O Destino me Aguarda - O Final

Capítulo 49

- Ai eu falei assim pra ela que se eles continuassem insistindo naquilo, os dois só se machucariam mais ainda. A situação não ajuda, já que os dois se veem todos os dias no colégio e tals, mas eles sabiam desde o começo que seria daquele jeito. Ela já tem alguém prometido, e... eu só não quero ver meus dois amigos tristes. A Kenia foi a primeira pessoa que quis fazer amizade comigo sem que fosse apresentada por vocês... 

- Emi, sei que você está chateada pelos dois, eu também estou. Eles são legais como casal, mas foi como você disse, eles sabiam desde o começo que seria assim e por mais difícil que seja, acho que eles devem cortar essa parte da relação desde já, ano que vem a Kenia já faz 18 e ela se casa no mesmo dia, é tradição. - Enzo falou enquanto conversávamos sentados na minha cama e eu suspirei. 

- Por que não podem fazer novas tradições? E se ela quisesse assumir sozinha? 

- Sabemos que infelizmente não é desse jeito, alguns países precisam manter suas tradições para manter sua identidade como cultura e é difícil de nós entendermos isso pois não fazemos parte da mesma, não sei como você está tão tranquila em relação a ter que se casar no máximo até 21 anos. Quando estávamos no Brasil e você ainda não sabia a verdade, você falava tanto sobre só se casar com uns 25, 27 anos. 

- Era diferente Enzo, eu não tinha a "vida ganha". Até então eu ia pra faculdade ralar, arrumar um emprego, conhecer alguém legal e tentar chegar a uma estabilidade financeira o mais cedo possível pra poder realizar meus sonhos, casar e ter filhos sem me preocupar com o amanhã. Hoje eu posso conhecer os lugares do mundo que eu quiser a qualquer momento que sei que não vai me faltar dinheiro... E é com você que vou me casar, isso muda tudo. - Falei a última parte sem graça e ele beijou minha mão me puxando pra ele. Eu gostava de sentir aquelas coisas por ele, mas odiava me sentir tão vulnerável perto dele, só conseguia pois eu queria acreditar que ele sempre estaria ali e nada daria errado enquanto nós dois nos amassássemos, mas o que eu não tinha aprendido ainda, ou não queria admitir, é que só amor, não sustenta uma relação. 

[...]

- Eu não aguento mais isso aqui! - Jack falou quando eu perguntei pela chamada de vídeo como a faculdade estava e ele colocou as mãos nos olhos, levando até o cabelo e os puxando. 

- Ei, calma aí, não desconte no seu cabelo. Eu não fico hidratando ele pra você vir e arrancar no meio de um surto. - James falou para o irmão enquanto tirava suas mãos do cabelo e Jack o encarou irritado. 

- O que aconteceu? Pensei que estivesse feliz em Harvard. - Era uma terça-feira de tarde e eu tinha acabado de sair do treino de luta junto com Pietro que agora tomava banho em seu banheiro, enquanto eu estava deitada em sua cama sem coragem de ir também por causa de uma dor no braço pelo golpe que eu levei. 

- Fique seis meses em Harvard e descubra que você não quer fazer faculdade. Deus, por que não nasci com talento pra arte? Poderia estar agora, na minha casinha, sofrendo por um bloqueio criativo e não por que não consigo decorar as misérias das artérias do nosso corpo, negócio imprestável. - Jack respondeu e choramingou. - Eu só queria meu diploma, por que eu não nasci já com o dom de operar? 

- Okay, tudo bem... Vai tomar um banho que hoje nós vamos matar aula. 

- O que? Ta maluco? Eu tenho que decorar o nome de cada artéria do pescoço. 

- Ótimo, fazemos isso enquanto jogamos bilhar e já uso você como minha pesquisa, "como a faculdade influência na saúde mental do estudante e seus surtos". - James brincou fazendo um gesto de formar uma frase no ar e eu ri. 

- Jack, vá descansar um pouco. Se você quer ser médico precisa cuidar de você também. - Eu falei e ele olhou para a tela do computador. 

- Essa é a frase mais clichê que existe.