Capitulo 19

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Fernando*

Eu estava boquiaberto com o total profissionalismo da Maiara, ela realmente era uma excelente profissional.
Vejo ela chamar a sua testemunha e começar a interrogá-la, ela começou perguntando em como Jessica conheceu Ricardo, depois perguntou como era o comportamento dele com as funcionárias e  até agora era só elogios.
Em algum momento eu pensei em perguntar a testemunha se alguma delas se relaciona com ele, ou se ele as obriga a fazer sexo com ele mas quando finalizei meu pensamento ela mesma perguntou me fazendo ficar surpreso.
Ela estava correndo o risco de prejudicar seu cliente e mesmo assim fez seu trabalho, isso me fez perceber que ela sempre procura fazer o certo, age de forma correta.

Quando ela finalizou seu interrogatório o Juiz me perguntou se eu gostaria de interrogar a testemunha, óbvio que eu gostaria.

Eu: Sim Meritissimo.

Me levantei e fui até o Meritissimo, fiz as saudações ao Juiz, a Advogada de defesa e aos jurados, feito isso eu caminhei até a testemunha e o silêncio era tanto que eu conseguia ouvir o barulho que meus sapatos faziam conforme eu andava.
Parei de frente pra ela e olhei em seus olhos, pude notar que ela estava muito emocionada e trêmula, com certeza estava nervosa e com medo, me aproximei e entreguei um papel a ela.

Eu: Jessica, você disse agora a pouco que nenhuma das meninas conhecem as vítimas certo?

Jessica: Sim. - Ela disse com os olhos arregalados.

Eu: No processo consta uma lista com 18 testemunhas, sendo todas funcionárias da boate, inclusive uma delas tem 58 anos, ela se chama Vera e trabalha como gerente da boate, ela também não conhecia as vítimas? - Pergunto e ela começou a chorar de forma desesperada.

Jessica: Me desculpa eu me esqueci dela, me desculpa eu não quis mentir. A Vera trabalha lá a muitos anos e sim, ela conheceu as meninas.

Eu: Fique calma, sei que pode ter se esquecido dela. Agora me diga, você sabia que seu patrão tem uma casa aqui em Rondônia?

Jessica: Não, eu nunca soube de casa nenhuma.

Eu: Sem mais perguntas Meritissimo.

Antes de me sentar eu passei em frente ao seu e o olhei, o mesmo me encarava como se quisesse me matar, passo por ele e volto pro meu lugar.
E assim seguiu a audiência, todas as testemunhas que estavam listadas entraram e disseram a mesma coisa, ou elas estavam muito bem treinadas pra não falar o que sabiam ou elas realmente não sabiam de nada.
Quando chegou a vez da última testemunha entrar, sendo ela a Dona Vera, vejo Maiara se levantar e ir até o Juiz, ela fala alguma coisa bem baixinho pra ele, entregou um papel e logo volta pro seu lugar, então o Juiz começou a ler em voz alta.

Juiz: Promotor e caríssimos jurados, vejo aqui um pedido de defesa para que dona Vera seja interrogada amanhã, a mesma apresentou um atestado médico alegando não estar bem e portanto não poderá comparecer, a acusação concorda?

Fiquei surpreso com isso mas não há o que fazer, não posso ir até a casa da mulher e obrigar ela a vir aqui.

Eu: Sim, concordo.

Juiz: Muito bem, então teremos o depoimento da Dona Vera amanhã, peço agora que a acusação chame sua testemunha.

Pedi para que Clara entrasse, ela estava usando disfarce e por questão de segurança será chamada de Maria, não daria pro réu reconhecer ela e isso me deixa mais aliviado.
Após fazer o juramento ela se sentou e seus olhos não saia do Ricardo, era nítido o seu medo e eu a entendo mas devido ir até ela para tentar tranquilizá-la.

Eu: Maria fique calma, tudo o que tem que fazer é somente dizer a verdade.

Clara: Tá bom.

Eu: Muito bem, diga com calma tudo o que você viu aquela noite.

Clara: Eu estava no local com o meu namorado, a gente sempre costuma ficar ali por perto por ser mais sossegado, até que de repente a gente viu um carro vindo em nossa direção e então nos escondemos atrás de outro carro.
Ficamos olhando os movimentos da pessoa do carro, ele deixou os faróis acesos de uma forma que iluminava o lugar onde ele começou a cavar com uma enxada ou algo parecido. Depois de tudo pronto ele voltou pro carro e carregou um corpo de uma mulher, ela estava toda mole e parecia estar desmaiada, foi quando vimos ele jogar o corpo dela no buraco e depois cobrir com a terra.
Nós pensamos em correr e pedir ajuda mas ficamos com medo dele nós ver.

Eu: E o que vocês fizeram?

Clara: Ficamos ali até ele acabar de cobrir o buraco com terra, depois entrar no carro e ir embora.

Eu: Sabe me dizer qual era o carro?

Clara: A única coisa que sei é que era um carro grande, parecia ser novo e escuro.

Eu: Você seria capaz de reconhecer esse homem se encontrá-lo?

Clara: Sim.

Eu: Esse homem está aqui agora?

Clara: Sim. - Ela disse com a voz trêmula e abaixou a cabeça.

Eu: Pode nos mostrar quem é esse homem?

Clara: É aquele senhor ali.

Ela apontou para o Ricardo, no mesmo instante a plateia começou a comentar e o Juiz mais uma vez pediu silêncio, até que vejo Ricardo ficar em pé e começar a gritar.

Ricardo: Menina mentirosa. - Os policiais fizeram ele se sentar e eu vejo Maiara cochichar algo em seu ouvido.

O Juiz bateu o martelo e pediu para eu prosseguir então continuei a interrogar a minha testemunha.

Eu: Você já tinha visto esse homem na cidade?

Clara: Sim, ele tem uma casa bem bonita no fim da rua principal, mas não fica lá todos os dias.

Eu: Depois que o homem foi embora, o que você fez?

Clara: Fomos correndo pra casa, eu estava muito assustada. Assim que chegamos eu contei tudo o que tinha acontecido pros meus pais e ele me convenceu a fazer a denúncia anônima.

Eu: Muito obrigada Maria, sem mais perguntas Meritissimo.

Agradeço e volto pro meu lugar.

Maratona: 2/10

O Promotor e A Advogada ( Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora