— JOSH BEAUCHAMP
Era tudo o que precisávamos
Você desenhou estrelas ao redor das minhas cicatrizes
Mas agora estou sangrandoCARDIGAN | Taylor Swift
"Bom dia :) Precisei resolver algo. Espero que tenha dormido bem ♡"
Os primeiros sinais de uma ressaca árdua espalham-se pelo meu corpo. Minha cabeça dói e meu estômago quer expelir cada grama de conteúdo restante dentro de sí. O post-it que me encara sobre a mesa de cabeceira potencializa meu mal-estar. Agora, meu coração também dói...
E o enjoo não é somente resultado de encher a cara ontem.
Deitado de bruços, pressiono meu rosto contra o travesseiro. Grito. Apesar de usar toda a minha força nas violentas vibrações das minhas cordas vocais, tudo o que se escuta são ruídos abafados. Grito de novo, dessa vez até perder o fôlego. Viro meu corpo, desesperadamente buscando um pouco de ar. Sinto meus músculos tremerem acompanhados de uma onda de calor vibrando no meu corpo. A cada lembrança da noite passada que vem a mente, nos pequenos momentos aonde recobro a consciência, essa sensação ganha mais espaço dentro de mim.
Em uma fração de segundo a luminária ao lado do bilhete voa pelo quarto. Depois a poltrona, a mesa, a cadeira e qualquer coisa ao meu alcance que consiga cumprir o papel de expurgar o quanto meu coração queima naquele segundo. Mesmo com a minha respiração ofegante ecoando alto, eu ouço o clique da maçaneta e a porta sendo aberta.
— Me deixa em paz, Savannah! — Minha voz sai em um grito rouco pelo esforço recente.
Evito olhar para ela. Ao invés disso, massageio minha têmpora ardente. Detesto que Sav me veja dessa forma, isso só potencializa minha agonia. A caçula não executa minha ordem, pelo contrário, em pequenos e cuidadosos passos ela se aproxima de mim. Algo no meu interior está furioso por ela não me obedecer, a outra parte está receosa por sua presença em um momento tão frágil da minha consciência que pode não acabar bem. É só quando sinto os braços mais volumosos envolverem meu corpo que me dou conta da presença ser na verdade minha mãe, mas isso não faz eu me sentir mais seguro.
Fazem tantos anos desde a última vez que ela me tocou de maneira tão intima que nem sequer me lembro. O choque dos nossos corpos é estranho e desperta uma reação ainda mais peculiar dentro de mim. Tudo parece errado de alguma forma. Eu tento fugir do contato, me debatendo agressivamente. Úrsula não cede, não fala nada, não me repreende. Ela apenas me pressiona com mais força, sem me soltar.
Olho por cima do ombro, só para confirmar ser minha mãe mesmo ali, em carne e osso. É ela. Seus olhos azuis são únicos demais para pertencer a outra pessoa. Meu coração vacila um pouco, apertado dentro do peito como se estivesse envolto em correntes pesadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
RUN 🏁 !¡ BEAUANY
FanfictionAny Gabrielly é a pilota mais famosa no ramo do kart brasileiro. Ao se mudar do Brasil com destino a Los Angeles para concorrer a corrida mais importante de sua vida, ela conhece Josh Beauchamp, seu colega de equipe. A brasileira que sempre foi obce...