— ANY GABRIELLY
O que não te mata te fortalece.
Eles dizem isso diariamente. Você encontra essa frase em parachoques de caminhões ou grafadas em muros. São, com toda certeza, palavras motivadoras. Mas, sempre me deixaram uma dúvida: Qual a dose necessária de sofrimento para nos fortalecer? Onde está o tênue limite que transforma a força em fraqueza letal? Por que precisamos sentir o gosto da morte para ressurgir de maneira forte?
Coloco o copo com suco de laranja na bandeja. Tem torradas com abacate, salada de frutas com granola e também uma xícara com café sem açúcar. A manhã na mansão dos Beauchamp era exatamente como eu imaginei. Silenciosa. Eu nunca havia demorado tempo o suficiente ali para aproveitar o café da manhã ou acordava tarde o bastante para perder o horário da primeira refeição do dia. Foi o que acontecera naquela atípica manhã de Terça. Nosso apartamento ainda estava sofrendo os últimos ajustes, então Josh e eu nos revezávamos entre a minha casa e a mansão luxuosa dos seus pais. Claro que era muito mais difícil para ele escalar a parede e entrar pela janela do meu quarto, ao invés da simplicidade de cruzar o portão da sua residência e me levar para dentro. Apesar de odiar sua família, eu fazia esse sacrifício de ficar aqui com ele algumas vezes, porque com certeza um dia as habilidades de homem-aranha de Josh Beauchamp irão falhar e ele vai quebrar no mínimo as duas pernas tentando entrar na minha casa sem meus pais verem.
Priscilla quase nunca está por lá. Sei que ela está me evitando desde a nossa discussão. Ela sente medo de mim, do modo como minha fraqueza virou de alguma forma meu maior poder, ela tem medo que eu dê com a língua nos dentes. Talvez ela não saiba, mas não sou capaz de fazer isso. O motivo é bem simples...
Sinto uma mão na minha cintura.
Eu conheço bem aquele toque, não é Joshua. Um desespero momentâneo me preenche porque eu sei quem é.
— Você não me fazia café da manhã quando éramos namorados. Muito menos andava só de camisa por aí, amor. — Sua voz é grave, pouco acima do meu ombro. Ele tem o poder de me congelar naquele lugar.
Inconscientemente, estou esperando qual vai ser a ofensa que ele vai me dirigir. Coloco a bandeja de volta no balcão de mármore. Minhas mãos tremem de nervosismo. Me sinto péssima por estar aqui, em sua cozinha. Mal posso me defender porque, sobretudo, aquela casa é dele também.
— Minha linguagem de amor não ironicamente só funciona com as pessoas que eu amo. — Respondo baixo, entretanto confiante, um pouco sarcástica também.
— Você ama aquele merdinha, Any? Esperava mais de você. — Jasper continua falando perto do meu rosto.
Estou encurralada entre suas mãos, não há como sair da pequena prisão que o Beauchamp construiu ao redor de mim. É assustador sentir meu corpo tão próximo ao dele.
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RUN 🏁 !¡ BEAUANY
FanfictionAny Gabrielly é a pilota mais famosa no ramo do kart brasileiro. Ao se mudar do Brasil com destino a Los Angeles para concorrer a corrida mais importante de sua vida, ela conhece Josh Beauchamp, seu colega de equipe. A brasileira que sempre foi obce...