Capítulo 14

529 52 237
                                    

(...)

Anahi tomou o corredor, enfurecida, fazendo a seda do vestido flutuar atrás de si. Os empregados estavam estáticos, igualmente chocados, vendo-a passar por eles feito um raio. Perto da porta de seu escritório, ela agarrou uma criada pelos ombros, encarando-a diretamente nos olhos.

- Você vai pegar Bella e levá-la ao outro lado - ordenou, dura - Agora.

A mulher titubeou, engolindo em seco.

- Ao lado dos empregados? Senhora, eu receio que Bella não...

- Agora - Anahi repetiu, sacudindo-a bruscamente uma única vez - Tente não acordá-la. Se acordar, explique que eu pedi. Não a traga de volta sob hipótese alguma. Eu mesma vou buscá-la e ela vai entender - a criada ouviu atentamente, com um semblante de desespero. Bella tinha empregados específicos, de confiança, para lidar com suas atividades. Não era qualquer um que tinha liberdade de sequer dirigir a palavra a menina, muito menos de apanhá-la para levá-la a outro lugar. Sabendo disso, Anahi acrescentou: - Com cuidado ou eu mando matar você.

A mulher saiu correndo e Anahi ocupou seu escritório, possessa, o corpo inteiro tremendo em revolta. O primeiro objeto que alcançou foi parar na parede, se estilhaçando em mil pedaços. Foi a maneira mais fácil que ela encontrou de dissipar o que sentia. E gostou. Agarrou uma nova estatueta, cara e sofisticada, e a arremessou com um grito de ódio. Só depois sentou em sua cadeira e tentou refletir. Sem conseguir. Ela encarava o tampo da mesa mas só via uma imagem: a de Alfonso olhando para ela, vindo em sua direção como se nunca houvesse sido a pior pessoa que ela conheceu. Era um completo absurdo, um escárnio.

Ian entrou e Anahi nem viu. Ele a segurou pelos ombros, mas ela não se moveu. Continuava petrificada, com os olhos dilatados de raiva fixados na mesa a sua frente, o peito subindo e descendo em uma respiração ruidosa, pesada.

- Anahi - ele murmurou, temendo que ela colapsasse a qualquer instante - Calma - pediu, movendo os polegares nos nós de tensão que se formaram no pescoço da loira - Todos estão em transe ainda. Não tem que se preocupar com isso agora. Nós vamos conseguir contornar. Agora você só precisa voltar ao salão.

- As pessoas estavam felizes por ele - ela murmurou, enojada - Felizes porque Alfonso Herrera está em Londres de novo. Você pode acreditar nisso?

- Não posso, mas veja onde você chegou e pense no que a aguarda lá embaixo - Ian insistiu, tentando soar tranquilizador o bastante - Não pode pôr a noite de hoje a perder. Vai ter que lidar com isso em outro momento e vai conseguir. Mas agora você tem outras coisas nas quais pensar.

Anahi sacudiu a cabeça, ensurdecida pela raiva que sentia.

- Felizes porque aquele desgraçado voltou para a sua família, para a esposa saudosa, certos de que eu estaria radiantemente feliz em recebê-lo depois de anos - ela debochou, soltando uma risada de incredulidade - É o fim dos tempos! Eu deveria tê-lo dado como morto anos atrás.

- E ele apareceria vivo hoje - Ian argumentou - Seria um choque maior. Você deveria ter anunciado o divórcio, na verdade.

Nesse momento Anahi o encarou e a sua fúria teve um novo foco. Mas não se dividiu, apenas se multiplicou.

- Isso, vamos lá, estou mesmo merecendo escutar que a culpa é minha.

- Você adiou uma coisa que não deveria ter adiado, é simples. Alfonso tinha prestígio também e você deixou as pessoas pensando que ele poderia voltar a qualquer instante - Somerhalder acusou, conciso, com um dar de ombros - Ele voltou e todos estão deslumbrados.

- Eu não me importo com o que estão pensando - ela grunhiu.

- Infelizmente hoje você vai precisar se importar, Annie. Deixou a todos plantados e assustados. É o seu futuro inteiro. Precisa voltar. Lide com Alfonso quando a festa acabar.

Depois do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora