O Acaso II - Leozin Mc

Capítulo 5

(mais um pra vocês, beijos)

Maju 🦋

Bem que me disseram que ver algo me ajudaria a lembrar. Desde que o vi e senti todas aquelas sensações, tenho me lembrado cada vez mais, mesmo que aos poucos.

Eu só queria saber o seu nome, eu não podia estar maluca e estar simplesmente sonhando com ele, eu o conhecia, eu sentia isso.

Matheus só sabe reclamar que estou cada vez mais distante. Acho que essa situação que eu tô vivendo tá me fazendo entender que eu me apeguei a ele pra ter algo definido com alguém, não por amor.

Principalmente depois de tudo que ele me fez e me faz passar a cada dia. Eu jamais senti por ele o que senti através de um olhar.

O chamei aqui pra conversar e confesso que estava com medo, medo de tá fazendo algo errado e estar sendo impulsiva, medo de me arrepender, medo dele me machucar.

Eu tinha tanta dificuldade de entender como alguém pode derramar sua alma, sangue e energia em alguém sem pedir nada em troca. Eu não entendia como isso era possível, talvez por nunca ter sentido isso por Matheus realmente.

"As 15:00 ele chega."

"Quando você estiver machucada e ele estiver bem longe, não se pergunte se você foi o bastante. O problema é que você foi mais que o bastante e ele não conseguiu carregar." eu sorri sabendo que ela estava falando algo que eu dizia sempre pra ela quando terminou com seu ex-namorado.

"Obrigada por me ajudar a abrir os olhos."

"Você tem dores morando em lugares em que dores não deveriam morar. Você já passou e passa por tanta coisa difícil, lutando pra saber quem é. Por que se permitir passar por coisa que não precisa Maria? Eu tô aqui sempre por você, você se tornou uma irmã pra mim a 3 anos atrás." eu a abracei forte e me sentei enquanto escrevia.

Não sei porquê mas escrever me faz bem. Desde rimas, até poemas, até desabafos. Não sei se é algo que adquiri agora ou se sempre fui assim, mas nada me acalma mais.

Quando Rafaella dizia que mereço coisa melhor, eu ainda te defendia por força do hábito. Ele me ama, eu gritava em meio ao choro. Ela olhava para mim com olhos derrotados, do jeito que os pais olham para os filhos quando sabem que esse é o tipo de mágoa que nem eles conseguem mudar e diz: pra mim esse amor não significa merda nenhuma se ele não faz merda nenhuma com isso.

Eu não sei o que é viver uma vida equilibrada. Quando fico triste, eu não choro. Eu derramo. Quando fico feliz, eu não sorrio, eu brilho. Quando fico com raiva, eu não grito, eu ardo.

A vantagem de sentir aos extremos é que quando eu amo, eu dou asas. Mas isso talvez não seja uma coisa tão boa porque eles sempre vão embora e você precisa ver quando quebram meu coração.

Eu não sofro. Eu estilhaço.

Mas sei que o amor vai chegar. E quando o amor chegar, o amor vai te abraçar. O amor vai dizer o seu nome. E você vai derreter. Só que as vezes, o amor vai te machucar, mas, o amor nunca faz por mal. o amor não faz jogo. Porque o amor sabe que a vida já é difícil o bastante.

Matheus tinha uma beleza tentadora mas quando cheguei perto, me feriu. Ele tinha tanto medo da minha voz, que eu comecei a ter também.

Quando estávamos numa roda de amigos juntos e eu dizia algo que não deveria, ele me apertava o braço até ficar roxo. Me fazia pedir desculpas, me tratava como meu dono. Não podia sair com batom vermelho, vulgar demais. E sempre que ele chegava perto de minha intimidade, eu sentia arrepios, eu tinha medos, traumas, como se tivesse passado por uma situação horrível no passado e não confiasse nele a ponto disso.

Eu precisei sentir algo de novo pra saber que o que eu sentia por ele e recebia, não era nem de longe amor. Se eu tivesse visto a segurança de perto, teria ficado menos tempo caindo em braços que não eram seguros.

Eu não sei se aquele menino do boné azul é meu lugar de segurança, mas por ele senti coisas que nunca senti ou não me lembrava de ter sentido.

Por minutos eu senti que pudesse ser imbatível e essa menina com medo, submissa, que sofre calada, não me pertencia. Eu nunca fui isso, eu não me permitiria passar por isso.

Escutei Matheus chegando e guardei rápido meu diário embaixo dos meus livros.

“O que aconteceu minha princesa?”

Era sempre assim, quando sentia que eu iria sair de sua vida, voltava a ser o menino que um dia ele foi.

“Quero terminar.”

“Por que?”

“Porque eu quero Matheus. E não vem me prometer mudança, prometer o caralho que for, dessa vez acabou.”

“Não acabou, vamos conversar.”

“Não tem o que conversar, eu não amo você, eu não quero você na minha vida. Começamos a namorar e eu fui pelo impulso, eu estava confusa, eu queria voltar a ser feliz, me reencontrar. Tentei tanto que acabei perdendo o controle e deixando você fazer o que quisesse comigo mas isso você não vai fazer mais. Tá vendo isso aqui?” apontei para minha borboleta tatuada em meu braço “Tatuei quando eu voltei a viver, representa pra mim superação, liberdade e muitos outros sentimentos que nunca vou saber explicar. Eu não vou me prender a ninguém, muito menos a quem acha que é meu pai pra mandar e desmandar em mim. Cansei de usar blusa longa pra tampar os roxos, cansei de não poder beber como eu gosto porque não é postura de mulher. Fodas que não é postura Matheus, quer namorar alguém perfeito namora uma Barbie. Eu sou eu, não vou mudar por ninguém.”

Ele avançou em minha direção me prensando na parede enquanto apertava meus braços e por segundos vi uma cena. Eu num beco sendo encurralada enquanto gritava por socorro. Eu havia sido estuprada, por isso todo esse medo do Matheus, principalmente quando íamos transar.

“RAFAELLA.” gritei com a força que me restava, Matheus me deu um tapa na cara e em segundos vi ela entrando e tirando ele de mim enquanto o socava.

Ele era mais forte que nós e isso era perceptível, coloquei meu celular gravando no canto e fui até a cozinha pegar uma faca, quando voltei ele estava batendo nela assim como batia em mim.

Cláudia entrou no quarto rápido e o empurrou pro chão, apontei a faca em sua direção enquanto elas chamavam a polícia.

“Você não teria coragem.”

“Você machucou minha única família, eu teria coragem de te levar pro inferno rapidinho.”