O Destino me Aguarda - O Final

Capítulo 73

  Vic passou a ficar hospedada na minha casa durante a semana por conta do colégio - quase igual a Aaron - e pela primeira vez, comecei a passar mais tempo com uma mulher do que com homens. Ela era engraçadíssima, e empolgada com tudo, ainda mais que o tratamento estava dando certo e o médico havia dito que logo conseguiria andar com a ajuda de muletas. Quando ela se "mudou" para a minha casa, insistiu que ficasse em um quarto no andar de baixo, já que ela ainda tinha que movimentar com a cadeira de rodas, mas eu neguei e mandei que fizessem uma rampa na segunda escada que tinha no hall de entrada. Assim, ela passou a dormir em um quarto do lado do meu e passou a ter o mesmo hábito de Piet, não bater na porta. Mas eu nem me importava, até por que eu não tinha nada a esconder. 

- Você não vai acreditar no que aconteceu hoje! - Ela disse empolgada entrando no meu quarto quando voltou do colégio e eu já me sentei animada. Ela me contava todas as coisas que vinham acontecendo de novo no colégio desde que eu tinha saído, e todas as aulas novas que podia participar, e até um clube que ela havia formado em especial para pessoas com deficiência - até por que nosso colégio era caro mas faltava inclusão. Ela continuou contando e fiquei entretida no assunto, até que parei de prestar atenção em certo ponto. O cabelo dela estava tão bonito, ela tinha começado a usar alguns laços e lenços, e ficava horas cuidando do cabelo para que ficasse o cacheado que ela tanto gostava. Além de ela sempre passar uma maquiagem básica pra ir pro colégio, eu queria ter sido assim... Céus, ela fica tão linda com esse batom rosa... e a boca dela... e o perfume? Era um doce suave e marcante. EMILY, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? VICTÓRIA É SUA AMIGA. Voltei pra realidade no momento em que ela falou "Lexi" e a encarei. 

- O que você disse? - Ela me olhou parecendo perceber que ela era daquele tipo de pessoa que a gente não falava e ela se fez de desentendida. 

- Bom... eu disse que fiz um trabalho com ela e bem... ela foi bem legal. 

- Lexi legal? 

- Emily ela só tem catorze anos, é da minha turma de eletrônicos e uma das mais inteligentes, o que eu posso fazer se ela fez o que fez? Inclusive, ela nem está com o Enzo. - Me forcei para não prender a mão na coberta e só fechei a expressão. - Amiga, me desculpa... eu sei de tudo que ela fez, e eu não vou me tornar melhor amiga dela, só que somos do mesmo colégio, temos algumas aulas juntas... não posso evitar se um professor manda. - Vic pareceu um pouco arrependida e eu neguei, suspirando.

- Você está certa, eu exagerei. - Ela sorriu e eu sorri de volta. - Eu preciso te contar sobre um novo bolsista, e sim, vai parecer muito Elite, mas ele é uma graça e super educado. Além de extremamente inteligente, não é possível que ele não seja dotado. - Recomeçou a falar empolgada olhando para a tela do celular e começando a me mostrar o perfil do Instagram dele, e ela sorria tanto contando que eles são da mesma turma de cálculo, que eu comecei a perceber que eu tinha um problema. Quando percebi que eu queria que aquele sorrido, fosse por mim, mas não como amiga, como algo a mais. 

[...]

- Okay... okay... Deus, agora entendo por que você está aqui de sexta, você nunca vem de sexta. - Piet falou sentado em cima da minha mesa no prédio da loja. As coisas por ali eram agitadas, pessoas conversando alto por todo lugar, música alta dos cantores mais famosos do mundo todo, pessoas pra lá e pra cá, rindo, discutindo ideias, e quem queria mais silêncio, tínhamos uma sala especialmente para isso. Além de sala de jogos, de soneca, uma mini creche para as mães e os pais que não queriam trabalhar em casa e deixar os filhos em outros lugares, uma mini praça de alimentação e alguns jardins, e salas de reunião. - Sorella, é normal se apaixonar por alguém hétero. É quase lei pra toda pessoa que não é heterossexual. 

- Pietro mas eu não quero! Como vou fazer isso? Victória mora com a gente a semana toda, além de toda vez que nossos pais nos liberam, ela fica comigo o resto do tempo. Não da pra superar alguém que mora com você. E agora ela só fica falando daquele bolsista, não gosto daquele menino. - Encostei com raiva na cadeira.