Capítulo 35

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Maiara*

O julgamento mal começou e o Fernando já estava me irritando, até o fim do julgamento eu ainda mando ele ir pro inferno.
Enquanto eu falava o Fernando me interrompeu e pediu para que perguntar ao meu cliente se ele tinha matado as vítimas ou não, achei desnecessário mas fiz o que ele tanto queria, mas o que estava me proporcionando era o Ricardo que não faiavada nada, só olhava pro Fernando.

Eu: Senhor Ricardo, por favor responda, matou aquelas mulheres? - Perguntei novamente.

Ricardo: Nunca matei ninguém.

Eu: Está contente agora Dr. Fernando? Posso continuar o meu trabalho?

Fernando: Sim, obrigado por ter perguntado. - Ignoro ele e volto a falar.

Eu: Muito bem senhores jurados, como eu estava falando antes de ser interrompida pela acusação, está chegando o momento dos senhores decidirem o futuro desse homem.
Vejam bem o que vai fazer, daqui a pouco os senhores estarão na sala secreta e irão decidir se o réu é culpado ou inocente.
Nós passamos alguns dias aqui, vendo e ouvindo coisas, fatos que podem muito bem confundir a nossa capacidade de discernimento. Vamos fazer uma análise de tudo o que vimos aqui, de tudo o que foi apresentado e a única coincidência é que o Ricardo tem uma casa que comprou para passar os dias de descanso na mesma cidade em que suas ex funcionárias foram encontradas. Apenas isso não pode ser usado para condenar um senhor que sempre teve um bom relacionamento com seus funcionários. Não vamos nos deixar impressionar pela garota que testemunhou dizendo ter visto ele enterrando as moças, isso é uma brincadeira de mau gosto da acusação, é uma tentativa desesperada de condenar o réu sem ter provas reais, os senhores puderam ver que se tratava da filha do melhor amigo de infância do Promotor.
Tanto é que nem seu namorado, que segundo ela estava lá também e presenciou tudo, não quis vir testemunhar, aliás não quis mentir, não quis participar dessa farsa, desse teatrinho montado pela acusação para enganar os senhores.

Fernando me olhava sem acreditar no que ouvia, parecia sentir muita raiva ou decepção sei lá, mas eu não me calei, continuei o meu discurso.

Eu: Na verdade a acusação está sendo preconceituoso quanto a profissão do réu, no Brasil esse tipo de trabalho, ser dono de uma boate é visto de forma abominável pela sociedade. Noventa porcento da população acha que quem vive desse trabalho são marginais, assassinos, vagabundos e maníacos.
Será que o Ricardo é um assassino apenas por ser dono de uma boate? Apenas por que as vítimas eram suas funcionárias, ele teria as matado? A troco de que?
Cuidado! Não vimos a acusação mostrar uma coisa sequer que pudesse provar que esse homem é o culpado.
Quero lembrar que a mulher da foto, que a acusação faz questão de ficar mostrando, trata-se do grande amor da vida desse homem, inocentemente acusado.
O Promotor sabe que essa foto o faz sofrer, mas continua castigando o réu, mostrando a foto do seu grande amor.
Percebendo que não há provas contra o Ricardo, ele fica insultando o meu cliente pra ver se ele perde a paciência e acabe dizendo coisas que não fez.
Os senhores vão deixar esse homem ir pra cadeia sem ter certeza que ele é realmente culpado? Não estou pedindo que façam injustiça, ou que fechem os olhos diante de um assassino só por que ele é idoso.
Peço que coloquem a mão na consciência, hoje a noite, cada um de vocês irá pra casa descansar, e ao colocarem a cabeça no travesseiro poderão dormir tranquilos ou ficarão revirando na cama, pensando se fizeram a coisa certa?

Maratona: 7/10

O Promotor e A Advogada ( Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora