Capítulo 11

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Um mensageiro bateu a porta e dessa vez Anahi fez questão de recebê-lo. Arthur, sentado em uma das poltronas da sala, baixou o jornal e parou para observar. O rapaz lhe trouxe mais uma remessa de correspondências e, conferindo-as rapidamente, Anahi constatou: mais uma remessa sem cartas de Alfonso.

Ela suspirou longamente, depositando-as na bandeja de uma criada que prontamente as levou a Arthur. Depois se dirigiu novamente ao rapaz.

- Você vai levar esses convites - ela comunicou, entregando uma pilha de envelopes muito bonitos e formais - E essa carta - acrescentou, segurando um novo envelope, branco e menor.

Mas Anahi não o soltou imediatamente. Segurou o braço fletido e levou alguns segundos encarando o papelote em sua mão, hesitando em entregá-lo, os dedos rígidos de insegurança. Ela detestaria admitir, mas sentia um medo profundo do que a estaria esperando depois que fizesse aquilo. Lançou um rápido olhar a Arthur por cima dos ombros, checando, e viu que ele aguardava. Acuada, havia cogitado blefar, guardar o envelope novamente ou mesmo fingir tê-lo enviado, mas logo esqueceu disso. Provavelmente seria pior.

O rapaz pigarreou, chamando a atenção da loira, e com um ofego angustiado ela teve que ceder.

- Los Angeles. Essa vai para longe - ele assobiu, divertido, conferindo o estado do envelope. Depois franziu o cenho, devolvendo-a a Anahi - Está sem remetente.

- Não será necessário - ela empurrou sua mão de volta, séria.

Ele não quis questionar, apenas deu de ombros. Não era a primeira vez que alguém enviava uma carta dessa maneira. Talvez não quisesse ser reconhecida ou talvez, ao ler, o destinatário saberia identificar quem a enviou. Não era da sua conta, afinal. Ele simplesmente guardou o material em sua maleta e seguiu adiante para as demais residências.

Anahi fechou a porta, tensa, fazendo um esforço sobre-humano para recuperar o ritmo da respiração. Sentia-se quebrada, mas não deu a Arthur a visão de seu semblante triste. Não queria prolongar o assunto. No entanto, ele sabia muito bem o que se passava com ela.

- Filha - chamou. Anahi, que estava começando a subir as escadas, voltou-se para ele, agarrando o corrimão - Você é a mulher mais forte que eu conheço.

A loira lhe dirigiu um sorriso amargo, balançando a cabeça em negação. Seus olhos estavam vazios e distantes.

- Não tanto quanto você pensa, pai. O fato de aguentar a carga não significa que não pese.

- Sim, você é, e quero que você entenda e acredite nisso. Ainda vai passar por muitas provações.

- Quanto a isso eu não tenho dúvidas - ela disse, o queixo erguido para olhá-lo com toda a seriedade que a ocasião exigia. Estavam sendo muito frequentes as situações em que Anahi se sentia indisposta com o pai e ele também precisava ter sensibilidade com ela, por isso se ergueu, caminhando lentamente até a filha.

- Mas precisa estar preparada para lidar com o que é certo, mesmo que seja difícil. Se escolhesse o caminho mais fácil, magoaria alguém que não poderia se defender.

Anahi cruzou as mãos em frente ao corpo, impaciente.

- Não quero ouvi-lo interceder por Alfonso.

- Estou falando de Bella - ele rebateu, direto - Tirar a chance de que ela o conheça seria cruel, sobretudo por um erro que ele cometeu com você quando ela não existia - ele a viu pensar em protestar e a interrompeu antes - Não precisa perdoá-lo, se não quiser. Eu lamento se esse for o caso, mas você não precisa fazer isso se não for realmente capaz. Mas Bella e Alfonso terão uma história do zero, sem erros e sem mentiras.

Depois do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora