Catarina entrou bufando em seu quarto, jogando o manto sobre a cama com raiva, Solaria vinha logo atrás, quieta.
—Eu vou arrancar a cabeça dela! Com aqueles enigmas, quem ela pensa que é?
A pirata soltou os cabelos, tinha vontade de quebrar o quarto e gritar.
—Parecia que ela sabia quem você era — comentou Solaria, em um murmúrio. Catarina se virou para ela.
—Ela estava jogando. Não tem como ela saber.
Solaria a olhou com cautela, cruzando os braços em frente ao corpo.
—Como que foi parar lá, Catarina?
A pirata se sentou e contou para Solaria sobre a música que a havia hipnotizado e importunado levando-a até aquele lugar. Quando terminou, já tinha as respostas para suas dúvidas.
—Não pode ser. — sussurrou para si mesma e Solaria se aproximou. — Seria loucura, que alguém como ela, estivesse aqui, pudesse existir.
—O que está dizendo, Cat, é mais um inimigo com que devemos nos preocupar?
Ela não sabia realmente, não estava entendendo nada daquela situação, nem por que fora atraída para aquele lugar. Bateram na porta naquele instante.
Solaria foi até lá e abriu a porta para Modraean. Catarina havia se esquecido que havia marcado com ele para aquela tarde e teve de forçar um sorriso.
—Estou interrompendo algo? — perguntou percebendo o rosto de Cat.
Ela negou com a cabeça e se levantou.
—Claro que não, estou pronta.
O sorriso dele se abriu.
—Eles também estão, venha comigo.
_*_
As baias dos animais eram grandes estruturas de madeira, com uma portinhola que deixava que eles pudessem colocar suas cabeças para fora.
Modraean caminhou até a baia de um cavalo de pelos negros, aquele que sempre montava.
—Este é Baruc — falou com carinho e passou a mão pela crina do animal, que relinchou em reconhecimento. — Significa "afortunado" nas línguas antigas. — o homem sorria, olhando para o cavalo como um pai olha o filho — ele vem sendo meu fiel amigo durante anos, lutou batalhas ao meu lado e nunca me abandonou.
Catarina não pode evitar de pensar que até mesmo aquele continental possuía um Familiar, pela forma como ele olhava Baruc e como o animal retribuía, podia afirmar que havia ali um encontro de Almas.
Modraean olhou para atrás dela e soltou uma exclamação.
—Aqui está. — um cavalariço trazia o animal do dia anterior, de pelos brancos e olhos castanhos. —Ela será perfeita para milady.
Catarina havia escrito para ele, pedido que lhe desse aulas sobre como montar, uma chance de saber mais dele, mais tarde se reuniria com Cedrick para discutir os próximos passos, agora que sabia que o antigo senhor daquelas terras, o que eles imaginavam ter estado comercializando com os Brassard, estava vivo e preso não muito longe do castelo. Precisavam descobrir o que Kalabhra e os piratas poderiam estar querendo juntos e, o mais importante, se a Flor do Oeste tinha desejos de seguir o deus da morte.
Mas por enquanto apreciaria a tarde com o belo Modraean.
O cavalariço entregou as rédeas para Modraean e ele acariciou a cabeça do animal, como fizera com Baruc. O pelo dela brilhava, a crina e o rabo caiam como cascatas em um branco quase prateado e os olhos eram cheios de vida.
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Sussurro das Marés - [Livro Um]
Fantasy✨ Eleita uma das melhores histórias de 2021 pelos embaixadores do Wattpad 💜 Catarina nasceu e cresceu em um navio pirata. Na verdade ela é a herdeira de um dos mais temidos navios que já cruzou os mares; o Sussurro das Marés. Está predestinada a...