Capítulo 07

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(...)

Ela se ergueu, caminhou alguns passos pelo jardim em direção a casa e uma nova onda de dor a envolveu, irradiando para as costas. Apertou a lombar, gemendo, e depois de algum tempo a dor novamente foi embora, permitindo a Anahi mais alguns curtos e lentos passos. Respirou fundo. Não queria sentir medo. Não podia sentir. Seu médico havia mencionado que algo como aquilo aconteceria. Estava preparada. Sabia que doeria, fora muito bem alertada. Só não sabia que seria tão forte assim...

- Margot? - ela chamou quando alcançou a escada, resfolegando. Os empregados pareciam distantes, não havia ninguém na sala, apenas um burburinho despreocupado em outro cômodo. Mais uma onda de dor contraiu seu ventre e dessa vez ela teve de sentar onde pôde: no topo da escada. E como (graças a Deus!) não costumava estar mais que 5 minutos sozinha, Margot e Margareth logo apareceram ao seu redor, amparando-a com extremo cuidado e preocupação.

- Mas já é...? - Margie praticamente gritou, esganiçada de tão nervosa. Anahi simplesmente assentiu de olhos fechados - Vai e vem? - a loira balançou a cabeça novamente - É constante? Está sendo rápido?

- Acho que minha percepção de tempo já não é a mais confiável - ela gemeu sendo tomada em seguida por um novo acesso de dor abdominal que quase a fez gritar. Quando passou, ela soltou o ar e resmungou, enfezada: - Nossa, isso dói!!

Ainda passaram bons minutos sentadas no chão até que Anahi se sentisse pronta e confiante para caminhar até um local mais adequado. Havia um quarto, no primeiro andar, pronto para a chegada do bebê desde muito tempo. A cama era imensa, branca, confortável. Era arejado, bem iluminado. O espaço era grande o suficiente para o caso de precisarem receber mais pessoas que o esperado, como médicos e enfermeiras. Comportava cômoda com toalhas e amplas o suficiente para apoiar quantos objetos precisassem. Tinha um berço, roupinhas para menina, roupinhas para menino...

- Ian!! Graças a Deus! - Margot berrou, aliviada ao vê-lo cruzar a porta com velocidade - Você precisa levá-la para cima. Está sentindo dor.

Ian tinha algum conhecimento em medicina, embora não houvesse terminado a carreira. Tinha força física também. Era um amigo que sabia acolhê-la e tranquilizá-la. Isso era de muita serventia e Anahi sentiu um alívio imenso ao vê-lo.

A descoberta da gravidez fora entusiasmante para ele também. Ele gostava de vê-la feliz. Desde então, era o tio Ian, braço direito e esquerdo de Anahi. Liam juntos muitos livros sobre gestação e maternidade. Ele queria aprender mais sobre fisiologia, sintomas e terapêuticas; Anahi também, mas sob outro olhar, com outro objetivo. Queria ser uma boa mãe e tinha medo de não saber segurar o bebê, não saber amamentar, não saber compreender nem acalentar seu choro, não saber fazê-lo dormir. Tinha medo que ele jamais fosse obedecê-la, que não gostasse dela, que não compreendesse a ausência do pai. Leu muitas teorias, mas algumas coisas só viria a aprender de verdade com a prática.

Ian desviou de Margareth e Margot para colher Anahi nos braços e levá-la um andar acima. A loira, corada pelo esforço, descansou a cabeça em seu ombro quando ele a ergueu.

- Ainda vai demorar um pouco - ele garantiu, subindo as escadas com delicadeza e cautela - Parece tranquila.

Anahi arfou antes de responder:

- Estou tentando não entrar em desespero. Onde está meu pai?

- Estava nos campos, jogando. Mandei que o avisassem.

- E o Dr. Billard?

- A caminho.

- É claro. Vocês tem tudo pronto, vocês cuidam de tudo, eu sei - Anahi suspirou, tentando dissipar o próprio nervosismo, mas em dois segundos desmoronou: - Estou com medo - disse, abafando o choro no pescoço de Ian - É um pouco parecido com o que houve antes. Dói bastante. Não quero perdê-lo.

Depois do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora