Capítulo 13

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(...)

- Temos algo, no mínimo, interessante aqui - Claire comunicou, depositando o envelope aberto sobre a mesa de Alfonso - Depois das últimas notícias, Londres parece muito promissora, nós temos que concordar. E agora isso - ela antecipou, apontando a carta com o queixo - Uma festa que promete encerrar a temporada social conectando os países. É grande.

Alfonso leu o convite. Era uma chamada inusitada, audaciosa. Certo que o mercado casamenteiro sempre serviu e beneficiou a outros interesses do país, não somente aos de casais apaixonados. Era política pura e, muitas vezes, descarada também, por todos os lados, todo o tempo. Não que nunca alguém houvesse tentado algo do tipo, mas arriscar abertamente englobar o mundo inteiro em algo que costumava estar restrito às relações de poder de Londres parecia realmente ambicioso. Ele duvidava que fosse metade do que prometia, mas ainda assim, se pudesse, parabenizaria o responsável pela ousadia apenas pela iniciativa.

- Tem impacto - ele considerou, devolvendo o papel à mesa.

- Talvez não você, mas eu mesma gostaria de estar lá - Claire suspirou, como se acessasse um sonho distante - Nunca fui a um evento tão grande e, muito menos, em outro país - depois ela acrescentou, divertida: - Na verdade, nunca fui a outro país.

Alfonso parou para olhá-la, franzindo o cenho.

- Por que acha que eu não gostaria?

- Não sei - ela deu de ombros após um breve segundo de reflexão - Há um tempo você recusou ler as cartas de Londres, depois do casamento do seu amigo, não interessava o que fosse. Achei que estava tentando não acessar algumas memórias.

- Isso passou, Claire. Já faz muito tempo - Alfonso esclareceu, dispensando o pensamento - Só precisava estar concentrado no que realmente importava e você me atualizou de todas as pendências poucos dias depois.

- Tendo que ler tudo que estava em atraso para você - ela reclamou, enfadada, desabando em uma poltrona - Você nunca mais repetiu essa ideia infame, ainda bem. Eu levei meses até conseguir organizar seu arquivo.

- E levou mais meses me acusando de tê-la atrapalhado muito, não precisamos retomar isso agora - ele riu, despreocupado - A vida segue. As coisas sempre voltam ao normal. Acha que sua família permitiria?

- O quê? - ela devolveu, confusa com a pergunta repentina.

- Que você viajasse comigo.

Claire emudeceu, enrubescendo da cabeça aos pés, mas principalmente nas bochechas. O que acabou sendo muito visível para Alfonso. Ele lhe dirigiu um semissorriso tranquilizante, achando graça do embaraço dela, no entanto aquilo apenas a deixou mais desconcertada.

- Eu não... - balançou a cabeça, nervosa - Não poderia.

- Por...? Você trabalha para mim.

- Nem sequer teria como pagar - se apressou em explicar, constrangida, mas Alfonso lhe dirigiu um olhar de censura que esclarecia: é claro que ela não teria que pagar por absolutamente nada. No entanto, Claire continuou: - Acho um pouco arriscado.

Alfonso pensou em questioná-la, mas não teve tempo, pois Maite praticamente invadiu o escritório, escancarando a porta dupla com um brusco empurrão.

- O que é isso?! - ela perguntou, agitando um papel no ar - Segundo minha leitura, um convite para festejar em Londres. Estou certa?

Alfonso suspirou, largando o corpo em sua cadeira. Cansado, fitou o teto e começou a massagear a testa. Ela ia começar. E ele sabia bem que ia tardar a ter fim.

- Você não tem com o que contribuir, então não deve se sentir englobada - resmungou. Maite deu de ombros, cruzando os braços.

- Eu vou acompanhar você.

Depois do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora