O Acaso II - Leozin Mc

Capítulo 12

Leozin 🎤

Hoje era um dos dias em que Laura acordava mal humorada, não queria fazer nada apenas ficar deitada enquanto eu fazia carinho nela.

As vezes era difícil pra caralho cuidar sozinho, eu tinha mil coisas pra fazer e largava tudo pra ficar com ela, agora entendo o que minha mãe sempre dizia.

Ela finalmente dormiu depois de almoçar, tomei um banho rápido no tempo que tinha e liguei o ar condicionado pra aliviar um pouco esse calor que estava insuportável.

Me sentei no meu quarto enquanto escrevia uma nova música, coisa que eu não fazia a muito tempo já que a maioria era feita de freestyle. Queria que essa fosse especial.

Assim como Laura, hoje não era um dos meus melhores dias. Sonhei com a Maria Júlia, ela estava tão linda, como sempre foi. A saudade bateu forte, acordei cedo e não consegui dormir mais, até porquê Laura acordou querendo ficar comigo a todo instante.

Thiago: Caralho Léo, ficou foda. - Thiago disse assim que atendeu a ligação após escutar a próxima que vou lançar.

Leozin: Gostou mesmo mano?

Thiago: Vai quebrar demais, ficou muito boa.

Leozin: Campainha tá tocando, espera aí.

Fui até a porta enquanto olhava a bebê eletrônica vendo Laura dormindo tranquila.

Assim que abri, era ela, a garota da festa. Paralisei enquanto a olhava, não soube nem o que falar.

“Oi Leonardo.” era a Maria Júlia, é a voz dela. Eu nunca esqueci, mesmo depois desses anos.

Thiago: Porra, a voz é igual da Maria Júlia.

Leozin: Vou desligar irmão, mais tarde te ligo.

Thiago: Usa camisinha.

Leozin: Vai se fuder.

Desliguei a chamada guardando celular no bolso e ainda a olhava esperando qualquer coisa, não podia ser ela, não tinha como ser ela.

“Quem é você?”

“Você sabe quem eu sou Leonardo, você não conseguia parar de me olhar naquela festa.”

“Mas como, como isso é possível?” eu a olhava sem entender. Comecei a chorar na sua frente e não sei se de alegria, alívio ou me sentindo mal por ficar 3 anos lamentando algo que nunca aconteceu.

Mesmo sem jeito ela me abraçou e mesmo que fosse difícil de acreditar, eu sabia que era ela.

“Posso entrar? Nós precisamos conversar.”

Eu a dei passagem e ela entrou me esperando. Sentei no sofá e a fiquei olhando esperando a mesma falar.

“Quando a Laura nasceu, eu tive 3 paradas cardiorrespiratórias e por isso você não pôde ficar na sala. Na última, meus batimentos estavam muito fracos, eu não sei ao certo o que aconteceu mas eu perdi a memória. Como eu não reagia, eu fui dada como morta por morte cerebral e por isso a notícia que eu não havia sobrevivido. Cláudia que trabalhava no hospital mas na área do necrotério, me acolheu em sua casa com sua filha Rafaella e desde então nós ficamos tentando descobrir quem eu era. Geovanna estava tão aflita que escreveu a ficha super mal escrita e nela estava Maria Júlia Fernandes, nós procuramos em tudo por este nome mas não achamos nada. Foi passando o tempo e depois do primeiro ano, eu comecei a sonhar mas na verdade era minha memória voltando aos poucos. Eu sempre chamava Thiago nos sonhos ou lembrava de momentos nossos mas em momento algum rostos, somente conversas ou eu falando, e eu comecei a anotar tudo aqui na esperança de um dia eu ler e conseguir lembrar de tudo. Os médicos diziam que a forma mais eficaz da memória voltar é através de cheiros, pessoas ou fotos, mas eu não tinha nada disso então foi ainda mais complicado. Quando eu te vi naquela festa, eu senti coisas que eu não tinha sentido nunca até então e eu sabia que te conhecia de algum lugar, eu sentia isso. Então eu anotei quando cheguei em casa e fiz de tudo pra me lembrar até que um dia eu sonhei com seu rosto e aí tive mais certeza que te conhecia. Depois sonhei com seu nome e aí começamos a pesquisar Thiago e Léo e coisas do tipo até encontrar vídeos nossos. Quando encontrei, foi tudo se encaixando e minha memória voltou. Até hoje às vezes minha cabeça dói e eu me relembro de algo que eu não lembrava, minha memória tá praticamente de volta. Eu estava com medo de chegar na vida de vocês de novo depois de 3 anos mas eu sabia que era egoísmo meu viver deixando vocês com essa dor e sem poder conhecer a minha filha.”

Ela me entregou seu diário e eu sorri vendo as coisas escritas, momentos de quando nos conhecemos, momentos de quando ela foi embora pro Canadá ou quando voltou, como ela me descreveu no dia da festa.

“Se você tivesse me escutado desde o início e não ter optado por cremação, nada disso teria acontecido.”

“Supernatural me ensinou que tem que ser cremado e assim vai ser.” ela sorriu e eu acabei sorrindo a olhando mesmo que minha cabeça estivesse a milhão.

Por impulso eu a abracei forte, ela começou a chorar sem parar e eu só sabia fazer carinho em seu cabelo.

“Foi tão difícil viver assim Léo, eu me sentia uma estranha, não sabia quem eu era, de onde eu era, não sabia nada. Aquele garoto da festa me fez tão mal.”

“Depois a gente conversa de tudo, você ficar tentando me contar agora vai só piorar.”

Eu a ficava olhando como quando nós éramos adolescentes, eu só sabia sorrir enquanto olhava cada parte do seu rosto.