Any Gabrielly é a pilota mais famosa no ramo do kart brasileiro. Ao se mudar do Brasil com destino a Los Angeles para concorrer a corrida mais importante de sua vida, ela conhece Josh Beauchamp, seu colega de equipe. A brasileira que sempre foi obce...
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Boa leitura!
— ANY GABRIELLY
Mãe, olhando pra mim Me diga: O que você vê? Sim, eu perdi minha cabeça Papai, olhe pra mim Algum dia serei livre? Será que eu passei do limite?
ALL THE THINGS SHE SAID | t.A.T.u
A Guerra Fria foi um conflito um tanto quanto silencioso entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos. Durante anos, trocando "farpas" — competindo para ver quem tinha o maior conhecimento balístico e qual nacionalidade teria o primeiro homem a pisar na lua — eles nunca chegaram a um combate físico. Minha família era a melhor representação de uma guerra fria, ambos os lados tinham divergências, mas no fim, nenhuma gerou um combate. Eu nunca havia confrontado minha mãe. É claro que eu imaginei aquele dia muitas vezes, de formas muito distintas e por motivos completamente diferentes. Nenhuma dessas ocasiões me preparou para a situação real onde eu me senti, não apenas tentada a ir contra a rigidez de Priscilla, mas finalmente com a coragem necessária para fazê-lo.
Minha conversa com Heyoon no restaurante, me deixou mais reflexiva que o habitual. Talvez tenha sido a forma desagradável na qual nosso encontro foi encerrado ou as coisas que eu lhe disse, as quais na verdade, eu gostaria de ouvir. Fazia algum tempo que eu encarava o teto branco de gesso, esmagada pela confusão dos meus pensamentos, quando tomei a decisão de me levantar. Me senti indo para júri popular acusada de um crime grave, ironicamente, eu era a vítima.
Repeti para mim mesma que só precisava apresentar todos os argumentos plausíveis e Priscilla me daria sua aprovação. É, o diálogo com Jeong realmente despertou algo dentro de mim. Eu me vi tentada a viajar, sozinha, para a Europa e descobrir se a vida realmente podia ser miserável em qualquer lugar. Para comprar a passagem com destino a Paris, eu precisava comunicar a minha mãe, porque por mais distantes que estivéssemos agora, ela ainda cumpria esse papel na minha vida.
Na cozinha, mamãe folheava a edição mensal da Vogue. Seus olhos julgavam as modelos, semelhante aos olhares impiedosos que sempre foram dirigidos a mim. Notei quando ela suspirou impaciente e jogou a revista sobre a mesa, bebendo um gole mínimo de suco que certamente havia sido preparado pelo o meu pai. Em contraste, Silvio comia uma torrada como se tivesse uma bomba na boca, medindo a força de seus dentes para não mastigar alto ao ponto de provocar a fera. Mas, ela já estava furiosa e não eram mais do que sete horas da manhã. Eu quis voltar para trás e deixar meu pedido para outro dia, outra semana ou quem sabe anos depois. Fiquei congelada em frente a escada sem saber o que fazer da minha vida, dilacerada por uma epifania. Fazia muito tempo que eu me encontrava daquela forma, esperando o dia em que eu pudesse viver minha vida enquanto agradava mamãe, para ela ficar feliz, de bom humor e relaxada, porém, ao mesmo tempo, eu me afundava em um mar de antônimos daquelas sensações.