Capitulo 23

1K 100 28
                                    

Quando olhei pro porta retrato eu tive uma lembrança da minha infância, a mulher da foto era a mesma que eu encontrei no lixão quando era criança, a mesma que eu achei parecida com a minha mãe e que ela me pediu pra jogar fora mas eu não joguei, lembro que até um tempo atrás eu ainda tinha essa foto guardada nas minhas coisas, só não sei se ainda a tenho.
Olho pra Vera e acho que ela percebeu meu espanto pois ela me olhava estranho.

Vera: O senhor está bem?

Eu: Sim, estou.

Vera: Pareceu surpreso ao ver a foto.

Eu: Sim, é que por um momento eu pensei já ter visto essa mulher, mas deve ser impossível pois ela deve ter morrido a muito tempo.

Vera: Em momento algum eu disse que ela havia morrido e sim e estava desaparecida.

Eu: Claro, me desculpe.

Vera: Como você disse que já deve ter visto a Emília, poderia dizer isso ao Ricardo, quem sabe ele não consiga encontrá-la.

Eu: Me admira a sua atitude, nenhuma outra pessoa ficaria feliz ao saber o seu amor irá encontrar quem ama.

Vera: Já me acostumei a viver assim, eu sei do meu lugar na vida do Ricardo.

Eu: Bom Vera, preciso ir pois está ficando tarde e eu já abusei demais da sua boa vontade.

Vera: Foi um prazer conversar com você, diga a Maiara que estarei no fórum amanhã bem cedo.

Eu: Falo sim, boa noite.

Saí da boate e entrei no meu carro, no caminho de volta pra minha casa eu fui pensando em tudo o que a Vera me disse, me senti mal por não ter dito a ela que eu era o Promotor de justiça que estava tentando por na cadeia o amor da vida dela.
Sei que ela vai me odiar amanhã quando souber, vai me odiar por ter mentido, em partes pois quando disse que eu era namorado da Maiara eu não estava mentindo.
Chego em casa e começo a procurar nas minhas coisas se eu ainda tinha aquela foto guardada, procurei por algum tempo até que achei, ela estava no meio de alguns documentos meus e já estava bem velha.
Guardei a foto no meu paletó e sai de casa, enquanto dirigia até a delegacia algo me dizia pra não acreditar naquela história que Vera me contou, ninguém desaparece assim do nada, e por que ela fugiu? Decidi levar a foto comigo pra falar com o Ricardo, talvez se eu mostrar a foto pra ele, ele deixe escapar alguma coisa.
Enquanto dirigia eu comecei a pensar no meu amor, eu estava com saudade de como nossa relação era antes desse julgamento começar, ambos confiavam no outro e passávamos a maior parte do tempo juntos, agora mal nos falamos e isso é muito chato.
Chego na delegacia e falo com o policial que estava de plantão, peço a ele que me deixe conversar com o Ricardo e ele autoriza, me leva pro mesmo lugar que conversei com ele da última vez e lá estava ele, dormindo como se não tivesse nada com o que se preocupar.
O policial o chamou e ele se levantou assustado, quando ele me viu mudou totalmente a fisionomia e deu um sorriso debochado.

Ricardo: O doutor não tem nada melhor pra fazer não?

Eu: Me desculpe Ricardo, mas isso é o melhor que eu tenho pra fazer.

Ricardo: Espero que tenha vindo pra me soltar afinal você não tem provas nenhuma contra mim, que feio em usando a filha do seu melhor amigo pra tentar me incriminar, vá procurar o verdadeiro assassino.

Enquanto ele falava e debochada de mim eu tirei a foto do meu bolso e mostrei pra ele, sua reação foi como eu esperava, ele fechou a cara e tirou a foto da minha mão, encarou a mesma por um longo tempo, deveria estar se perguntando o por que eu estar com ela.

Eu: Vai me dizer que não conhece essa mulher e que não tem nada a ver com o desaparecimento dela.

Depois de um tempo olhando a foto se tentando entender o que eu fazia com ela ele finalmente falou.

Ricardo: Como conseguiu a foto? Foi revirar minha boate? - Seu tom de deboche havia desaparecido, sua voz era de surpreso ou medo.

Eu: Ah Ricardo, não precisei revirar sua boate, você teve o azar de cruzar o meu caminho. Foi ser preso justo aqui onde eu nasci e cresci, tive tempo de ver muita coisa até me mudar.

Ricardo: Onde quer chegar com isso?

Eu: Eu encontrei essa foto no lixão quando ainda era criança, estava jogada lá onde foi encontrado os corpos que você matou.

Ricardo: Não matei ninguém, você só pode estar mentindo pois só existe uma foto dessa, e ela está lá no meu escritório.

Ele começou a gritar, estava totalmente descontrolado e então ou de perceber que tudo o que Vera disse é verdade, ele era louco por essa mulher.

Eu: Então me fale dela, fiquei sabendo que ela trabalhava pra você e que desapareceu.

Ricardo: Sim trabalhava pra mim, mas ela não desapareceu e nem foi assassinada.

Eu: Então onde ela pode estar e por que essa foto estava no lixão?

Ricardo: Queria muito saber onde ela está afinal ela fugiu de mim, quanto a foto eu não faço ideia já que só eu tenho uma.

Eu: Seria mais fácil dizer a verdade Ricardo, confessa que matou ela e que quando foi enterrar deixou a foto cair.

Ricardo: Vai pro inferno com essa sua ideia, eu jamais tocaria em um fio de cabelo dela. - Ele parecia estar dizendo a verdade.

Eu: Por que não faria mal a ela?

Ricardo: Por que eu a amava, ela era a mulher da minha vida, jamais machucaria ela, eu queria protegê-la. - Me espanto ao ver que ele estava chorando.

Eu: Protegê-la de que?

Ricardo: Ela era tão meiga, sei que ela também me amava, quando trouxe ela pra trabalhar pra mim eu jamais imaginei que me apaixonados por ela, mas aconteceu e ela engravidou e eu não queria que ela tivesse nosso filho ali então levei ela pra um apartamento. Eu a visitava todos os dias, não deixava falta nada pra ela, até que um dia eu cheguei lá e o apartamento estava vazio e depois disso eu nunca mais a vi.

Ele chorava muito e confesso que fiquei com dó dele, fiquei em silêncio por um tempo esperando ele se recompor.

Eu: Por que acha que ela fugiu de você?

Ricardo: Eu não sei.

Eu: Acha que ela descobriu algum crime seu?

Ricardo: Eu não cometi crime nenhum.

Eu: Tem mais alguma coisa pra me dizer?

Ricardo: Por favor descubra onde ela está, preciso vê-la novamente.

Eu: Pode deixar. - Digo e pego a foto da sua mão. - Vamos começar a escavar outros lugares do lixão, algo me diz que ela também pode estar enterrada lá.

Ricardo: Idiota. - Ele gritou totalmente exaltado. - Eu não matei a Emília, ela não! Será que você não entende, eu a amava.

Eu: Você disse: Ela não! Então as outras você matou?

Maratona: 6/10

O Promotor e A Advogada ( Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora