— Eu já disse Camila, está tudo bem com ele. — Manelik dizia já impaciente no telefone durante a chamada de vídeo. — Bebês dormem muito, é normal.
— Mas ele tá respirando? — Camila perguntava pelo o que deveria ser a décima vez. Desde que Peter Micael havia sido desentubado no início da semana anterior, a cacheada ficava cada dia mais preocupada e não o havia abandonado um dia sequer. As enfermeiras a odiavam por serem chamadas com tanta frequência, mas não tanto quanto odiavam ao Thomas Holland que sempre tinha alguma crítica ou reclamação a fazer sobre a forma como estavam tratando seu filho.
Ele era o legítimo pai superprotetor preocupado cem por cento do tempo a ponto de passar a noite toda acordado apenas observando-o dormir a fim de ter certeza de que não aconteceria nada ao seu filho.
Camila e Thomas haviam concordado que jamais esconderiam de quem Peter Micael era filho, as origens seriam preservadas assim como o respeito pelos pais que haviam falecido antes mesmo de conhecerem a criança que tanto amavam. O luto ainda doía, os dois sabiam que jamais se esqueceriam de May e Micael, haviam sido importantes demais para isso e eram sempre lembrados principalmente nos momentos em que a presença deles seria significativa.
Porque o luto é um processo de várias fases e é preciso passar por todas elas. O luto em si não é um problema, mas passa a ser quando não é tratado com a sua devida relevância. Negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Estas são as etapas do luto, às vezes não ocorrem necessariamente nesta ordem, mas independente disso, precisam ser superadas.
Os dois já haviam passado pela negociação, depressão e negação, e estavam na raiva. Uma raiva absurda que seria sanada assim que o plano se concluísse no final daquela noite.
Há um mês atrás começaram a planejar tudo o que fariam, os passos que dariam para que conseguissem finalmente acabar com Adria e Harrison Osterfield. Foram noites em claro, negociações valiosas até que conseguissem chegar onde estavam: a algumas horas de se vingar das pessoas que mais os fizeram mal.
Camila e Thomas estavam descendo do avião na Austrália, num aeroporto clandestino da máfia azul. Todo um plano minucioso havia sido elaborado para aquela noite, tinham planejado a vingança perfeita para tudo o que os Osterfield haviam feito, eles iriam pagar, finalmente.
A cacheada se espreguiçou quando seus pés tocaram o chão firme, alongando o pescoço logo em seguida. Havia sido uma viagem cansativa e sua mente estava exausta, mas sabia que precisava se focar e principalmente estar descansada para o que aquela noite pediria. Era o dia em que finalmente faria aqueles filhos da puta pagarem por terem mexido com sua família, e queria fazer isso com toda a sua força.
Brasil e Mariano desceram logo em seguida, ambos bocejando audivelmente, pareciam estar escorados um no outro devido a preguiça.
— Eu não sei que porra é essa que você me deu, mas é da boa. — Brasil comentou coçando o olho.
— Foi só um antialérgico. — Mariano respondeu piscando lentamente para sentir a visão desembaçar depois de ter dormido tanto.
— Eles tem uma boa metodologia, você não vai ter reação alérgica se estiver em coma. — Anderson comentou se segurando no corrimão e soltando mais um bocejo.
Os dois haviam estabelecido uma relação extremamente fraternal, sequer pareciam terem sido separados há alguns anos atrás. Finalmente haviam encontrado sua família de sangue, uma que se levava além do laço sanguíneo e tornava a relação ainda mais bonita. Até mesmo José havia se mostrado tão empolgado por ter os irmãos de volta e um lado carinhoso jamais visto antes estava a mostra a todos que quisessem ver.
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Lealdade (CONCLUÍDA)
AcciónQuando Camila Azablanca completou 10 anos, Germano, seu pai e o líder de todo um império mafioso, foi assassinado em uma missão. Desde então, a garota passou a receber treinamentos árduos para que seja a sucessora de tudo o que sua família havia con...