Camila sentia a cabeça latejar e o corpo doer. As mãos e pés estavam amarrados com o que pareciam ser zip tie e com o rosto coberto pelo o que parecia sérum saco de pano preto. Ouvia alguns murmúrios baixinhos, mas um zumbido mais alto era muito familiar como se fosse o de o motor de um avião. Ela acreditava que estava presa dentro de um avião por este barulho, mas onde estariam Dulce e May? E Killer? Meu Deus, Killer estava morto!
Camila começou a se remexer falando abafado devido a mordaça em sua boca, até sentir sua perna tocar em algo morno e macio. Ela passou a se contorcer ainda mais, tentando se soltar dos zip tie até sentir que feriam sua pele.
— Look, the bitch woke up! (Olhe, a vadia acordou!) — Uma voz masculina disse fazendo todos os pelos da cacheada se arrepiarem.
— Menos de meia dose já é o suficiente. — Uma voz feminina muito familiar e carregada de sotaque ordenou em espanhol, exalando um deboche que beirava o desprezo.
Camila ouviu barulho de passos se aproximando e ergueu as pernas dando um impulso para golpear quem quer que se aproximasse.
— Motherfucker! — A voz masculina urrou após ser atingido na canela pelo chute. — This bitch is crazy. (Essa vadia é louca.)
— Não façam o bicho papão ter que ir até aí. — Uma terceira voz disse e Camila logo reconheceu ser a que a abordou no shopping.
A cacheada reconhecia aquelas vozes de algum lugar, mas o misto de sensações que a dominava não possibilitava que conseguisse liga-las aos donos. Por mais que vasculhasse, o medo e desespero falariam mais alto e não conseguiria se lembrar quem poderiam ser.
— Santo Cristo, eu já te falei que esse apelido é horroroso. — A mulher disse com ainda mais deboche. — Você não traz medo com essa merda.
— Eu já falei para não me diminuir em público.
— Use a porra do seu nome, idiota. — Um breve silêncio se fez e Camila se encolheu próxima a uma parede fria torcendo para que ninguém a visse ali. — PUT THAT BITCH TO SLEEP, YOU DUMB BASTARD! (Coloque essa vadia para dormir, bastardo idiota!)
Camila se encolheu ainda mais, sentindo o coração acelerar dentro do peito. Queria saber sobre Dulce, May e principalmente Killer. Não fazia ideia de onde ou o porquê de estar ali, o que todas aquelas pessoas queriam ou podiam fazer. Estava presa num mar de incertezas a mercê de um grupo que fariam de tudo para conseguir o que queria, mas eles haviam se esquecido que ela era Camila Azablanca e não se entregaria tão facilmente.
A cacheada sentiu seus olhos arderem com a claridade quando o capuz preto foi retirado. A visão estava embaçada e tudo que ela via era uma silhueta feminina escura rodeada por um forte clarão.
— Olá, Azablanca, é tão bom te ver de novo. — A mulher disse carregada de deboche puxando os punhos amordaçados para perto de si. — Sabe, você me fez gastar muitos loubottins, sabia disso?
Antes mesmo que Camila pudesse enxergar quem, uma picada forte em seu braço se fez e o líquido que saiu da seringa parecia queimar suas veias.
A visão da cacheada se tornou ainda mais embaçada e seus olhos pareciam ter vida própria para se fecharem sozinhos.
— Bons sonhos, Azablanca, nos vemos em algumas horas.
(...)
Camila sentia a cabeça latejando ainda mais. Conseguia ouvir zumbidos ao fundo, mas se focar no que estava sendo dito parecia ser impossível. Seus olhos lutavam para permanecerem fechados e ela teve que se esforçar ainda mais para abri-los.
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Lealdade (CONCLUÍDA)
AcciónQuando Camila Azablanca completou 10 anos, Germano, seu pai e o líder de todo um império mafioso, foi assassinado em uma missão. Desde então, a garota passou a receber treinamentos árduos para que seja a sucessora de tudo o que sua família havia con...