Capítulo 26

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- Quer dizer que Bella vai ter uma festa e eu nem sequer fui convidada?

Foi assim que Maite grasnou quase a primeira hora da manhã, abrindo as cortinas de Anahi sem cerimônia. A loira acordou em um rompante, sem entender. Segundos antes estava em um sonho reconfortante e de repente isso. Ela tapou um raio de sol com o braço e estreitou os olhos, tentando se situar. Depois, olhando ao redor, sentiu algo acender como a explosão de uma lamparina a gás em sua mente:

- Por que eu dormi com um homem ao meu lado e acordei com você?!

Quase foi possível ouvir os ossos de Maite se torcendo tamanha força ela empregou em apertar as mãos. Anahi suspirou, tendo uma incômoda sensação de antecipação do que estaria por vir: mais um dia em que a cunhada estava decidida a torturá-la com seus pressupostos e opiniões não solicitadas. É óbvio que Maite não estava preocupada com a questão do convite, pois invariavelmente terminaria ciente e sendo convidada. Era algo mais perto de ego ferido; ciúme por ser a última a saber. E, honestamente, entre tantas outras coisas, Anahi não se sentia na obrigação de lidar com mais aquilo.

- Porque ele teve que sair e por sorte se bateu comigo no corredor e não com alguma criada que por ventura estivesse vindo até seu quarto - ela cruzou os braços, atrevida - Você não pode ser um pouco mais discreta?

Bem... Ou talvez fosse algo mais.

- Mais discreta?! - Anahi franziu o cenho, rindo cinicamente - Eu estou no meu quarto, se você me permite a constatação. Ninguém além de Margot vem sem permissão e, por favor, nem chegamos às seis da manhã - ralhou - É você quem está sendo impossivelmente indiscreta - e acrescentou em um tom mais baixo: - Embora isso nem me surpreenda.

- E a babá de Bella que está sempre para lá e para cá no corredor? - Maite confrontou, erguendo as sobrancelhas. Se aquilo era uma briga, então ela ia revidar - E quanto a sua própria filha ou seu marido que estão praticamente no quarto ao lado?

- O que deu em você hoje, além do destempero de sempre?! - Anahi devolveu, impaciente - Eu vou repetir: ninguém vem sem que eu solicite. Margot não deixaria.

- Margot nem sequer viu quando eu peguei a chave reserva! - a outra retrucou e Anahi torceu a boca, engolindo um grunhido de ódio.

- Ninguém em sã consciência faria isso, por Deus! - disse, zangada - Deu certo até aqui. Até você chegar.

Ouvindo isso, Maite se aproximou mais, inclinando-se sobre Anahi a ponto de fazê-la erguer o rosto para olhá-la.

- Deixe eu dizer uma coisa antes que você decida encerrar o assunto - a loira simplesmente piscou, aguardando - Gosto de você, mas por razões óbvias gosto muito mais do meu irmão. Sei reconhecer quando ele está errado mas, principalmente, sei defendê-lo quando ele está certo.

Isso foi, no mínimo, inesperado. Houve um tempo de um silêncio surpreso, espantado, e então Anahi reagiu:

- Até onde eu estava informada, você estava se divertindo com isso também.

- Até ver o empenho dele em ter uma família - Mai contra-argumentou, dura. No entanto, na contramão da sua seriedade, Annie começou a rir descontroladamente, fora de proporção.

- Por favor, Maite! - zombou, ríspida - Alfonso sempre teve uma família. Esteve inclusive mais tempo com Arthur e com minha própria mãe do que eu mesma. Ele tem você, tem seus pais. Ele teve a mim e teve a oportunidade de construir uma família comigo. Quer me recordar o que ele fez? - finalizou, cruzando os braços, e a expressão maldosa que tinha no rosto deixou Maite enojada.

- Não seja cruel, Anahi - a morena censurou, balançando a cabeça em negação - Isso vai deixar de ser divertido quando ele cansar de você. Nós duas sabemos como acaba.

Depois do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora