Capítulo 45

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- Eu não quero ir embora, não posso! Me contratem, eu posso ser qualquer coisa, até a pessoa que lambe o chão pra limpar. - Lian implorou para os meus pais que riram.

- Lian meu bem você tem família e escola, e não temos alguém que lambe nosso chão. - Meu pai respondeu docemente ainda achando graça por ter que a segurar nos ombros como se desse um conselho.

- Mas parece por que aquele chão é incrivelmente limpo e brilhante. - Lian respondeu parecendo surpresa e eu ri. - Mas tudo bem, eu vou. Mas eu vou volto hein.

- Voltem quando quiser, nós amamos ter vocês aqui. - Minha mãe respondeu olhando para todos os meus amigos ali.

- Ainda bem que fiz conteúdo para os próximos seis meses, comprei maquiagens pra testar, uma beleza, agora eu fico famosa. - Ela falou para si mesma e eu ri de novo. Decidiram que me dariam um abraço demorado cada um ainda no Palácio, pois no aeroporto pareceria no dia da minha mudança e aquilo me doeria demais.

- Eu amei conhecer vocês. - Tati falou abraçada a Karina e todos confraternizaram uma última vez ao ouvirem ambos os voos serem anunciados, um com destino a Los Angeles e outro com destino ao Brasil.

- Obrigado por tudo. - Lele agradeceu por fim olhando para mim, Piet e para os meus pais e quando eles começaram a subir a escada rolante e olharam para nós uma última vez e nós acenamos, e sumiram. Olhei para Pietro que me encarou também parecendo melancólico e segurei sua mão.

- Me recuso a chorar. - Ele riu e meus pais nos abraçaram e nos guiaram em direção a saída, e entramos no carro voltando para a rotina de antes.

[...]

Depois da partida deles, as aulas não demoraram a voltar e daquela vez a ida parecia mais chata sem os meninos no carro. E na escola também. Kenia, Aaron e Vic (que finalmente convenceu os pais de ir estudar com Aaron) eram quem me animavam, e eu passava os almoços rindo dos irmãos que ficavam falando mal um do outro todos os dias e todos os momentos possíveis.

Enzo e Luca continuaram indo todos os finais de semana e feriados para o Palácio, exceto quando tinham algum imprevisto inadiável - que eram poucos - e não conseguiam. Tanto a minha, quanto a relação de Piet não mudaram, e ficávamos aliviados por causa disso. Anna a cada dia que passava crescia mais e se tornava uma garotinha linda e animada, que enchia o irmão de orgulho.

Eu, Pietro e Giovanna continuamos trabalhando na loja de roupas online e o dinheiro já estava conseguindo colocar nossa escola para cima, dali a poucos meses teríamos uma escola para as pessoas de rua - adultos, crianças e jovens - poderem estudar e se especializar, com o intuito de os colocarem no mercado de trabalho ou faculdade, além de proporcionar moradia a eles com sistema de apartamentos conjunto e todos trabalhando dentro dessa comunidade de alguma forma como se fosse um tipo de "aluguel". O projeto visava alcançar milhares de pessoas e nós estávamos otimistas.

Meus pais brasileiros e meus irmãos também deram alguns passos importantes naqueles meses seguintes. Os J's foram para Harvard e começaram os estudos, quase não tinham mais tempo, mas sempre que conseguiam me ligavam. Meu pai colocou a nossa antiga casa para alugar e ele e Angélica tinham comprado um apartamento pequeno só para os dois. Doutor Alexandre se mudou de vez para a casa da minha mãe e os dois já estavam com data marcada do casamento para janeiro do ano que vem. Minha irmã Luísa ainda estava tentando engravidar, após uma tentativa com aborto espontâneo, ela ficou triste por alguns dias mas logo voltou a tentar depois de algumas semanas. Meu irmão Gustavo tinha conhecido uma mulher chamada Damares e eles pareciam estar indo bem, mas como ele mesmo diz, não podia ser chamado de namoro.

Meus avós continuaram no Palácio e todo dia era uma brincadeira diferente com eles, exceto quando o vovô Filipi se sentia mal e não saia da cama, mas ao final do dia ele sempre dava um jeitinho de ir comigo para a estufa cuidar das plantas e das flores, mesmo sob meus protestos. Ele havia me dado no início um vaso com sementes de girassóis plantadas e disse que aquele seria meu "start", e as flores cresciam a cada dia que passava e logo ele estava me dando mais vasos para cuidar e descobrir que eu conseguia cuidar de um ser vivo daqueles, me deixou animada. Fomos todos ao Coachella juntos e encontramos com todo o pessoal de L.A, o que foi muito divertido, e pude ver o rascunho de como meus avós foram animados um dia; eles aguentaram todos os shows e todos dias, sentados em alguns? sim, mas aguentaram. Mas isso foi antes de meu avô começar a quimioterapia, depois disso ele só andava sem cadeira de rodas pois era teimoso.

O Destino me Aguarda - O FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora