Apoio os cotovelos sobre o balcão, vendo minha mãe se movimentar pela cozinha distraidamente, pegando alguns utensílios e deixando-os em cima da mesa.Meu pai acabou de me demitir, — certo, exagerei um pouco — ele conseguiu um novo funcionário para o restaurante e agora não precisa mais da minha ajuda, ou seja, estou condenada ao ócio¹.
Minha mãe me olha pelo ombro, parecendo notar minha intenção.
— Chora. — Ela zomba, voltando aos seus afazeres.
— Ele foi tão frio e cruel, dispensando sua própria filha daquele jeito. — Eu dramatizo, com direito a mão no peito e expressão de dor.
Minha mãe ri, balançando a cabeça.
— Você deveria tentar seguir a carreira de atriz, você leva jeito.
— Talvez eu faça uma audição na Broadway quando voltar para Nova York. — Dou de ombros, descendo do banquinho do balcão e andando até ela. — O que você está fazendo?
— Vou fazer cupcakes. Pode me ajudar, se quiser.
Bem, melhor do que não fazer nada.
Amarro os cabelos em um coque e dobro as mangas do meu suéter, aproximando-me para ajudá-la a preparar a massa.
Enquanto ela se ocupa em ligar o forno e arrumar as forminhas de cupcakes, eu giro a colher dentro da tigela com toda a minha força, misturando os ingredientes.
Pela entrada da cozinha, consigo ver Lucas descer as escadas com passos apressados, usando chapéu, colete, calças largas e botas.
— Estou saindo, pessoal. Até mais tarde! — Ele mal nos olha antes de passar direito pela cozinha, seguindo para sala.
— Onde é que ele vai? — Pergunto assim que escuto a porta da frente bater.
— Pescar com Sen. Por que você também não foi? — Minha mãe se vira, jogando um pano de louça por cima do ombro.
Balanço a cabeça, rindo um pouco.
— Não é muito a minha praia esperar o peixe vir até o anzol.
— É mesmo? — Ela comenta, passando por mim. — Ou isso tem algo haver com Sen?
Eu desvio minha atenção da tigela para poder encará-la, inclinando o rosto e torcendo os lábios.
— Agora é você, mãe?
— Eu o quê?
— Primeiro Lucas e agora você, insinuando que Sen e eu temos algo. — Começo a despejar a massa dentro das forminhas. — Qual é! Eu cresci com aquele garoto, ele é como um irmão para mim.
— Bem, ele provavelmente vê as coisas de outro jeito.
— E eu quase sinto muito, então. — Deixo a tigela vazia sobre a pia, virando-me para minha mãe outra vez. — Não vai rolar.
— Eu sei que você já é grandinha o suficiente para decidir o que você quer, não é como se eu estivesse querendo te empurrar para Sen. — Ela fala, soltando um suspiro. — Só não quero que você se machuque.
— Não vou me machucar. — Dou um ponto final na conversa, pegando a assadeira com as forminhas e colocando-as no forno.
A verdade é que ainda não sei se vou me machucar, mas prefiro acreditar que não. Jungkook está sendo bom comigo, e eu inevitavelmente me apeguei a esse seu lado. Quero que ele seja sincero, e sei que ele está tentando por mim, pela gente.
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𝑺𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓 𝑷𝒓𝒐𝒊𝒃𝒊𝒅𝒐 | 𝑳𝒐𝒏𝒈 𝑭𝒊𝒄
FanfictionLalisa se vê no auge da sua carreira como estilista. É uma mulher moderna e desinibida que não brinca com a vida, mas que acaba a levando a tomar caminhos contraditórios por conta do seu novo vício: O trabalho. Nada poderia mudar sua vidinha monóton...