O Destino me Aguarda - O Final

Capítulo 31

- Elizabeth vocês estão sendo completamente tóxicos um para o outro. - Falei quando ela terminou de contar. 

- Não me venha com essa, você acha que eu não sei? - Ela perguntou irritada e pela primeira vez vi Elizabeth realmente brava e diria até que puta da vida. - Os meus pais estão separados por que ele estava traindo a minha mãe a meses. Ele mudou do vinho pra água em questão de semanas comigo e com ela... Eu mal vejo a cara do meu pai a dois meses e ele acha que pode vir exigir alguma coisa. Cheguei em um limite que achei que jamais iria chegar e tudo me da raiva e me deixa mal, então não me venha dizer que eu sou tóxica e ele também, por que eu não to nem aí, já que ele é a única válvula de escape que eu tenho que não seja a música e o teatro. - Ela terminou falando alto e eu fechei a boca não querendo - e nem tendo capacidade - de dizer qualquer coisa a mais. 

- Liz calma, a Emily só ta tentando ajudar. - Ka falou e ela respirou fundo, fechando os olhos e deixando uma lágrima escorrer. 

- Já tem muita gente dando palpite no meu relacionamento. 

- Elizabeth não estamos dando palpite! Somos suas amigas, diferente de algumas que você acha que também são. Estamos tentando te ajudar e te orientar, não falamos nada por mal, mas se você prefere pensar assim, okay. Fique com a opinião das suas amiguinhas. - Lian falou do jeito bem grosso dela e Liz desviou o olhar deixando mais algumas lágrimas caírem. Meu coração se apertou, já que ela estava bem mal e isso não era só visível no olhar, mas como no corpo também. No momento em que tinha batido os olhos nela percebi o corpo magro - o que era um absurdo, já que ela já era magra naturalmente -, a pele desnutrida com manchas de estresse e ela poderia até estar anêmica e o cabelo que antes era de um loiro vivo e brilhante, agora estava completamente opaco. 

- Liz... - Me levantei e fui até ela, me sentando e passando os braços por ela, que me abraçou e chorou mais. As meninas vieram até nós e ficaram segurando a mão dela, e fazendo carinho em sua cabeça. 

- Me desculpa meninas, é só que... - Ela pediu chorando mais. - Ai eu não sei. Os meus pais... 

- Shhhhh. - Eu fiz e sequei suas lágrimas. - Não tem problema chorar unicórniozinha... seus pais eram felizes e de repente tudo mudou, não tem problema sentir um luto grande por causa disso. Eu te entendo completamente, você sabe disso. - Falei e ela assentiu que sim chorando mais e me abraçou de novo. 

- Agora eu entendo por que você fez aquilo quando foram seus pais e o acúmulo de outras. - Disse com mágoa e até um pouco de frieza na voz, e eu arrepiei. 

- Foi o maior erro da minha vida. - Falei e ela me encarou. - Não é a solução e muito menos vale a pena. - Lancei aquele olhar de quem dizia "acredite em mim e NÃO faça" e ela assentiu de novo, ficando envergonhada pela ideia ter passado por um minuto sequer pela sua cabeça. - Olha... Não vai ser fácil, não vai ser rápido e nem vai deixar de ser doloroso passar por toda essa transição, mas se aconteceu, pode ter certeza que foi para o melhor da sua mãe e seu também. Ele não vai deixar de ser seu pai Liz, ele vai continuar indo nas suas coisas se não for um completo babaca. - Ela riu fracamente. 

- Menina melhor ter os pais separados do que nunca nem ter visto seu pai. - Karen falou olhando para as unhas e nós a olhamos. - Relaxa gente, já superei o doador de esperma. Não me faz mais falta... meu padastro é meu verdadeiro pai. - Terminou sorrindo e nós rimos pela comparação as vezes um pouco "pesadas" que fazíamos e Liz respirou fundo. 

- Foi bom ter saído do Brasil. Espero que eu volte mais acostumada com a ideia. 

- Isso leva um tempo, mas você vai sobreviver. - Ela riu de novo. - Não deixe isso abalar seus sonhos... - Ela assentiu sorrindo daquele jeitinho que eu sabia que estava me escutando. - E muito menos sua saúde Elizabeth, eu vou te engordar nessas férias por que o vento ta quase te levando. - Ela gargalhou e concordou.