Capítulo Vinte e Cinco

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O barco era muito rápido e ao entardecer já havia se afastado da Ilha Queimada, Catarina agradecia por isso. Tinha dois andares, o mastro com velas negras gritava fazer parte de alguma frota pirata. 

No último andar haviam alguns suprimentos presos por amarras de corda ao chão, além de redes penduradas na madeira do teto, estava bem abastecido de rum até frutas secas, talvez fruto do saque à Ilha ou de algum outro. No andar acima, havia apenas um pequeno aposento, com uma cama larga, cortinas poidas e uma escrivaninha, do lado de fora as escadas que levavam ao deque exterior. 

Um mapa estava fixado na parede com pequenas facas de punho preto, Cedrick havia passado a manhã vasculhando o navio e agora tinha uma pilha de papéis e um saco nas mãos. Os dois estavam no pequeno quarto que provavelmente pertencia ao mestre de navegação. 

O continental suspirou e deixou as coisas que carregava caírem sobre a mesa, fazendo Catarina se virar na sua direção, estivera observando o mapa por um bom tempo, haviam várias ilhotas por todo o oceano, e o continental havia dito que estavam navegando para uma das maiores porções de terra, que ficava no oeste. 

Kalabhra , ele contara, conhecida como a Flor do Oeste, possuía um terreno fértil onde qualquer tipo de plantação prosperava e por isso era uma grande exportadora de frutas e alimentos, assim como excelente produtora de madeira e sua frota de navios era extensa e poderosa, essa era a razão pela qual havia suportado a guerra por tanto anos, mesmo com seu pessoal menos treinado, enquanto Arwen possuía uma infantaria pesada e bem treinada. 

O reino da Estrela Vespertina, Arwen era  um emaranhado de terra, recortado por rios de forma nada natural. Cedrick havia lhe contado que era um dos reinos mais antigos já cartografados, fosse lá o que isso queria dizer. 

— Várias sacas de arroz e especiarias, tecidos, mapas, papéis escritos e isso — o continental apontou para o saco que ele depositou na mesa, o saco se abriu derramando moedas grossas de ouro, prata e bronze. — tem o simbolo de Kalabhra. — continuou ele pegando uma das peças redondas e girando em sua mão para analisa-la. 

— Provavelmente é ouro de saque. — sugeriu a pirata. 

—Talvez, mas olhe —  falou apontando para os papéis —  eu dei uma olhada neles e parece que esse navio comercializava suprimentos  com  Kalabhra, não está datado, então ... não sei o que significa. 

Catarina franziu o cenho e contornou a mesa até onde ele estava. Nos papéis haviam listas de alimentos e algumas outras coisas borradas, no fim da página havia a assinatura de Erick. 

—Interessante — comentou Cedrick observando-a. 

—O que? — perguntou ela, um pouco incomodada, se remexeu e se ergueu um pouco, para se afastar dele. 

—Esta escrita é uma variação gráfica da que usamos em Arwen, bem formal e antiga. Interessante que seu povo a use. 

Catarina sentiu um calor subir pelo rosto. 

—Você acha que somos bárbaros, não é, se esquece que um dia dividimos o mesmo continente? 

O continental levantou uma das sobrancelhas. 

—Só que nós aprendemos a aproveitar nossa liberdade e não nos apegarmos a leis e valores banais. Somos livres. — falou se empertigando mais um pouco.  Um sentimento de orgulho encheu seu peito, um que ela havia esquecido devido a tudo o que estava passando. Aquele era o motivo pelo qual lutar, a liberdade. 

O continental limpou a garganta e voltou a atenção para os papéis. 

—Sabe se eles podem estar comercializando? — perguntou com a voz um pouco mais baixa que o normal. 

Sussurro das Marés - [Livro Um]Onde histórias criam vida. Descubra agora