Capítulo 25 - José Antônio e Manelik

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— Você brincava na rua? No meio dos carros? — Camila perguntava chocada ao amigo brasileiro que contava animadamente sobre sua infância no morro do Vidigal.

— Cams, juro por Deus que era uma das melhores coisas da vida. — Respondia entusiasmado — Eu não me lembro tão bem, mas sei que passava quase o dia todo na rua brincando com meus amigos.

— Caralho, e seus pais?

— Minha mãe trabalhava numa casa do outro lado da cidade e meu pai era pedreiro, passavam o dia todo fora. — Dizia sempre cheio de nostalgia, como se quisesse voltar no tempo e reviver aqueles momentos.

— E você sente falta?

— Lilo me fez a mesma pergunta, sinto falta de algumas coisas. — Brasil suspirou antes de voltar a falar. — A gente podia só passar lá? Não sei, ver como estão as cosias atualmente...

— Depois de deixarmos Gabriel, o que acha? — Camila sugeriu, sorrindo levemente ao tocar o ombro do amigo.

— Perfeito, Lilo vai ficar feliz em saber que deixei o orgulho de lado. — Ele suspirou satisfeito.

— Falando nele, como estão as coisas entre vocês dois? — A garota perguntou, fazendo-o sorrir de lado parecendo selecionar o que contaria.

— Estamos bem, e nos conhecendo bastante numa sintonia foda pra caralho. Eu o ensino a atirar e a se defender, e ele me ensina a magia do prazer. É uma troca interessante.

— Você é um idiota. — Camila riu, acomodando no banco traseiro e revirou os olhos quando Holland a observando pelo espelho no banco do passageiro. — Sabe que se alguma coisa acontecer a ele, eu acabo com você, né?

— Achei que você me defenderia, sou quase seu irmão. — Brasil levou a mão no peito fingindo estar ofendido.

— Estou falando sério, acabo com você num piscar de olhos. — Camila socou a palma da própria mão, como se o ameaçasse.

— Eu sei que você me ama. — A garota apenas riu revirando os olhos. — Mas Lilo me faz bem demais, ele é simplesmente incrível.

— Eu sei. Lilo consegue ver coisas boas em qualquer pessoa e dar em cima também.

— Espero que ele não continue dando em cima de todo mundo assim. — Resmungou, cruzando os braços. Camila riu divertida ao notar que o amigo estava sendo fisgado, mas ao se recordar de quem Lilo era filho uma grande dúvida se formou em sua cabeça.

— Você já contou pra ele sobre a máfia?

— Uma vez eu comecei, mas ele começou a me falar sobre a mãe dele. — Brasil respondeu, remexendo-se sobre o banco.

— Lilo não me falou muito sobre ela, apenas que ela fugiu quando ele tinha uns 13 anos e sumiu para outro país.

— Brasil, ela pegou uma fortuna sumiu para o Brasil. — Puxou então uma fotografia do bolso. — Lilo me disse que ela fugiu sem deixar vestígios e que o pai dele nunca mais a viu, mas que acredita que ela é a madrasta de Gabriel.

— O quê? Ele tá maluco? Seria muita coincidência. — Camila apanhou a fotografia para ver.

"Parece a moça das fotos"

Era uma mulher alta, muito semelhante a Lilo, mas seus cabelos eram castanhos escuros e seu corpo incrivelmente magro, diferente do filho que possuía cabelos platinados e era um pouco acima do peso.

— Eita porra. — Foi tudo o que ela conseguiu dizer ao levar a mão a própria boca.

— Lilo acredita que é porque teve acesso as pastas com as fotografias dos pais de Gabriel, e a da madrasta estava incluída. — Respondeu também observando a fotografia na mão de Camila, notando as diversas semelhanças com o namorado.

Lealdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora