01 | O PRIMEIRO DIA

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— ANY GABRIELLY

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— ANY GABRIELLY

Espero que um de vocês volte para me lembrar de quem eu eraQuando eu for desaparecendo

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Espero que um de vocês volte para me lembrar de quem eu era
Quando eu for desaparecendo

ALL FOR US | Labrinth ft. Zendaya

Um. Dois. Três. Faltavam exatamente três passos para que eu cruzasse as portas da escola e adentrasse o corredor principal onde os armários estavam dispostos e também onde a maioria dos alunos se encontravam antes que as aulas se iniciassem, esse que era tão extenso que eu mal conseguia ver seu fim. Enquanto isso, os veteranos passavam por mim, lançavam olhares curiosos e algumas risadas malvadas. O que era de se esperar levando em conta que há algumas semanas, no início do período do ano letivo, não seria surpresa a escola receber uma aluna estrangeira, mas agora eu já era vista como uma grande novidade. 

Reconhecia que a maior parte do meu nervosismo — esse que me impedia até mesmo de andar — se devia ao medo de não ser aceita e não me encaixar. Além disso, o fato de ter crescido assistindo comédias românticas em que garotas estadunidenses são extremamente intimidadoras, não ajudava em nada no momento. Foi com esses mesmos filmes que eu aprendi que basta um pequeno deslize para se tornar motivo de chacota pelo resto do ano.

Precisei de mais de um minuto para me recompor, ajeitei a postura, assim como ergui a cabeça, também soltei a mão que segurava a única alça da mochila prendida ao meu ombro e quando finalmente tomo coragem para entrar no prédio, não hesito em transparecer a maior serenidade possível no rosto. Se eu estava tão nervosa assim, ninguém precisava saber. 

Tomei o cuidado de decorar o número do armário quando conheci as instalações na tarde anterior, na qual meus pais fizeram questão que eu os acompanhasse para conhecer o local em que estudaria nesse ano. Eles estavam tentando serem bons pais e independente de praticamente terem sidos obrigados a deixar o Brasil pela minha carreira, eles não manifestavam nenhuma categoria de indignação. Pelo contrário, deixavam claro que estavam amando a Califórnia.

E mesmo que eu odiasse aquele clima demasiadamente seco e as comidas industrializadas, teria que me adaptar de qualquer maneira. Principalmente, sabendo estar prestes a construir minha fama como pilota e que Los Angeles significava o pontapé inicial desse sonho. Ainda que já fosse conhecida no meu país, sempre imaginei ser reconhecida internacionalmente pelo meu trabalho. Entretanto, enquanto não ganho o Los Angeles Karting Championship — o campeonato que passarei o ano treinando, eu ainda sou uma adolescente normal que tem uma aula dentro de cinco minutos.

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