Capítulo 35 - Birth

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Lauren Jauregui | Point Of View


— Eles querem me matar... – Alejandro absorveu aquelas palavras com o olhar vazio.

— Eu não entendo os que os trolls querem. – Leopoldo estava inconformado.

— Eu estava conversando com a minha esposa e ela levantou uma hipótese, e se o território deles esteja escasso de recursos e por isso eles querem invadir as nossas terras. – Asher falou ganhando a atenção de todos. — Talvez seja isso, eles querem as nossas terras e ainda nos escravizar e para isso eles precisam matar o alfa da alcateia. – Essa era uma possibilidade real.

— E porque não atacaram o sul ou os nômades? Eles estão esperando tanto tempo para nós atacar? – Aimee questionou.

— No sul existem muros que cercam toda área que as pessoas vivem, para atacar o sul eles precisariam de algo para derrubar os muros. – Simas explicou.

— E os nômades, acho que eles beneficiam demais os trolls para que eles queiram entrar em conflito. – Expliquei me lembrando do que Ally havia dito. — O que nos devemos pensar é que eles não vão conseguir alcançar o objetivo deles. – Me levantei e fui até o mapa do território do norte, esticado na parede.

— Tudo bem, vamos ouvir o seu plano. – Arthur disse me olhando nos olhos.

— Essa é a entrada de acesso dos trolls ao nosso território. – Sinalizei no mapa e risquei com o giz. — Mas ainda temos mais três acessos na floresta que trazem ao território, mesmo que esse lado seja o de mais fácil acesso. Eu conto que podem haver chances de que alguns deles tentem passar por esses dois lados para nos pegar de surpresa.

— Temos que guardar essas entradas também. – Simas falou e eu concordei.


— Simas quero que você escolha um pequeno grupo e guardem essa entrada, façam armadilhas, barricadas e qualquer coisas que atrasem eles e não dê a eles chance de recuar. A ordem é para matar, não tenham piedade porque ele não terão piedade de vocês. – Simas concordou pensativo. — Arthur você faz o mesmo com essa entrada, só recuem se eu ou Alejandro chamarmos.

—E como já havíamos falado eu vou com outro grupo guardar a alcateia, vamos correr por todo o perímetro da cidade para ter certeza de que nenhum troll conseguiu passar. – Concordei com Leopoldo.

— Aimee quero que você ajude na segurança dos ômegas, sei que os alfas adolescentes também vão proteger os ômegas, mas se não conseguirmos lá eu ou Alejandro vamos te avisar. Vamos deixar as carruagens e os cavalos prontos, tirem todos do esconderijo e leve eles para o sul. – Todos menos Alejandro ficaram surpresos diante ao meu pedido. — Meu pai já está ciente de tudo, apenas leve eles para lá e meu pai vai cuidar de tudo.

— Mas... – Aimee tentou argumentar.

— Sem mais Aimee, precisamos preservar o máximo de vidas se algo sair do nosso controle. Então não pense demais, apenas faça. – Alejandro foi firme na sua decisão.


Nossa reunião foi difícil, na guerra todos precisam tomar decisões difíceis. Todos nós arriscamos por um bem maior, pelo bem da alcateia. Continuamos organizando nosso plano de contingência, se algo desse errado um plano b deveria estar engatilhado para ser executado.

Eu não conseguia imaginar a possibilidade de morrer lutando e no fim, Camila e todos os que restarem terem que viver como escravos.


— Se eu te pedisse para não ir para luta, você não ia atender o meu pedido não é? – Eu andava ao lado de Alejandro, meu sogro deu uma risada.

— Eu não seria um líder se eu fugisse da luta, o que pensariam de mim? Eu não serei um covarde só porque a minha vida está na mira dos trolls, porque se for para eu morrer, que seja lutando. – Concordei sabendo que esse era o homem mais honesto e forte que eu já conheci.

— Eu vou lutar ao seu lado, não vou conseguir olhar nos olhos da minha ômega se você morrer e eu nada fizer para impedir isso. – Como eu olharia para Camila?

— Camila entenderia, ela sabe que desde o momento que você pisou aqui, você tem feito de tudo para proteger a todos. – Meu sogro me abraçou de lado. — Alfas vão morrer, você não vai salvar a todos e eu não vou permitir que você morra no lugar de ninguém, principalmente no meu lugar. – Olhei espantada para ele. — Não me olhe desse jeito, eu reconheço uma heroína de longe. Mas eu é que te pergunto, como é que eu vou olhar para minha filha e dizer que o amor da vida dela morreu para me salvar? – Fiquei calada pois não tinha resposta. — Eu já vivi tudo que eu tinha que viver, hoje eu só desfruto do que eu sonhei e lutei para ter. Mas você não, você está começando agora. Esse fardo que você carrega não era para ser seu, ele tinha que ser meu!

— Infelizmente a gente não escolhe isso.

— Verdade, mas não será você que vai se sacrificar por mim. – Olhei nos olhos dele e vi que mesmo sabendo que tentariam matar ele, ele continuava em paz. — Essa alcateia precisa de você, o futuro dela está em suas mãos. Preciso de você viva para dar continuidade no meu trabalho, as melhorias que a alcateia precisa só você pode fazer.

— Você fala como se estivesse tranquilo e pronto para morrer. – Neguei com a cabeça.


Enquanto andávamos pela cidade, algumas pessoas nos cumprimentava ou só nos olhava com um sorriso no rosto.


— Se for a hora eu estou sim, e tudo que eu te peço é que não se culpe.


Seguimos para casa pois a notícia do nascimento do primeiro herdeiro de Demi e Selena já circulava por toda a alcateia.



Camila Cabello | Point Of View



— Ele é a cara da Demi. – Sussurrei fascinada com o aperto leve da sua mãozinha em volta do meu dedo.

— Mas ele é calminho como a Sel. – Mani falou calmamente.



Há algumas horas atrás, Selena entrará em trabalho de parto. Todo mundo ficou eufórico, como tradição da nossa alcateia ela deu a Luz com ajuda das ômegas parteiras. Foram longas horas ouvindo os gemidos e gritos dolorosos da minha cunhada, até que o choro do primogênito de Selena é Demi ecoou tão forte que nos encheu e alegria.

Era essa sensação que eu estava ansiosa para sentir, ver o pequeno pacotinho embrulhado nos braços da mãe dele, e ver como ele se sentia protegido em acalentado com Selena. Uma vontade em mim florescia, lá no fundo eu sabia o que era. Eu estava totalmente pronta para ser mãe!


— Você está tão calada... – Senti braços fortes envolvendo, suspirei relaxando.

— Estou apenas pensando no novo membro da família. – Falei deitando a cabeça no ombro da minha esposa.

— Demi até que leva jeito. – Ri com a minha alfa e concordei.

— Ela só precisava de um empurrãozinho. – Falei observando minha irmã carregar seu bebê nos braços.

— Logo mais seremos nós. – Olhei surpresa para minha alfa. — O que foi? – Ela notou meu espanto.

— Pensei que não fosse querer ter um bebê por agora. – Comentei meio sem graça.

— Primeiro teremos que construir nossa casa, não quero que nosso bebê não tenha um teto para morar. – Sorri do exagero dela.

— Eu te amo Lo. – Dei um selinho nela.

— Eu casal venham pegar o sobrinho de vocês. – Demi nos chamou.


Lauren foi a primeira a pegar o pequeno pacotinho nos braços, fiquei toda boba com a sua destreza em carregar o bebê. Minhas alfa ficou babando no sobrinho enquanto o mesmo estava ocupado em apertar o dedo dela com toda a força que dispunha.


— Como ele vai se chamar? – Perguntei vendo Lauren ninar o pequeno.

— Ele vai se chamar Alejandro, como meu pai. – Demi falou olhando para o nosso pai que se emocionou.

— É um nome forte para um garoto forte. – Lauren falou baixinho. — Ouvi isso bebê? Você vai ter o mesmo nome que o seu avô, por isso vai ser tão forte, honesto, bondoso e brilhante quando o seu avô. Prevejo grandes coisas para você pequeno, seja bem-vindo a esse mundo. – Lauren beijou delicadamente a testa do Alezinho.


Todos estávamos emocionados com as palavra da minha alfa, principalmente meu pai que deixava algumas lágrimas escaparem pelo seu rosto.


×××


— Papai estava tão emotivo lá em cima. – Dinah comentou risonha.

— É o primeiro neto dele, normal que se emocione. – Mani o defendeu.

— Mas nada se compara com a cara de retardada da Demi. – Harry falou rindo.

— Eu não vou rir porque sei que quando a minha vez chegar eu vou ficar igualzinho a ela. – Lauren disse meio envergonhada.


Estávamos todos jantando na taberna em comemoração ao nascimento do nosso primeiro sobrinho, a taberna estava cheia que mal consegui conversar direito com Taylor.


— Um brinde ao Alezinho. – Harry levantou o copo e todos brindamos.



Seguimos jantando e no final da noite fomos caminhando de volta para casa rindo e conversando alto, ligeiramente alterados pelo álcool. Quando chegamos nos despedimos e cada um foi para um lado, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela me puxou para ela.

Abracei ela pelos ombros e colei nossas testas, roçando nossos narizes com carinho. A brisa da noite cortava nossos corpos, balançando nossos cabelos e ela passou nos balançar como se tivéssemos dançando. Minha alfa se  inclinou um pouco o rosto e selou nossos lábios devagar, suspiramos juntas com o contato. Meu coração fraquejou por uns segundos e logo acelerou, as borboletas faziam festa no meu estômago. Lauren abraçou minha cintura e abriu os lábios, aproveitei pra introduzir minha língua na sua boca e explorá-la com calma, degustando o gosto de vinho. Segurei sua nuca e aprofundei nosso beijo. Minha esposa mordeu meu lábio e o sugou em seguida, suspirei sentindo meu corpo reagir ao ato.


— Mas que pouca vergonha é essa? – Me assustei com a voz repentina da minha mãe.

— Sinu. – Meu pai repreendeu a atitude da minha mãe.

— Boa noite. – Lauren não me soltou em momento algum. — Era apenas um beijo, Sinu. Como duas pessoas casadas que se amam, beijar é natural. – Lauren respondeu minha a mãe na maior naturalidade.

— Mas fazer isso em qualquer lugar para todo mundo ver, você está vulgarizando a minha filha. – Minha mãe protestou.

— Eu jamais iria expor sua filha ao ridículo, não tinha ninguém aqui para ver e volto a repetir, era só um beijo. – Lauren bufou irritada.

— Bom, a gente já vai entrando. Boa noite pai, boa noite mãe. – Sai puxando Lauren para dentro de casa antes que a discussão aumentasse.


Entramos em silêncio e assim ficamos enquanto nos preparavam os para dormir, preferi não dizer nada para não acabar causando uma briga entre mim e Lauren. Mas eu preciso pensar em formas de fazer a minha mãe parar com essa implicância sem fundamento com a minha esposa. Se até Harry está se dando bem com Lauren e já aceitou que ela é a melhor escolha para líder da alcateia, porque ela ainda insiste em continuar com toda essa implicância?

Winter Of Wolfes - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora