Capítulo Dezenove

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—Não existem reis entre os piratas. — Afirmou Conan, seus olhos estavam cheios de uma raiva antiga — nossos ancestrais se livraram deles há séculos.

O ser de olhos prata continuou sorrindo e encarou o lorde pirata.

—Sei muito bem o que seus ancestrais fizeram, os observei por décadas enquanto tentavam controlar os mares. — Caminhou até bem perto de Conan enquanto Deoric observava cada movimento, atento e preocupado. — Mas eu não serei um Rei como foram os antigos navegantes do oceano. Eu os farei triunfar.

Conan piscou e Catarina pode ver um pouco de interesse em seus olhos, o homem também notou e seu sorriso macabro aumentou.

—Eu provarei a vocês.

Andou alguns passos para trás e abriu os braços e nesse momento duas figuras entraram no salão arrastando uma mulher pelos braços. Catarina engoliu em seco ao perceber quem era.

Victoria tinha os cabelos embaraçados e se debatia nos braços dos dois homens que a seguravam. Homens do Olho da Tempestade, o navio de Ordell. Logo atrás vinha Cedrick, com a cabeça coberta por um saco preto, mas era ele, sem dúvida. Vinha sendo puxado também e sua cabeça tentava buscar por informações de onde estava e de sua irmã.

Foram levados até o meio do salão e obrigados a parar de frente aos capitães piratas e o auto intitulado rei. Os dois marujos que os traziam os fizeram ajoelhar. Cedrick xingou e virou a cabeça com violência para Victoria que havia soltado um grito.

—Vic —chamou ele, a voz preocupada e grossa —Vic vai ficar tudo bem.

Victoria apenas fitou o saco que protegia a cabeça do irmão, as lágrimas criando rastros na sujeira que marcava seu belo rosto.

—Tomei a liberdade de pegar emprestado esses dois convidados de seu navio, Smith, espero que não fique perturbado.

O coração de Catarina bateu ainda mais forte ao notar a aparência do pai, se eles haviam tomado os prisioneiros, isso queria dizer que os traidores estavam no Sussurro.

Jake, Leon e os outros inocentes que não faziam ideia do que estava acontecendo.

—Beove — murmurou ela, fitando o homem no fundo dos olhos —seja lá o que ele te prometeu, você é um Smith...

—Calada — disse o pirata e afundou as mãos no seu braço — o Deus Rei não me impediu de te causar dor quando quisesse, garota sem dom, não teste minha paciência.

Antes que pudesse pensar em qualquer resposta escutou a voz de Victoria ressoar pelo navio.

—Você ... eu sei quem é você. — Ela fitava o homem incrédula, seu maxilar tremia e involuntariamente a continental deu um passo na direção do Deus Rei.

Ele a olhava, analisando cada um dos seus movimentos.

—Vi seu rosto em um quadro no castelo — continuou Victoria como se tentasse montar uma peça de um quebra cabeça interminável. — Você é um de nós. Eu vi seu retrato — repetiu Victoria —você morreu no mar. Capitão... Mave Blackwood.

O rosto sorridente do homem se desfez e em seu lugar surgiu uma careta de repulsa e Victoria finalmente parou, seus olhos se arregalaram. Ele caminhou lentamente até ela e tocou seu rosto, ela não se moveu, nem mesmo piscou.

— Victoria — murmurou ele — Acha que eu sou um de vocês?

—Fique longe dela! — gritou Cedrick, se revirando e tentando chegar perto da irmã. Catarina tinha o peito apertado.

Sussurro das Marés - [Livro Um]Onde histórias criam vida. Descubra agora