Capítulo 60

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 Acordei no dia seguinte no mesmo horário de sempre e fiquei deitada na cama um tempo pensando no que tinha acontecido na noite anterior. Não... Não tinha sido a bebida, eu não tinha bebido desse jeito, o máximo que fiz foi dar pequenos goles nos vinhos para sentir o sabor, eu nem podia. EU beijei o Giorgio, eu senti desejo por ele... Mas o que eu sentia? Será que eu estava o usando para esquecer o Enzo e suprir minha necessidade de ser desejada, ou eu realmente gostava dele?

 Bom, ele não fazia eu me sentir feia - pelo contrário, a questão das minhas cicatrizes na visão dele eram até bonitas e dignas de serem expostas - ele era divertido, me provocava na maior parte do tempo só que de um jeito instigante e vinha sendo um ótimo professor e ótimo aluno, além de sempre ter me respeitado. Passei as mãos no rosto angustiada por que eu não conseguia me responder naquele momento e me levantei, colocando uma legue, tênis e um top, e descendo para a aula de luta. Meu pai estava passando o café e me beijou, eu não tomei café pois por ter ficado tempo demais na cama pensando, eu acabaria me atrasando pra aula. Fui para o ponto do dia anterior e Piet já estava lá, e Giorgio sentado na árvore, ele me mandou um oi com a mão e eu sorri rapidamente sentindo meu coração disparar. DROGA, aquele sentimento de novo... por outra pessoa. 

- Está atrasada! - Costa falou rígido e eu suspirei. 

- Fui dormir tarde ontem. 

- Não importa o que fez, pode ser que isso aqui seja a sua sobrevivência um dia. - Fechei os olhos ficando irritada. - Você vai primeiro. - Mandou e eu me coloquei no meio de todos eles. Começamos a lutar e levei alguns golpes, os que eu geralmente desvio, e fiquei mais nervosa. E se ele quisesse só me usar? E se ele fizesse igual fez com as outras meninas? Senti uma dor no rosto e coloquei a mão, sentindo um corte na minha testa, olhei para Stefan que tinha me golpeado e ele levantou as mãos como se mostrasse que era só o trabalho dele. - Você está distraída, pare de pensar, tem que agir. - Esvaziei a mente e voltei a lutar, ao final me sentei no chão recuperando o ar e olhei para Stefan que tocou a sobrancelha também sangrando. 

- Esse eu mereci. - Disse me entregando uma bolsa de gelo e colocando uma em seu rosto, eu ri.

- Por que vocês escolheram essa profissão cara, vocês são doidos. - Bebi água e ele deu de ombros. 

- Cada um canaliza sua dor e sua raiva de um jeito, é agressivo mas funciona. - Eu concordei sabendo exatamente do que ele estava dizendo e fui em direção a Giorgio. 

- Só vou me limpar e trocar de roupa e começamos. - Ele assentiu e fui até o meu quarto, joguei uma água no corpo rapidamente e coloquei um shorts, a bota e o chapéu que eu havia ganho no dia anterior. Coloquei um curativo pequeno no corte da sobrancelha e desci as escadas, tomando café rápido e saindo da casa. Fui até o celeiro, onde cuidaríamos dos porcos e Giorgio já estava lá dando comida a eles. 

- Pode dar leite pros bebês? - Perguntou e eu assenti animada e dando pulinhos, o que fez ele rir. Peguei o primeiro e sentei, o colocando no meu colo e dando a mamadeira. Um por um, até que o décimo primeiro foi alimentado. Fiquei conversando coisas aleatórias com Giorgio e depois ele me ensinou a dar banho nas vacas e nos bois, quando acabamos, estávamos um pouco molhados e rindo muito. 

- Você ta quase competindo com o chifre desse boi. - Ele brincou e eu o olhei indignada, lhe dando um tapinha. 

- Você é horrível caipira! - Ele gargalhou e chegou perto de mim, coloquei a mão em seu peito e o afastei. - Nós temos que conversar. - Ele olhou pra fora parecendo pensar e depois me olhou. 

- É agora que você me da um fora? 

- Eu não quero te usar. - Ele não pareceu abalado e eu o olhei desentendida. - Não vai ficar chateado por achar que eu te beijei por estar te usando? - Ele coçou a testa e encostou na madeira do celeiro. 

O Destino me Aguarda - O FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora