Lauren Jauregui | Point Of View
Não sei exatamente o porquê de estar me sentindo assim, mas nos últimos dias eu sinto que tem muita coisa acontecendo pelas minhas costas. Definitivamente eu não sei se é apenas uma paranoia da minha cabeça, que está em modo defencivo a tanto tempo que passa estranhar quando tudo está aparentemente calmo. Ou se realmente existem coisas acontecendo e eu não tenho o conhecimento do que é, e essa possibilidade não me agrada nem um pouco.
A começar por Camila, faz dias que sinto que ela não está bem. Vejo minha esposa longe da família, passando mais tempo trancada dentro do quarto. Vejo sua feição entristecida, tentei falar com ela diversas vezes, mas a mesma não está pronta para se abrir comigo então eu tento não ficar insistindo tanto.
E por último e não menos importante, Louis pensa que me engana, mas eu vejo em seus olhos e no seu comportamento comigo. Ele está me escondendo algo, não sei exatamente o que acontece, mas eu aposto que deva ter algum alfa envolvido nisso. Sinceramente eu só espero que esse alfa não seja o Harry, a minha relação com meu cunhado está momentaneamente apaziguada e não quero que esse momento de trégua seja quebrado por mim.
— Atrapalho? – Olhei para o lado e vi Selena se sentando ao meu lado.
— Não, tudo bem. Eu estou apenas observando a chuva. – Falei voltando a observar a chuva forte pela janela.
— Eu queria te agradecer. – Selena disse eu a encarei sem entender. — Não faça essa cara, Demi disse que você conversou muito com ela e que deu muitos conselhos. – Assenti e ela sorriu. — Obrigada Laur, não sei o que você disse, mas eu vejo que tem surtido efeito.
— Demi estava com medo, Selena. Eu entendo ela, também tive medo quando cheguei aqui. – Falei suspirando. — Ser alfa não quer dizer que nós não temos fraqueza ou medos... – Ela assentiu.
— Por isso dei uma nova chance para ela, eu sei que Demi tem um longo caminho para percorrer quando o assunto é maturidade. Eu me casei com ela ciente disso, mas agora temos um bebê a caminho e tenho que pensar primeiro no bem estar dele. – Ela colocou a mão na barriga.
— Eu pedi Alejandro que separasse um espaço próximo aonde vou construir minha casa com Camila, para você e Demi. – Expliquei. — Penso que tanto eu e Camila como vocês duas, vamos poder nos apoiar e ajudar na adaptação nessa nova fase. – Seria uma nova etapa para todas nós, com certeza vamos passar pelas mesmas dificuldades.
Vi Selena olhar atrás de mim e sorrir, no segundo seguinte os braços finos e quentinhos da minha ômega abraçando meu pescoço e seu corpo deslizou se sentando no meu colo. Olhei para Camila e ela sorriu sem mostrar os dentes, seu rosto meio abatido me mostrava que ela ainda não estava bem. Suspirei me sentindo impotente com essa situação, abracei sua cintura com carinho.
— Amor olha o que eu mandei fazer para o nosso filhote. – Ouvi Demi chamar pela esposa, mas não olhei em direção a alfa. Minha atenção era toda da minha ômega, nada era mais importante do que ela e do que encontrar uma forma de fazer ela ficar bem.
— Deixa eu ir lá ver o que essa alfa está aprontando. – O tom dela era brincalhão.
Selena se levantou e saiu deixando nós duas dentro da nossa bolha.
— Acho que precisamos conversar... – Ela disse baixinho.
— Tudo bem. – Ajeitei o cabelo dela atrás da sua orelha. — Mas antes vamos na cozinha, você apenas almoçou e não é legal ficar sem comer por tanto tempo. – Me levantei com ela no colo causando um leve susto.
Levei Camila para cozinha e Sabá fez questão de parar tudo que estava fazendo para preparar um lanche para a sua menina, enquanto a mesma preparar o lanche da minha ômega ela conversava animadamente tentando animar mais Camila.
E pelo visto surtiu muito efeito, quando Sabá entregou o lanche para Camila a minha omega parecia estar faminta. Comeu seu sanduíche e bebeu todo o suco deixando a mim e a ômega mais velha, satisfeitas. Ficamos mais um pouco conversando com Sabá e as outras ômega que estavam na cozinha, e logo Camila pediu para subirmos para o nosso quarto.
— Pronto, agora podemos conversar. – Me sentei na cama de frente para minha esposa.
— Eu tive uma conversa com meus pais que me deixou bastante chateada. – Ela falou olhando para baixo.
— Vocês brigaram? – Perguntei já me preparando para o que quer que seja.
— Meu pai disse que vai aceitar a possibilidade se os conselheiros quiserem que você seja o alfa sucessor dele. – Confesso que não estava surpresa. — Ele disse que estava cogitando essa possibilidade, já que desde sempre Harry e as minhas irmãs nunca demonstraram ter maturidade para ocupar o cargo de liderança na alcateia. – Tudo bem agora eu estava surpresa.
— Amor, eu não quero tomar o lugar de direito de Harry. Não quero que as pessoas julguem que eu vim para cá com esse objetivo, vão pensar que tudo não passou de um plano para minha raça tomar o poder. Me tornar líder da alcateia, é uma grande responsabilidade, não sei se eu estou pronta para isso. – Era uma grande responsabilidade, um peso. Com certeza eu seria muito mal julgada.
— Isso prova o quanto você está pronta amor, se você diz que não está pronta mesmo tendo tanta responsabilidade e cumprindo com elas com tanta eficácia. Meus irmãos, principalmente Harry que tem direito por ser primogênito, está preparado para assumir a alcateia? – Camila me questionou me olhando nos olhos. — E quanto aos julgamentos, esqueça. As pessoas do norte te amam Lauren. Todos aqui confiam em você, e sabem que você é uma nortenha como qualquer outra.
— Mas o que exatamente te deixou tão chateada, ao ponto de te fazer ficar tão prostrada? – Perguntei tentando mudar o assunto, não queria pensar nisso por hora.
— Foi o que minha mãe disse depois que meu pai falou sobre o pensamento dele. – Ela puxou o ar com força e soltou com pesar. — Ela disse que meu pai deveria passar a liderança para alguém da família. – Camila me olho com os olhos cheios de lágrima.
Saber que Sinu não me considerava da família foi um novidade e tanto, já que a mais velha sempre foi tão cordial e sempre repreendeu Harry pelas suas ofensas a mim e minha raça. Certa vez até não concordou com o filho quando o mesmo disse que eu não era da família, e pelo visto era tudo fachada e ela concorda com ela.
— Entendo... – Murmurei indecisa sobre o que dizer.
— Me desculpa amor, me perdoa. Mas nenhum que pense tão mal de você merece que você esteja aqui se doando tanto por eles. Eu estou decepcionada e envergonhada por saber que duas pessoas da minha família pensem assim de você, eu me sinto tão mal por isso. – Camila começou a chorar e falar de uma só fez.
Eu puxei minha ômega para mim e deixei ela chorar, eu sentia sua dor e seu pesar. Apertei ela em meus braços sentindo a dor dela em mim tão sufocante, que eu chorei abraçada a ela. Esse era um fardo que teríamos que carregar juntas, mesmo que fosse da minha vontade tirar o peso dela e por em mim.
— Vai ficar tudo bem, calma... – Falei baixinho embalando o seu corpo como se tivesse ninando um bebê.
Pedir a noção do tempo ali com Camila em meus braços, ela foi se acalmando aos poucos e quando parou de chorar não deu sinais de que me soltaria. Saí da nossa bolha quando notei que era noite e o quarto estava todo escuro e a chuva cada vez mais forte com muito trovões.
— Casal o jantar está servido, venham comer. – Ouvi Sofia falar alto atrás da porta.
— Estamos indo Sofi. – Falei alto.
— Vamos lavar o resto e descer. – Camila falou me soltando.
Fomos ao banheiro e lavamos nossos rostos e já recompostas, saímos do quarto de mão dadas. Antes de descer a escada eu puxei levemente ela e a abracei com carinho, me afastei um pouco e tomei seus lábios em um beijo lento e carinhoso.
— Quando a guerra passar nós vamos construir nossa casa, tudo vai se ajeitar. Eu prometo... – Falei segurando seu rosto entre minhas mãos, ela assentiu sorrindo levemente.
— Eu amo você Lo, você é minha família. – Ela disse me fazendo sorrir e dar vários selinhos em seu rosto fazendo ela rir.
×××
Derretendo, essa era a minha descrição do momento, misericórdia como esse lugar faz calor. E treinar nesse calor piora ainda mais as coisas, eu estava sem camisa apenas de top e mesmo assim não estava resolvendo a situação. Olhei para o lado com a respiração ofegante, vi meus amigos deitados no chão exaustos como meu enquanto Dinah e Demi riam da gente como se o calor fosse algo normal para ela.
— É a primeira vez que eu vejo vocês com alguma cor. – Dinah zombou.
— Eu estou pegando fogo, provavelmente toda queimada. – Vero resmungou se levantando.
— Vamos encerrar por hoje, preciso de um banho e reunir com meu irmão e os pais de Selena. Amanhã quero todos reunidos logo cedo, vamos ajudar na distribuição das roupas. – Falei alto para todos os alfas.
Sai deixando todo ali e caminhei até Alejandro que estava com Simas nos observando de longe, me aproximei dos dois e eles tinham expressões risonhas para mim.
— Acredito que o sol não gosta muito de você... – Simas falou rindo.
— Vocês não deviam rir da minha situação. – Fiz carreta ao ver que até meus braços estavam vermelhos.
— Como estamos indo com o treinamento? – Alejandro perguntou.
— Vamos conseguir, nossa guarda agora está mais forte e organizada.
Olhei em volta vendo os alfas espalhados pelo centro de treinamento, finalmente eu estava com total certeza de que agora tudo estava pronto.
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Winter Of Wolfes - ABO
FanfictionApós a revelação de uma vidente, Alejandro o líder da aldeia do norte, começa a temer a chegada do inverno e o ataque de um inimigo poderoso. Para proteger a sua aldeia dos perigos que estavam por vir, ele vai até aldeia do sul propor uma aliança pa...