Capítulo 46 - Siga o plano

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Camila segurava firmemente os cabelos de Amanda que estava debruçada sobre o vaso sanitário, vomitando toda a comida que havia acabado de comer.

Faziam algumas semanas desde o último contato direto com os Osterfield, e estranhamente haviam parado de insistir em conversas e passeios, pareceram entender que Camila não sairiam da enfermaria enquanto Dulce não estivesse melhor. Mas igualmente estranho, eles passaram a mandar comida 3 vezes ao dia por todos os dias, incluindo roupas limpas e quentes, além de ter adotado uma mania esquisita de vigiá-las através da porta dificultando a elaboração do plano de fuga.

Camila, Amanda e Mariano, irmão de Brasil, haviam bolado um plano para conseguir escapar daquela ilha. A cacheada aceitaria a proposta de casamento de Harrison com a condição de utilizar o telefone dela para dar a notícia a Thomas e fazer com que May e Dulce fossem libertas. A desculpa seria ter a reação de Holland em primeira mão para sentir a decepção, enquanto as duas conseguissem se safar sem nenhum arranhão. Mas por trás disso tudo, nenhum dos Osterfield sabia que no celular de Camila havia um microchip que captava sua localização onde quer que estivesse, então a parti dali precisava contar com a inteligência dos amigos e do namorado para terem religado o microchip, já que elas sabiam que o telefone ainda estava na ilha porque Mariano o viu dentro de um cofre.

A principio não entenderam, já que Susana sabia sobre o microchip e deveria ter sido a primeira coisa que havia dito. As explicações eram raras, mas os três deduziram que ela provavelmente sabia que poderia ser traída em algum momento e guardou a informação. "A maior defesa contra traidores é a traição", a frase dita por Susana antes de ser levada fez sentido a partir daí.

— Péssima hora para não gostar de alguma coisa, querido... — May disse morosa enquanto alisava a barriga com a voz arrastada, fazendo Camila rir nasalado.

— Acho que ele sente falta daquela coisa gosmenta. — Brincou, ajudando-a a se levantar do chão.

— Não fala isso nem zoando. — May ralhou caminhando até a pia para enxaguar a boca.

— Talvez o neném tenha gostos peculiares, tipo a mãe por gostar do pai.

— Ah, cala a boca, não fala assim dele. — Amanda riu, sentindo o coração apertar pela saudade. Queria poder ter alguma notícia, saber se Micael estava bem, se estava se cuidado, se estava sabendo lidar com a perda do pai. Era doloroso imaginar que talvez estivesse se afundando por não saber lidar com o que estava sentindo, mas provavelmente seria exatamente isso que estivesse acontecendo.

— Chegou cedo, pateta. — A voz mansa de Dulce chamou a atenção das duas garotas, que se viraram para porta e viram Mariano com três vasilhas nas mãos.

— É que estava com saudades de te irritar, pequena. — Saudou entregando uma das vasilhas a ela, que sorriu em agradecimento.

— Me irrita que te soco. — Dulce ralhou puxando a vasilha e a abrindo.

— Quem sabe no dia que você crescer meio metro você consiga pelo menos atingir meu joelho, pequena! — Mariano debochou indo até às duas garotas que observavam a cena com um sorriso saudoso, já que o convívio dos dois era idêntico ao de Brasil e Dulce. — Que foi?

— Nada, só me lembrou algo. — Camila respondeu suspirando ao apanhar a vasilha e salivar com o que havia dentro: 'scones recheados com geleia de frutas vermelhas. Quanto tempo não comia algo tão bom assim?

— Ah, eu quase me esqueci... — Mariano tateou os bolsos procurando por algo. — Já faz uns dias que queria te entregar, mas sempre me esquecia.

— O que foi? — A cacheada perguntou curiosa, enchendo a boca com um dos bolinhos.

— Sabe, no dia em que Dulce veio para cá e você sabe, sua mãe... Morreu... — Iniciou parecendo selecionar as palavras que usaria. — Sinto muito por ela.

Lealdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora