Capítulo Doze

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— Isso não me parece uma boa ideia — resmungou Leon oferecendo um pedaço de pão duro para Chevin.

Kiara revirou os olhos.

— Você é um grande pessimista, Leon.

Catarina sorriu, mas sabia que o que faziam era arriscado. Uma coisa era Chevin entrar clandestinamente em uma reunião, outra era visitarem prisioneiros no meio da noite, sem a autorização do pai.

Mas a herdeira não se importava. Sentia uma inquietação profunda, tudo parecia estar planejado, como se alguém estivesse manipulando os movimentos de todos e isso a irritava profundamente.

Se a continental sabia alguma coisa, Catarina a obrigaria a falar, não seria tão conivente como fora antes.

Só havia um guarda na entrada das celas e Kiara o afugentou com apenas um olhar. Catarina a encontrou no fim das escadas. 


Leon as encontrou alguns minutos depois e não deixou de perguntar sua tática de persuasão.

A loia sorriu malignamente e coçou as orelhas felpudas de Manorian.

— Se eu te revelasse, teria que te matar.

O cozinheiro arregalou os olhos e olhou para o lobo cinzento, várias vezes os dois brigavam por conta de seus Familiares, já que o lobo parecia sempre estar de olhos no ratinho, assim como a pirata encarava o cozinheiro agora, com olhos lupinos cheios de maldade.

Catarina coçou a garganta e se voltou para Leon.

— E quanto a sua parte?

Leon desviou a atenção dos olhares profundos da mulher e do lobo.

— Já cuidei para que o capitão e a contra mestre estivessem bem alimentados e descansados – falou ele com um olhar meio conspiratório meio assustado — Espero que não me arrependa.

Ela também esperava que não. O que faziam era perigoso e arriscado.

Catarina suspirou e caminhou até a cela da jovem prisioneira, que abriu os olhos castanhos para ela no mesmo instante.

Seu cabelo estava desgarrado e o vestido arruinado, mesmo que sua cela não fosse uma das piores em questão de limpeza, era impossível não sentir o cheiro que exalava de lá.

— Achou que ia se livrar de mim?

A continental se encolheu mais na parede.

— O capitão prometeu nos libertar. — disse ela — você não ousaria nos machucar agora.

Kiara riu e a jovem tremeu de medo ao perceber a presença da mulher.

— Você não sabe com quem está falando.

— E nem nós. —Continuou Catarina.— Até agora não revelou seu nome ou sua relação com o jovem continental logo ali.

Mesmo em sua péssima situação, a jovem levantou o queixo de forma petulante para elas.

— Eu revelei tudo para o capitão — disse — ele não te contar só reforça minha certeza de que você não é nada.

Catarina sentiu o sangue esquentar.

— Leon — seu tom de voz era frio e a jovem finalmente a encarou com medo, mas em vez de Leon ir até a jovem, ele pegou a chave da cela do lorde tenente.

Os olhos da jovem tremeram.

— Você não faz ideia do que eu sou. — murmurou Catarina.

Leon abriu a cela e entrou, o continental pareceu assustado e soltou um grunhido, nenhum dos dois faziam ideia do quanto Leon era inofensivo, mas seu tamanho devia parecer assustador.

Sussurro das Marés - [Livro Um]Onde histórias criam vida. Descubra agora