Sussurro das Marés - [Livro Um]

Capítulo Dez

Sua cabeça doía e girava.

--Erkar – chamou Isabeau e o brutamontes surgiu na porta da cabine. - Leve nossa convidada para a cela, uma que seja bem distante do outro.

O homem forte de cabelos negros e olhos frios concordou.

--Não a machuque – completou Catarina em tom de aviso.

Beove ficara para trás, ele possuía os mesmos cabelos escuros do irmão, mas sua feição era muito mais amistosa, debaixo dos olhos haviam as mesmas marcas desenhadas.

--Fique de olho neles, se conversarem, deixe que falem, memorize tudo e depois nos reporte – o guarda concordou e saiu logo atrás.

Catarina pressionou as têmporas.

--Pode dormir conosco, sei que não vai querer ficar sozinha – ofereceu Kiara, mas antes que pudesse concordar, Jake surgiu, vindo do caminho da enfermaria.

--Acabei agora com os feridos – revelou – soube que trouxeram alguns convidados à bordo.

Kiara suspirou.

--E do pior tipo. - Resmungou - não conseguimos quase informação nenhuma com aquela lá.

Isabeau passou por eles sem dizer palavra, seguindo para sua própria cabine.

--Ela parece frustrada.

As duas piratas concordaram. Todos estavam e Catarina desejava que o pai tivesse arrancado mais informações de seu prisioneiro.

Não fora ordem do pai atacar o navio, Catarina tinha certeza, o capitão desejaria navegar com descrição até a Ilha Queimada e chegar o mais rápido possível.

E o ataque de fato os atrasou.

Ela se perguntou se Mendelai Wolf era tão covarde a ponto de sabotar a reunião assim.

Fazia parte da tradição que o Clã que convocava a reunião se tornasse o anfitrião e recebesse os outros Clãs. Se chegassem depois, os lordes podiam pensar que aquilo era uma emboscada ou até uma afronta e isso poderia causar problemas.

Wolf não ganharia nada em desonrar o pai dela, ou ganharia?

Aquela pergunta causou arrepios em sua espinha.

Sentiu o toque quente e forte da mão de Jake em seu ombro.

--Acho que uma boa sopa pode ajudar agora, não acha?

Ela concordou forçando um sorriso e Kiara piscou para ela, deixando –os com um "ótimo, pelo menos não vou ter que dividir a cama com você".

Catarina revirou os olhos, estava tudo acabado entre eles, mas alguma parte dentro dela estava feliz por estar com Jake.

_*_

A cozinha ainda estava bagunçada por conta do ataque, provavelmente muitas panelas e utensílios haviam sido perdidos com os tremores, era sempre assim. Mas Leon trabalhava com o que tinha e os serviu um prato de sopa de camarão com o rosto emburrado.

--Não é o meu melhor trabalho – comentou – caiu um pouco de pólvora nas batatas, foi bem difícil tirar.

Jake e Catarina se entreolharam, mas deram de ombros, já tinham comido coisa pior.

Cat provou uma colherada e murmurou, deliciada. A sopa de camarão com pólvora estava incrível.

Leon fitava os dois e Catarina levantou uma das sobrancelhas para ele, o cozinheiro arregalou os olhos e apontou com o queixo para Jake.