➤ Chapter Forty Seven

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Assim que termino de me arrumar, desço para o térreo com os saltos fazendo barulho pelo hall do prédio. O porteiro me cumprimenta e eu respondo distraidamente, procurando meus óculos escuros na bolsa.

Não falei com Roseanne. Deixei ela e seu café da manhã deprimente sozinhos. Ainda estou chateada com ela, mas não pretendo me ficar me mordendo o dia todo por causa disso e deixar meu descontentamento obvio, por mais que eu tenha noção de que seja. 

Vou para o Mook's, não tenho nada melhor para fazer num domingo de manhã do que tomar um café expresso com biscoitinhos caseiros e trabalhar para me distrair. Sento na mesa em que fico de costume, no final da cafeteria e de frente para janela, onde posso observar as pessoas passando pela rua e ser pouco notada. É o lugar perfeito.

Faço alguns esboços sem compromisso, na intenção de que saia algo que eu talvez possa usar futuramente. Arqueio as sobrancelhas, muito concentrada, não posso evitar. Não deixo de levar o trabalho a sério, mesmo quando estou relaxada. 

— Lalisa?

Sou levada de volta ao mundo real quando ouço uma voz conhecida, mas também nada bem vinda. Levanto o olhar.

— Chris. — Pareço chocada, o que é verdade. 

Ele corre os olhos pelo meu rosto e sorri alegre, mas só consigo sentir um gosto amargo na boca, e é necessário cada miligrama da minha força de vontade para que eu não o dê as costas. 

— Como você está? 

— Bem. — Volto minha atenção a tela do notebook, mas Chris continua ali, parado.

— Você está linda, Lalisa. O que tem feito?  — Ele diz, visivelmente interessado. O que ele quer?

— Nada de mais. Trabalhando e procurando um lugar para morar. 

E sexo. Sexo bom!

Espero que depois disso ele perca o interesse, mas não, ele continua ali, parecendo considerar minha frase com atenção e me olhando fixamente. Finalmente, ele respira fundo.

— Você não demorou muito, não é? Quem é aquele cara?

A acusação me faz olhar diretamente para ele, chocada. Não tivemos nenhum contato desde que terminamos, e vejo que qualquer relação amigável entre nós dois foi extinguida desde que passei pela porta do nosso antigo apartamento. Não é como se fosse tão fácil manter isso com alguém que transou com metade de Nova York sem que a outra parte soubesse.

— Bem, eu pelo menos esperei até termos terminado. E não é da sua conta.  — Respondo com frieza, admirada com a audácia dele.

Ele agora parece incomodado, parecendo entender que está sendo evasivo e me incomodando.

Como se isso importasse. Chris nunca se importou em me deixar constrangida.

Ele se debruça na mesa, mais uma vez invadindo o meu espaço. Eu me endireito na cadeira, com a coluna ereta para me afastar dele. 

— Fui um idiota, Lalisa.

— Sim, você foi. Aonde quer chegar com isso? — Meu tom já mostra que minha paciência já se esgotou.

— Calma, baby. — Ele levanta as mãos e sorri largo. — Que tal eu te pagar um café em nome dos velhos tempos? Sei que você gosta de um com canela.

Ele está brincando comigo? 

— Não vai rolar. — Digo calmamente, sem alterar o meu tom de voz. 

Chris arregala os olhos, surpreso com a minha recusa. O que ele espera? Que eu lhe dê uma segunda chance?

— Não precisa ser assim. Sei que passei dos limites. Não culparia você se me mandasse embora.

𝑺𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓 𝑷𝒓𝒐𝒊𝒃𝒊𝒅𝒐 | 𝑳𝒐𝒏𝒈 𝑭𝒊𝒄Onde histórias criam vida. Descubra agora