Capítulo 49 - Redenção

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Aquele deveria ser o quinto copo de café de Thomas em menos de uma hora. Fazia algumas semanas que haviam resgatado suas garotas, e as coisas estavam longe de ficar bem.

A começar por Dulce, que tinha o estado menos preocupante de todos os feridos. Apesar de estar abaixo do peso e não conseguir dormir mais sozinha, o pé quebrado havia sido engessado no momento em que chegaram no hospital e depois daquilo, ela fez os irmãos brasileiros de chofer para levá-la onde quisesse pelo hospital.

Micael, por outro lado, teve diversos órgãos perfurados e balas alojadas em alguns deles, inclusive no cérebro, chegando quase morto, mas foi devido a uma complicação em uma das cirurgias que se encontrava em coma. Ele dependia de aparelhos para continuar vivo, não reagindo a nenhum dos sinais.

Amanda, que já estava assustadoramente magra para uma grávida, mal conseguia comer desde que recebera a notícia, ela passava quase o dia todo ao lado dele conversando ou chorando, May se culpava mais do que nunca e tudo o que queria era poder reverter aquela situação e não ter saído de casa naquele maldito dia.

— Eles disseram que talvez fosse melhor deixá-lo partir, porque já tem quase um mês. - Amanda comentou chorosa da última vez que Thomas esteve no quarto há algumas horas, não estava pronta para dizer adeus na verdade não teria sequer a chance de se despedir.

Por mais que o último diálogo entre May e Micael tivesse sido memorável, era doloroso imaginar que poderia criar um filho sem o pai que tanto o amaria. Tinha tanta coisa que queria dizer, tanto a fazer. Mas Amanda já começava a acreditar que talvez não teria mesmo nenhuma chance de nada disso, e usava o primo para desabafar e desabar quase todos os dias.

Thomas, que estava a alguns quartos do de Micael, suspirou pesadamente ao segurar a mão quente de Camila, alisando a palma com o polegar.

— Acorda, baby, por favor. — Sussurrou mais para si do que para a namorada sem esconder as emoções que tanto o assustavam.

Desde que havia sido resgatada, Camila passou por duas cirurgias para remoção dos projéteis de bala e uma outra de reconstrução de pele devido aos choques, já que Jasper havia queimado gravemente a pele da garota com o tazer.

Thomas temia que ela ficasse na mesma situação de Micael e entrasse em estado vegetativo. Camila mal respondia aos sinais do médico, mesmo que os últimos exames mostrassem que ela estava melhorando.

— Você tá mais pra rei bundão. — A voz de Dulce se fez através da porta, chamando atenção de Tom.

— E você é uma criança demoníaca, mas nem por isso eu reclamo. — A de Brasil também, visivelmente implicando com a criança.

— Criança demoníaca com o pé quebrado porque o rei bundão quebrou. — Um silencio se fez até que eles aparecessem na porta e a expressão de Dulce denunciava o quanto se divertia em ver a culpa no rosto do amigo.

— Você é uma manipuladora chantagista, sabia disso? — Os dois cruzaram a porta rindo juntos e Thomas sorriu minimamente, sentia falta da implicância que um tinha com o outro.

— Oi Thommy, viemos ver vocês dois. — Dulce o cumprimentou empurrando a cadeira para mais perto do irmão. — A tia Camila já acordou?

— Claro que acordou, ela tá de olhos fechados para trollar. — Brasil debochou fazendo Dulce revirar os olhos bufando.

— A conversa ainda não chegou no reino do bundão, fica quieto. — Ela ralhou fazendo o brasileiro resmungar.

— Pipipi popopo. — Anderson novamente debochou caminhando até o outro lado da cama onde Camila estava. — Cams só tá descansando, daqui a pouco abre os olhos e sai socando e chutando todo mundo de novo.

Lealdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora