Capítulo 47 - Perder quem ama - Parte 01

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O corredor parecia ser ainda mais extenso do que o comum. Camila caminhava vacilante ao lado de Harrison, com o coração acelerado em um ritmo assustador, torcendo para que Thomas, Micael e todos os seus amigos tivessem tempo suficiente para que as encontrassem, já que estavam correndo contra o relógio àquela altura.

— Me desculpe pelo o que ocorreu na enfermaria... — Harrison iniciou um diálogo, fazendo a cacheada o encarar com suspeita. — Deixei meu lado emocional falar mais alto do que o racional.

— Emocional falar mais que o racional? — Camila perguntou confusa, só querendo que aquele assunto se encerrasse logo.

— Quando suas emoções falam mais alto que a razão. — Pareceu embaraçado ao se justificar, fazendo a cacheada o encarar surpresa.

— Eu sei o que esse termo quer dizer, mas não o que você quis dizer com isso. — Harrison suspirou, virando o olhar incrivelmente azul na direção de Camila que tinha as sobrancelhas arqueadas pelo rumo daquela conversa.

— Nós dois, Milinha, fomos feitos um para o outro, devemos nos amar. — Aproximou a mão direito do rosto da cacheada, mas não chegou a tocar porque sabia que ela não permitiria. — E quando se ama alguém, é comum que não queira que ninguém se aproxime.

— Você me ama? — Ela perguntou chocada, usando sua melhor expressão de deboche. Harrison, por outro lado, apenas deu de ombros parecendo envergonhado, mas ainda se olhava para Camila como se ela fosse um pedaço de carne suculento. — Você está longe de saber o que é amar alguém.

— Acho que isso você pode me ensinar. — Ele deu um passo à frente, abraçando a garota com as duas mãos ao se aproximar para beijá-la, mas Camila fechou o punho e acertou um soco dolorido no ouvido de Harrison chutando a virilha logo em seguida.

— Não se atreva a me tocar! — Ameaçou vendo-o se contorcer no chão.

— S-sua audácia ainda vai te matar... — Harrison afirmou rindo, fazendo Camila o encarar surpresa. Quem ri enquanto sente dor? — Eu gosto de seu atrevimento, mas ele pode ser um problema. — Se levantou com dificuldade apoiando nos joelhos.

— Eu quero ver tentarem fazer algo comigo. — Novamente o ameaçou sem temer o que poderia acontecer consigo caso ele simplesmente quisesse.

— Você já foi avisada, querida, será a última a ser morta nisso tudo.

Camila engoliu a seco rangendo os dentes ao imaginar que Amanda e Dulce estavam sozinhas naquele porão e indefesas, provavelmente a mercê dos outros dois irmãos lunáticos.

— O que você quer? — Perguntou aflita impedindo-o de continuar a andar ao segurá-lo pelo pulso.

— Eu já disse o que quero. — Afirmou olhando diretamente nos olhos de Camila que pôde enxergar as pupilas dele dilatarem ao se focarem em seu rosto. — Eu te esperei por 18 anos, te desejei por todo esse tempo, vi você se entregar as pessoas erradas o tempo todo e quase te perdi para uma delas. Esse é o momento em que eu sempre sonhei, querida, o momento em que você finalmente seria minha entenderia que me ama tanto quanto eu te amo.

— Isso não é amor, nunca foi. — Camila respondeu num sussurro e pôde ver as pupilas de Harrison adotarem um tom levemente cinza. — Você não me ama, está obcecado por mim.

— E amor é o que aquele imbecil do Holland sente por você? — Cuspiu as palavras — Ele quase te traiu, te enganou, mentiu, omitiu. Ele não te ama!

— E você está fazendo o quê? Eu estou presa numa ilha no meio do nada, não posso sair e nem falar com as pessoas que eu amo, estou sendo obrigada a casar com alguém que não amo, mal como e durmo, além de sofrer constantes ameaças. Onde tem amor nisso?

Lealdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora