➤ Chapter Twenty Five

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— Você tem certeza de que quer fazer isso? Não combina com você, minha princesa. — Meu pai fala, inseguro, do outro lado da mesa do seu escritório.

— Eu quero ajudar, pai. — Respondo, simples. — E não é como se isso fosse um bicho de sete cabeças. Posso te ajudar no restaurante enquanto você não contrata outra pessoa. Você não precisará se submeter a gastos, e aliás... — Sorrio. — vou poder passar mais tempo com você. Paizinho querido. — Recorro a voz aguda e aos olhos de cachorro pidão, com um biquinho.

Meu pai balança a cabeça, em misto de frustração e desistência.

Tem vinte minutos desde que estamos dentro deste escritório, travando uma batalha de argumentos.

Chamei meu pai para conversar sobre minha ajuda no restaurante logo após o café da manhã, sabendo que ele estaria de bom humor após tomar suas diárias duas xícaras de café, no entanto, é difícil convencê-lo.

O horário já se passa das dez da manhã e ele logo precisará abrir o restaurante para o almoço, então sei que já estou esgotando-o e o deixando sem saída.

— Tudo bem. — Ele fala, cansado, mas interrompendo minha eminente comemoração. — Porém, você não ficará com o trabalho pesado, e trabalhará apenas depois do almoço até o final da tarde, não quero que você fique exausta por um trabalho temporário. — Ele pontua, determinado.

— Vai ser moleza, pai. — Tranquilizo-o. — E quando é que eu posso começar?

Ele olha para o relógio na parede do escritório, tentando se levantar em seguida com a ajuda das muletas.

— Bem, você está me parecendo bem disposta, então podemos começar hoje mesmo.

...

Não é tão moleza assim.

Eu preciso de muita atenção para acompanhar e anotar o pedido dos clientes, além de claro, tentar manter um sorriso no rosto e a ordem no restaurante.

— Algo a mais, senhor? — Eu falo para o homem de terno e gravata que analisa o cardápio, enquanto eu deslizo o dedo pela tela do tablet — pelo menos isso é um ponto positivo, já que não preciso me preocupar com papéis rasgando ou canetas falhando, o restaurante do papai até que é bem moderno.

— Não, apenas. — Ele responde de modo curto, dispensando-me.

Vou até a cozinha, deixo o pedido e então volto para o restaurante atender outros clientes.

E não, essa nem chega a ser a parte ruim, porque estranhamente acordei com disposição essa manhã, mas com a cabeça nas nuvens. Quase esbarrei e derrubei uma bandeja de copos mais cedo — junto com o pobre garçom que a levava nas mãos.

Sinto que meu pai está desconfiando de algo, mas como ele ainda não disse nada, pretendo ignorar.

Nunca imaginei que estaria vestindo um uniforme de garçonete, muito menos me imaginei andando em círculos pelo mesmo lugar por tanto tempo.

São nesses momentos que eu adoraria estar no meu escritório.

Já se esqueceu?

Minha consciência chega para me lembrar do desastre que eu causei, deixando-me momentaneamente irritada.

É tão injusto!

Sim, nisso nós duas concordamos completamente.

Certo, convenhamos que não foi uma ideia muito sábia se envolver e se apaixonar pelo chefe, que notoriamente tinha todas as placas escritas com "perigo" apontadas para si — com setinhas, luzes e tudo — mas afinal, por que a culpa, os comentários, as manchetes de jornais de fofocas e punições eram direcionadas sempre a mim? E não a ele?

𝑺𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓 𝑷𝒓𝒐𝒊𝒃𝒊𝒅𝒐 | 𝑳𝒐𝒏𝒈 𝑭𝒊𝒄Onde histórias criam vida. Descubra agora