Capítulo 3

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(o que vocês acham de um grupo no wpp sobre o acaso? respondam pfv, bom dia amores)

Maju 🦋

  Matheus me deixou em casa após muita insistência da minha parte. Assim que nos despedimos, ele saiu com raiva.

Rafaella estava deitada no nosso quarto enquanto ria de algo em seu celular. Fechei a porta e prendi meu cabelo num coque enquanto suspirava.

“O que foi?”

“Aconteceu algo muito louco comigo.”

“Mais louco que sua vida nos últimos anos?”

“Muito mais.”

Peguei meu diário e sentei na mesa ao lado de minha cama.

Boné azul.
Frio na barriga.
Jóias.
Garoto alto.

Abri meu diário desde o início e comecei a ler tudo, desde os primeiros sonhos que mais pareciam lembranças.

Até quando tira a roupa dela você está procurando por mim, me desculpe por eu ter um gosto tão bom. Quando vocês dois fazem amor ainda é o meu nome que escorrega da sua língua sem querer.”

Suspirei enquanto lia, esse foi um dos sonhos mais reais. Eu olhava pro céu enquanto falava com alguém, alguém que tinha me magoado mas que eu sabia que o amava.

Bota pra torar caralho.”

Acima de tudo, eu quero te salvar de mim, te salvar de toda essa confusão que me rodeia e me afoga em mim mesma.

“Me leva pra furar a sobrancelha?”

“Você não pode me deixar Maria Júlia.

É o meu sonho, Thiago.”

Como você faz pra deixar meu fogo selvagem tão suave que acabo virando água corrente? Antes, você perguntava se um dia eu iria te esquecer, é o seu sangue nas minhas veias, me diz, como eu poderia te esquecer?

“Eu vou te amar pra sempre.”

Frases e momentos sem sentido mas que eu sabia que era algo importante em alguma fase da minha vida, por isso fazia tanta questão de anotar.

Por muito tempo eu achei que meu suposto namorado poderia ser Thiago.

As vezes meus sonhos eram desconexos a ponto de aparecer apenas eu o gritando enquanto ria ou o chamando pra ir comer.

Eu só precisava de um sobrenome, apenas um. Mas sempre foi apenas Thiago, um dos nomes mais comuns no Brasil. Nunca tentei procurar, sabia que seria sem sucesso.

Maria Júlia Fernandes. Não tem nada em lugar nenhum, não é possível que eu fosse tão anônima assim antigamente.

“Vai me falar ou não o que aconteceu?” Rafaella disse enquanto me olhava curiosa.

“Eu estava anotando pra não esquecer.”

“Já acabou?”

Eu assenti respirando fundo.

“Quando eu e o Matheus entramos na festa, eu vi um menino alto, de boné azul, com muitas jóias. Ele me olhava o tempo inteiro como se me conhecesse, aonde eu fosse ele me acompanhava com o olhar. E o estranho é que quando eu o olhei, eu senti muita coisa Rafa. Meu estômago revirou, eu fiquei feliz mas ao mesmo tempo angustiada, eu sentia um frio na barriga absurdo. Eu sentia uma vontade enorme de ir até ele mas eu jamais faria isso. Quando ele se levantou pra ir embora ele passou ao meu lado e nos olhamos a última vez, meu coração doeu tanto.”

“Mas se ele te conhecesse ele iria até você.”

“Ele estava confuso, pelo menos parecia. E se quem me conhece acha que estou morta, ele não viria em mim depois de 3 anos que tudo aconteceu, seria maluquice.”

Eu me levantei da cama tirando minha roupa e pegando minha toalha pra ir até o banheiro.

“Novamente você com essas marcas Maria?”

“Ele só estava com raiva.” coloquei a mão em cima enquanto suspirava.

“Isso não é amor, eu já te falei. Ele pode ser um cara incrível mas no relacionamento ele é extremamente tóxico, só você não consegue ver isso.”

“Ele me ama Rafaella.”

Amor não machuca. Ele só sussurra eu te amo quando desliza a mão pra abrir o botão da sua calça. É ai que você tem que entender a diferença entre querer e precisar. Você pode querer esse menino mas você com toda certeza, não precisa dele.”

Eu entrei no banheiro fechando meus olhos, abri o chuveiro enquanto sentia a água gelada batendo em minhas costas. As lembranças dessa noite vieram e por instantes meu estômago se revirou como no momento, eu precisava lembrar dele.

Me deitei após acabar meu banho, estava tão cansada que dormi assim que deitei. E mais uma vez, acordo após um sonho.

Me desculpa por não ser uma pessoa fácil e por complicar tudo ainda mais.”

"E quem disse que eu queria fácil? Eu não gosto de fácil, gosto de difícil pra caralho." eu o olhei enquanto sorria.

Era ele. Nós dois sentados no chão enquanto conversávamos, ele com cara de sono enquanto eu chorava por algum motivo. Me levantei rápido enquanto escrevia isso no diário, minha memória estava voltando, eu sabia disso.

O Acaso II - Leozin McOnde histórias criam vida. Descubra agora