acertar. Essa dor que as duas sentem, vai piorar com a distância. – Alejandro tinha razão, imaginar em ficar longe dela me deixava agoniada.

— Eu não sei o que fazer... – A mágoa por saber que ela escolheu me esconder algo tão sério, que ela foi conivente com tudo que estava acontecendo.

— Vá, leve Louis e resolva isso com seu pai. Quando você voltar as duas estarão mais calmas e aí sim você devem sentar a conversar. – Alejandro me abraçou pelos ombros. — Dois dias longe vai ajudar as duas pensar melhor tudo, principalmente Camila. Ela precisa aprender com os erros dela, se eu passar a mão na cabeça dela como fiz com meus outros filhos, certamente ela não vai aprender absolutamente nada. – Alejandro tinha grande pesar em sua voz, dava para ver que ele se sentia culpado em relação a imaturidade de Harry. — É a primeira vez que Camila faz algo errado, meu coração está apertado em vê-la tão abatida. Mas é necessário, se não ela não vai amadurecer e vai se tornar dependente de mim para resolver todo e qualquer problema que vier a surgir.


A longa conversa que tive com Alejandro logo pela manhã, me tranquilizou muito. Eu tinha medo de ter passado dos limites ou de estar sendo muito severa com Camila, e conversar com meu lidar me deixou mais confiante com as minhas decisão. Acertamos os detalhes de como as coisas vão ficar durante esses dois dias em que eu estarei ausente, Ally nos tranquilizou dizendo que em suas visões a guerra só aconteceria quando a neve estivesse presente na alcateia.

Pelas minhas contas para que a neve começasse a cair, demoraria cerca de quinze dias, então dois dias fora da alcateia não traria nenhum tipo de problema.


Quando sai esperando Louis se despedir das ômegas para partir, meus olhos por instinto foram em direção a janela do meu quarto com Camila. E lá estava ela me observando, minha ômega tinha o rosto abatido e inchado pelo choro. Meu coração se apertou e eu precisei me segurar para não esquecer de tudo e ir até ela.


— Ela não tem culpa. – Olhei para o lado e encontrei Vero me olhando com cautela.

— Todos tem culpa, mas não mais do que você. – Desviei meu olhar e cruzei os braços abaixo dos seios. — Eu te pedi uma única coisa Veronica, você me disse que faria. – Acusei.

— Eu sinto muito, eu não sabia que eles tinham passado do ponto. – Vero falou meio sem jeito.

— Você não sabia que nas horas Louis estava fugindo para ficar com Harry, eles estavam fodendo? Você achavam que eles se escondiam para dar beijinho? – Ri ironicamente.

— Eu pensei que Louis tivesse juízo. – Ela tentou se defender e eu neguei rindo.

— Louis parou de ter juízo quando se envolveu com aquele merdinha e ainda fez com que todos vocês mentissem para mim. – Falei irritada.

— Espero que um dia você possa nos perdoar. – Ela suspirou triste.

— Eu já perdoei, mas ainda estou com muita raiva. – Pontuei.


Antes que ela pudesse dizer algo me transformei e vi Louis ainda chorando sair abraçado a Halsey, assim que eles se aproximaram eu me abaixei para que ele pudesse montar em mim. Louis subiu nas minhas costas e deitou me abraçando pelo pescoço. Vero e Liam cobriram Louis com a manta grossa e prenderam as pontas da manta em mim, para protegê-lo do frio e do vento forte. Como seria somente nós dois, eu não pararia de correr em hipótese alguma até chegarmos em casa.


Sai em disparada assim que Liam sinalizou que eu poderia ir, entrei no caminho de saída do norte ouvindo o choro baixo do meu irmão. Eu queria que tudo fosse diferente, mas eu não poderia fazer de outra maneira que não essa. Segui correndo rumo ao sul em meio a um frio aconchegante, me lembrava a minha casa e os momentos bons que eu tive lá.



×××


Chegamos ao sul no amanhecer do outro dia, eu estava exausta por ter corrido durante um dia em pausa. Os lobos da guarda me deram passagem sem pensar duas vezes, eles me reconheceram por isso deixaram eu entrar. Caminhei devagar sendo atingida por uma saudade e nostalgia, as pessoas que eu passava por elas me olhavam com surpresa. Quando subi a rampa do castelo encontrei meus pais e Taylor nos aguardando na porta, em seus olhos o misto de emoção e apreensão.


Os guardas tiraram a manta que protegia Louis, me abaixei para que ele pudesse descer. Assim que o fez ele correu para abraçar minha mãe e Taylor, me cobriram novamente e eu pude me transformar em forma humana e  cobria minha nudez. Meu pai veio quase correndo me abraçar, sem se importar com a minha nudez a gente se abraçou com tanta força.



— Está tudo bem pai, a guerra ainda não aconteceu. – O tranquilizei depois que já estava devidamente vestida.

— Então o que te trás de volta? – Ele me olhou com curiosidade.

— Vamos esperar a mamãe descer com Louis. – Mesmo contrariado meu pai aceitou.



Fomos para a mesa que estava repleta de comida, choraminguei ao ver o tanto coisa que eu amava comer ali. Me servi e comecei a comer enquanto meu pai contava sobre Zac e tudo que aconteceu na ida dele ao norte, fiquei surpresa ao saber que Alejandro havia mandando uma carta relatando todo o ocorrido na estadia de Zac.


— Zac e Ian forma para o extremo sul treinar, como punição para os dois. – Meu pai explicou. — A atitude de Ian por mais genuína que fosse, ele não deveria ter agido como agiu comigo na frente de todos. Eu entendo a preocupação dele com você, mas ele precisa entender que você não precisa viver debaixo das asas dele.

— Eu sinto muito. Queria vê-lo, mas antes de voltar ao norte deixarei uma carta para ele. – Falei e comi mais um pouco de bolo.


Minha mãe desceu com Louis e Taylor, ela parecia estar transbordando de felicidade. Tomamos café da manhã conversando sobre como as coisas aqui estavam, tentei disfarçar ao máximo para manter um café da manhã agradável.

Quando terminávamos o nosso café, Vanessa e Nina se juntaram a nós. Eu chorei emocionada ao ver pela primeira vez a pequena Helena, peguei minha sobrinha nos braço e ela se parecia tanto comigo e Ian.


— Ela é muito linda. – Sorri toda boba e Helena soltou alguns ruídos fofos.

— Ela tem seu olhos Laur. – Nina comentou. — Ian vive dizendo que ela é um pedacinho de você para ele se lembrar. – Olhei para minha cunhada e sorri.

— Eu mandei chamar ele, não poderia deixar você ir sem vê-lo antes. – Me surpreendi com a atitude do meu pai.

— Obrigada pai. – Sorri para ele.

— Agora podemos conversar? – Meu pai perguntou e eu suspirei e concordei.


Passei minha sobrinha para os braços de Nina, beijei a testa das ômegas e me levantei.


— Vamos para o escritório. – Meu pai disse já caminhando em direção ao escritório.



Meu pai se sentou com minha mãe ao lado dele, eu e Louis sentamos de frente para eles. Troquei um breve olhar com meu irmão e tive pena ao ver tanta tristeza e medo em seus olhos. Então passei a narrar tudo que aconteceu desde o momento em que chegamos ao norte, meu pai já sabia de algumas coisas devia carta de Alejandro.

Então comecei a contar sobre Harry e a perseguição dele, meu pai ficou furioso fazendo Louis se encolher na cadeira.


— Que sujeito petulante, vocês lá ajudando e ele fazendo graça. – Minha mãe falou indignada.

— E mesmo assim o Louis resolver se envolver com Harry. – Soltei a bomba.

— COMO É? – meu pai gritou irritado.


Então passei a narrar tudo que tinha acontecido para nos trazer até aqui, meu pai estava tão vermelho que acho que ele explodiria a qualquer momento, minha mãe olhava para Louis com pesar enquanto meu irmão chorava.



— Que decepção. Eu estou muito decepcionado com você Louis. – Meu pai falou amargamente.

— Pai me perdoa. – Ele chorava baixinho.

— Você se deitou com um alfa que não era seu marido e ainda pior, com um alfa que odeia a sua raça! – Meu pai acusou.

— Ele mudou pai. – Louis justificou.

— Mudou? Se mudou porque preferiu fazer as coisas com você escondido? Ele tirou a sua honra e não foi capaz de lutar para te defender. – Minha mãe rebateu, ela chorava também.


— Você faz bem ter trago Louis para casa, Lauren. – Meu pai afirmou. — Quando a guerra passar e tudo de estabelecer novamente no norte, me envie uma carta. Eu vou pessoalmente resolver isso com Alejandro e o tal Harry, a honra da nossa família não pode ficar manchada. – Concordei com meu pai. — Diga a Alejandro que se Harry ousar vir atrás de Louis, eu não terei a piedade que você teve.

— O que? Pai? – Louis estava assustado.

— Vá para o seu quarto Louis, você perdeu o direito de argumentar quando resolveu fazer as coisas de maneira errada. Eu e sua mãe vamos conversar e vamos decidir o que fazer, quando for a hora você saberá. – Meu pai cortou meu irmão.

— Mas eu o amo! O senhor não vai levar isso em consideração? – Louis perguntou afogado.

— Ama mesmo ele? – Minha mãe perguntou.

— Amo. – Louis nem pensou duas vezes.

— Tudo bem, vamos levar isso consideração. – Meu irmão soltou o ar dos pulmões e vi o alívio em suas costas. — Agora obedeça seu pai e vá para seu quarto. – Minha mãe pediu e ele fez.



Louis saiu e foi para o seu quarto como meu pai havia mandado, permanecemos apenas nós três ali conversando.

Winter Of Wolfes - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora