Capítulo 05

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Enquanto Anahi tinha seu tempo cada vez mais bem programado e sobretudo disputado, Arthur, em contrapartida, via-se livre e satisfeito como nunca. O passado de trabalho duro e a idade avançada lhe ofereciam agora o argumento necessário para gastar as horas do dia como bem quisesse. No momento, ele estava dedicado a aprender sobre um antigo esporte que pouco conhecia: golfe. Margot frequentemente lhe fazia companhia, mas aquela não era exatamente sua atividade preferida, principalmente porque não tinha a mesma habilidade de Arthur, de modo que naquela manhã podia-se dizer que estava deveras mal humorada.

- Posso salvá-la, se quiser - Ian assobiou observando-a tentar, pela terceira vez, acertar a bolinha em seu devido lugar: um orifício que ela julgava minúsculo, do qual saia uma bandeirinha vermelha no meio do vasto gramado de um dos tantos campos da mansão.

- Eu imploro! - ela exclamou, aliviada, praticamente arremessando o taco na direção de Ian - Prefiro podar todas as árvores da propriedade sozinha ao invés de ficar um minuto a mais aqui.

Arthur, a poucos metros de distância, dobrava-se de rir.

- Para isso temos dezenas de jardineiros, Margot - ele debochou - Sabe que isso é trapaça, não é?

Ela fez pouco caso. Virou as costas, enfezada, esbravejando de forma ininteligível até sumir no meio dos jardins.

- Poderíamos montar um campeonato, não acha? - Ian sugeriu, começando uma nova rodada - Ainda não se pratica muito golfe aqui em Londres. Com certeza levaríamos vantagem - com uma careta, ele observou o percurso da bola que havia acabado de golpear. Muito fora do alcance que havia planejado, inclusive. Então concluiu: - Bem... Você levaria, sem dúvidas.

- Quando estive na Escócia praticava quase todos os dias.

- Você viajou por muitos lugares, sim?

Arthur assentiu, tranquilo.

- Estive focado em encontrar Anahi e conseguia me distrair e descansar mais apenas enquanto jogava. Dormir não adiantava. Sonhava com Felicity, com a criança, com como deveria ser seu rosto ou sua voz... - enquanto conversavam, ambos faziam suas jogadas. Não paravam para refletir além do necessário, mesmo num assunto tão delicado. O mais velho observou Ian e comentou: - Você joga bem. Um pouco mais de prática e a ideia do campeonato começaria a me parecer interessante.

Somerhalder meneou a cabeça em concordância.

- Acho que formaríamos uma boa dupla.

- Eu não consigo acreditar! - a voz de Anahi se sobressaiu sobre o ruído das folhagens ao redor. Ela vinha caminhando com firmeza, agarrando as abas de seu vestido com uma expressão exasperada no rosto - Então quer dizer que enquanto eu arranco meus próprios cabelos de tanto trabalhar, vocês estão brincando?

- Ei! - eles protestaram em uníssono. Arthur, aproximando-se da filha para beijá-la na mão, continuou: - É um jogo sério. Eu estava apenas dando algumas lições a Somerhalder. Joga muito mal o pobre.

O mais jovem ergueu a sobrancelha, ultrajado.

- Mas...

- Desculpe não ter ficado para o café - Anahi sorriu de canto, abraçando o pai fortemente - Estou com...

- Centenas de compromissos a cumprir - Arthur interrompeu e Anahi sorriu - Sabe que se precisar de mim estou disponível. Cada hora do meu dia é sua.

- Mas melhor se não precisar, sim?

Ele riu, divertido, piscando para ela.

- Você pode se virar sozinha, mas não hesite se precisar. Fica para o almoço?

Depois do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora