Anahi sorriu outra vez no fim do beijo, enlaçando o braço ao dele e abrindo espaço entre as pessoas. Se Alfonso queria dizer algo - e ele realmente queria - ela não deu a oportunidade.
- Você está bonito, Sr. Herrera. É um prazer reencontrá-lo aqui - falou, parando no meio do salão que de repente havia se tornado um eco vazio para que eles pudessem dançar. Virou para ele com a palma da mão erguida, a qual Alfonso imediatamente apanhou, agarrando-a pela cintura com o braço livre.
O calor dele inundou seu corpo e Anahi teve que se concentrar em manter o mesmo compasso da respiração. Ele estava muito mais do que bonito, muito além de perfumado, meticulosamente arrumado... E vê-lo novamente tão de perto a levou a reviver as mesmas sensações de quando estivera sonhando com ele.
- Não imagina o que tem me feito passar, anjo - Alfonso murmurou, conduzindo-a em uma valsa lenta e romântica - Você plantou coisas demais na minha cabeça.
- Então eu espero que a noite de hoje possa melhorar o seu humor - ela replicou, tranquila - Estive reparando, você e Bella têm se divertido bastante.
- Está me vigiando? - ele perguntou, fazendo-a girar sob seu braço. Ao voltar, Anahi se encaixou nele, descansando uma mão entre os cabelos da sua nuca numa carícia dúbia e pretensiosa.
- Mais ou menos - respondeu, deixando a cabeça pender para o lado - Ela sempre me conta tudo e acho que você precisa saber que perde muita vantagem comigo cada vez que a leva para montar Scorpion. Não mando interditar o estábulo e transferir os cavalos porque ela ficaria triste, mas deveria cogitar fazer isso com menos frequência porque está me deixando brava - mais um movimento ensaiado fez Anahi se movimentar longe dele e voltar para abraçá-lo - Quem ensinou você a montar?
- Você.
Ela vincou o cenho com a resposta.
- Mas Scorpion...
- Acho que ele gosta de mim - Alfonso brincou, deslizando a mão ao longo das costas dela.
- Alguém tem que gostar, afinal.
Ele riu e Anahi se arrepiou inteira com o som, com a visão dos lábios se esticando diante dos seus olhos.
- Acho que você gosta de mim.
- Apenas quando está calado.
- Com a boca ocupada em você, suponho - ele provocou, apertando-a mais contra ele - Onde esteve?
- Estive exatamente aqui. Andou me procurando? - sondou, provocativa - Acho que não procurou bem.
Alfonso deu um sorriso de canto que sumiu no vão do pescoço de Anahi quando ele desceu a boca para beijá-la ali também. Se passou a semana doente de raiva ele já nem se lembrava. Tê-la ali fazia qualquer outra coisa parecer pouco importante.
- Não sei como vou fazer para soltar você depois disso - confessou contra a pele dela, farejando o cheiro.
- Por enquanto aproveite os seus últimos trinta segundos, querido, a música está perto do fim.
Ele se endireitou, se inclinando para trás para olhá-la melhor.
- E depois?
- Posso sumir da sua vista outra vez.
- Quando nós vamos terminar o que você começou? - Alfonso perguntou num impulso, como para aproveitar o tempo. Um minuto a mais e não haveria nem sombra dela.
Anahi o encarou demoradamente, pensando sobre aquilo. Aliás, pensar sobre aquilo era o que mais vinha fazendo ultimamente e seu corpo sentia a distância em desespero, afetado pela frustração de não poder dar vazão ao que queria, ao que sentia. Olhando para ele, ela pensou se ceder à sua própria vontade solucionaria aquele impasse. Só uma vez e depois seguiria a vida. Poderia tentar?
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Depois do Inverno
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