O Acaso II - Leozin Mc

Capítulo 39

Maju 🦋

@maju.lamounier: indo encerrar um ciclo que eu nunca quis que tivesse um fim...

Nós havíamos acabado de chegar na praça, onde haveria a última batalha da aldeia. Veio todos os mc's, desde os mais antigos até os que apareceram a pouco tempo.

Mesmo que a maioria estivesse feliz de estar se reencontrando, dava pra ver o quanto era difícil encerrar um ciclo que abriu tantas portas pra gente e que fez todo mundo tão feliz.

Abracei Salvador, Mike, JayA e alguns mc's que apareceram depois que nós já havíamos afastado mas que ainda sim, todos tínhamos uma boa convivência.

Bob tinha lágrima nos olhos vendo todos nós reunidos, hoje seria a maior edição já vista, nunca tinha visto tanto mc em um lugar só.

“Você fez história.” disse assim que abracei ele que acabou chorando.

“Porra, terminar isso é doloroso pra caralho.” ele disse assim que abraçou Léo.

“Se pra gente tá doendo demais imagino pra você que esteve em praticamente todas as edições em todos esses anos.” Léo falou enquanto me abraçava de lado.

“É uma rotina né mano, fica difícil terminar isso. Mas fico feliz mesmo que vocês vieram, vocês estavam aqui no início de tudo, viveram tudo isso comigo, a proporção que tomou, gratidão mesmo.”

“A aldeia marcou a vida de muita gente no país inteiro, imagina da gente que sempre esteve pertinho, a gratidão é nossa Bob.”

Ele foi conversar com o restante e eu observava aquele local que depois de tanto tempo continua literalmente igual.

Alguns fãs que vieram prestigiar o último dia, pediram pra tirar foto. Ficamos tirando foto por quase uma hora até começar a batalha.

Hoje foi de dupla e era muita gente, eu e Thiago fomos juntos e me lembrei do início de tudo. Um arrepio percorreu meu corpo assim que a plateia começou a puxar o grito, e eu me senti igual no início de tudo, onde a gente nunca imaginou como seria o fim.

Léo me olhava sorrindo enquanto eu rimava, estávamos todos enferrujados mas era um misto de emoções tão foda que a gente só queria se divertir.

Hoje não teria folhinha, era mais despedida. A folhinha da última batalha foi dada na última edição e sim, Kant ganhou e continuou o maior campeão da batalha da Aldeia.

Assim que sai do palco, Léo subiu com Krawk, todos foram fazendo um rodízio pra dar pra todo mundo participar. A plateia ia a loucura e olha que as rimas nem eram tão elaboradas como antigamente, tava tudo mais leve visto que tinha pessoas que não rimavam a anos como eu.

Léo acabou se emocionando junto comigo na última que juntou todo mundo, nós nos abraçamos e todo mundo gritava. Muita gente da plateia chorava também, era o fim de uma coisa que marcou tantas pessoas.

“Eu vivi muita coisa aqui com vocês. Me abriu portas, me fez conhecer pessoas incríveis que viraram família pra mim e foi aqui que conheci o garoto que eu amei e amo até hoje e foi nesse mesmo palco que eu fui pedida em namoro. Se não existisse essa batalha, a vida da gente não seria o que é hoje, então me dói muito saber que é o fim disso por ser algo tão importante pra mim. Obrigada a equipe que sempre fez tudo e se dedicou tanto pra ser entregue o melhor ao rap nacional. Obrigada a cada um dos mc's que conheci e foram inspiração pra mim. Obrigada ao Refel por ser meu maior pato aqui nessa batalha e obrigada a vocês que fizeram isso acontecer, se não fosse a plateia que temos tanto aqui, quanto na internet, não teria acontecido tanta coisa nas nossas vidas. GRATIDÃO ALDEIA.” eu tentei ao máximo não me emocionar mais mesmo que estivesse dado errado.

Todos falaram um pouco, já passava da 00:00 e ninguém queria que tivesse fim. Alguns começaram a cantar mas eu só queria curtir, fui pro meio do povo junto com Alvarenga e comecei a pular enquanto ele gravava seu último vlog da aldeia.

Assim que terminou, muita gente foi indo embora e a praça ficou apenas os de sempre. Fael e Kant saindo na porrada brigando assim como nos velhos tempos, Thiago e Léo disputando mesmo que nenhum tivesse mais o que falar pro outro na batalha, Alvarenga gravando e sendo zoado de sem dicção enquanto Krawk fica gadeando as minas por aí.

Eu só observava tudo de longe pedindo a minha mente pra não esquecer nenhum detalhe do que vivi aqui e muito menos as sensações que já senti. Sempre foi tudo incrível, feito mágica.

Quando deu a hora, todos nós decidimos ir até o mc donalds comer pra relembrar os velhos tempos pela última vez. Chegamos todos juntos chamando a atenção como sempre, ainda mais pela gritaria dos meninos.

“Você tá bem?” Léo sussurrou em meu ouvido enquanto fazia carinho em meu cabelo.

“Nunca fui boa com despedidas.”