Capítulo 42 - Traidores também são traídos

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Camila sentia a cabeça latejar e o corpo doer. As mãos e pés estavam amarrados com o que pareciam ser zip tie e com o rosto coberto pelo o que parecia sérum saco de pano preto. Ouvia alguns murmúrios baixinhos, mas um zumbido mais alto era muito familiar como se fosse o de o motor de um avião. Ela acreditava que estava presa dentro de um avião por este barulho, mas onde estariam Dulce e May? E Killer? Meu Deus, Killer estava morto!

Camila começou a se remexer falando abafado devido a mordaça em sua boca, até sentir sua perna tocar em algo morno e macio. Ela passou a se contorcer ainda mais, tentando se soltar dos zip tie até sentir que feriam sua pele.

Look, the bitch woke up! (Olhe, a vadia acordou!) — Uma voz masculina disse fazendo todos os pelos da cacheada se arrepiarem.

— Menos de meia dose já é o suficiente. — Uma voz feminina muito familiar e carregada de sotaque ordenou em espanhol, exalando um deboche que beirava o desprezo.

Camila ouviu barulho de passos se aproximando e ergueu as pernas dando um impulso para golpear quem quer que se aproximasse.

Motherfucker! — A voz masculina urrou após ser atingido na canela pelo chute. — This bitch is crazy. (Essa vadia é louca.)

— Não façam o bicho papão ter que ir até aí. — Uma terceira voz disse e Camila logo reconheceu ser a que a abordou no shopping.

A cacheada reconhecia aquelas vozes de algum lugar, mas o misto de sensações que a dominava não possibilitava que conseguisse liga-las aos donos. Por mais que vasculhasse, o medo e desespero falariam mais alto e não conseguiria se lembrar quem poderiam ser.

— Santo Cristo, eu já te falei que esse apelido é horroroso. — A mulher disse com ainda mais deboche. — Você não traz medo com essa merda.

— Eu já falei para não me diminuir em público.

— Use a porra do seu nome, idiota. — Um breve silêncio se fez e Camila se encolheu próxima a uma parede fria torcendo para que ninguém a visse ali. — PUT THAT BITCH TO SLEEP, YOU DUMB BASTARD! (Coloque essa vadia para dormir, bastardo idiota!)

Camila se encolheu ainda mais, sentindo o coração acelerar dentro do peito. Queria saber sobre Dulce, May e principalmente Killer. Não fazia ideia de onde ou o porquê de estar ali, o que todas aquelas pessoas queriam ou podiam fazer. Estava presa num mar de incertezas a mercê de um grupo que fariam de tudo para conseguir o que queria, mas eles haviam se esquecido que ela era Camila Azablanca e não se entregaria tão facilmente.

A cacheada sentiu seus olhos arderem com a claridade quando o capuz preto foi retirado. A visão estava embaçada e tudo que ela via era uma silhueta feminina escura rodeada por um forte clarão.

— Olá, Azablanca, é tão bom te ver de novo. — A mulher disse carregada de deboche puxando os punhos amordaçados para perto de si. — Sabe, você me fez gastar muitos loubottins, sabia disso?

Antes mesmo que Camila pudesse enxergar quem, uma picada forte em seu braço se fez e o líquido que saiu da seringa parecia queimar suas veias.

A visão da cacheada se tornou ainda mais embaçada e seus olhos pareciam ter vida própria para se fecharem sozinhos.

— Bons sonhos, Azablanca, nos vemos em algumas horas.

(...)

Camila sentia a cabeça latejando ainda mais. Conseguia ouvir zumbidos ao fundo, mas se focar no que estava sendo dito parecia ser impossível. Seus olhos lutavam para permanecerem fechados e ela teve que se esforçar ainda mais para abri-los.

Lealdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora