Estava trocando as botas do treino para botas de montaria quando Cedrick entrou no quarto. Catarina levantou os olhos apenas para notar sua presença solene parada na soleira da porta, ele usava um casaco verde esmeralda por cima de uma camisa bege, calças cor de barro e botas escuras.
—Catarina, gostaria de me desculpar pelas palavras de ontem — começou ele. A pirata se levantou e jogou a trança para trás do ombro, dando as costas para o continental para colocar as luvas de montar.
—Já estou cansada do nosso morde e assopra, Cedrick — falou ela secamente, fitando o espelho. Encontrou os olhos do continental por meio segundo, antes de voltar sua atenção para as próprias mãos. —Daqui por diante não precisa me pedir desculpas, por nada.
Ela finalmente se virou para ele, que permanecia prostrado na porta, ereto e sério.
—Ambos sabemos o que pensamos sobre o outro, é normal que as palavras escapem. Isso — ela apontou de um para o outro. — é apenas enquanto lutamos, por uma causa maior e por nossos lares. Não precisamos fingir uma afinidade que não temos.
Cedrick levantou uma das sobrancelhas e abriu a boca por um décimo de segundo, depois voltou a fechá-la, engoliu em seco e concordou lentamente.
—Você deve estar certa — falou ele por fim e passou os olhos pela roupa dela. — boa cavalgada. — completou somente e saiu.
Catarina permaneceu algum tempo parada ali, mastigando as palavras que havia dito para ele. Suspirou fundo, vestiu a capa de Solaria e saiu.
_*_
O boticário estava da mesma maneira do que da ultima vez, os cheiros almiscarados a envolveram assim que ela entrou e levou alguns momentos para se acostumar com a pouca luz.
A mulher estava de costas para a entrada, o cabelo preso em um intricado coque trançado, usava um vestido bordô, nas costas havia um decote que ia quase até o fim da coluna, o vestido tinha ombreiras prateadas que imitavam as ondas e mangas que iam até a metade do braço.
—Foi mais rápido do que eu achei que seria. — falou ela e se virou. A parte da frente do vestido era ainda mais reveladora, o decote era largo e profundo, com detalhes transparentes de um tom mais claro de vermelho.
—Você invadiu meus sonhos ontem a noite.
Agatha levantou as sobrancelhas claras e bem feitas.
—Invadi, é? Interessante.
Catarina caminhou lentamente até ela.
—Eu cansei dos seus enigmas e eu não tenho tempo para tudo — ela apontou para a mulher e depois para o lugar. — isso.
—Que tal se jogássemos um jogo — sugeriu simplesmente, fazendo com que Catarina sentisse vontade de rasgar aquele pescoço fino, bufou e passou a mão pelo rosto, sentindo-se frustrada.
—Você não está me ouvindo?
—Você tem tempo para andar por ai à cavalo e brincar de princesa com lordes. — Agatha se inclinou sobre o balcão na direção de Catarina —pelo menos nesse jogo você tem pouco a perder.
Um frio percorreu a coluna da pirata.
—Qual o jogo?
—Você pode me fazer três perguntas e eu as responderei com total verdade — falou levantando três dedos e exibindo unhas cumpridas e bem cuidadas — e então eu ganho a mesma coisa de você.
Catarina engoliu em seco, sentia o poder vibrando da mulher à sua frente, mas precisava de respostas que sabia que Agatha não liberaria de bom grado.
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Sussurro das Marés - [Livro Um]
Fantasy✨ Eleita uma das melhores histórias de 2021 pelos embaixadores do Wattpad 💜 Catarina nasceu e cresceu em um navio pirata. Na verdade ela é a herdeira de um dos mais temidos navios que já cruzou os mares; o Sussurro das Marés. Está predestinada a...