Capítulo 57

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O julgamento estava correndo e Maiara estava bem tensa mas não deixava isso a te abalar, ela começou a interrogar Luciana e no seu ponto de vista tudo estava indo bem, exceto quando Matheus a interrompia para questioná-la.

Mai: Luciana, conta pra gente como era a sua relação com a Evelin.

Luciana: Era maravilhosa, apesar de muito nova eu amo ser mãe, a Evelin chegou na minha vida de uma forma tão rápida mas ao mesmo tempo tão conturbadora, só que mesmo depois do pai dela me deixar eu só pensava que agora teria uma filha, que eu precisava mudar o rumo da minha vida e ser um exemplo pra ela, mas eu não consegui.
Mesmo com os meus defeitos eu fazia de tudo por ela, minha mãe também, eu nunca deixei ela me ver usando drogas, nem quando bebia um pouco mais, ela nunca me viu nesse estado.
Quando ela não estava na escola era o tempo todo comigo, a gente brincava, ela me maquiava... - Nesse momento ela faz uma pausa, era visível o quanto estava emocionada. - Ela gostava de me maquiar, dizia que quando crescesse seria maquiadora, ela amava demais isso, e sempre que eu podia comprava maquiagens de criança pra ela, coisinhas pro cabelo também.
Outra coisa que ela gostava de fazer era ouvir música e dançar, eu e minha mãe ficávamos cansadas tentando acompanhar o ritmo dela nas brincadeiras.
Eu sempre tentei ser pra ela o que minha mãe foi pra mim, óbvio que eu não fui nem um terço, mas eu amava minha filha, amo ela e jamais faria o que fizeram.

Eu: Quem você acha que fez isso?

Luciana: Só pode ter sido um dos traficantes de lá onde eu moro, a alguns meses atrás um deles chegou até a me bater, eu fui pro hospital, fiz o exame e depois fui até a delegacia e fiz uma ocorrência, minha mãe me disse várias vezes pra não fazer isso, não ir até a delegacia pois seria pior, mas eu não ia mais ficar calada, já estava cansada de ser ameaçada.

Eu: Quem foi que te agrediu?

Luciana: O nome dele é Marcos.

Eu: Você o denunciou?

Luciana: Sim, o denunciei pois tinha as provas das digitais dele no meu corpo, e também falei sobre as ameaças que recebi.

Eu: E o que a polícia fez?

Luciana: Eles disseram que mandariam um comunicado pra ele e foi o que fizeram, depois disso minha filha sumiu e dois dias depois apareceu morta no quintal de casa.

Eu: Depois de encontrar a sua filha, você chegou a ver esse Marcos?

Luciana: Não, desde o dia que minha filha sumiu eu não o vi mais.

Eu: E você acha que pode ter sido ele quem a matou?

Luciana: Sim, só pode ter sido ele.

Eu: Certo, gostaria de chamar aqui a dona Cecília, mãe da Luciana que irá depor.

Juiz: Tudo bem.

Dona Cecília entra, faz o juramento e se senta, eu vou até ela e começo a interrogá-la, tudo o que ela disse bateu com o que eu disso e com o que a Luciana falou também, no fim do interrogatório eu tive que perguntar o que todos queriam saber dela.

Eu: Dona Cecília, a senhora acha que sua filha matou a sua neta?

Cecília: Claro que não, minha filha não é nenhuma assassina, ela amava demais a menina.

Eu: Sem mais perguntas Meritissimo.

Agradeço a Luciana e a Cecília e vou pro meu lugar, respiro fundo e tento me acalmar, eu estava em pura adrenalina, não via a hora disso se resolver logo.

Juiz: A acusação gostaria de fazer uso da palavra?

Matheus: Sim Meritissimo.

Matheus se levantou fez as saudações e foi até a Dona Cecília.

Matheus: A Senhora disse com tanta certeza que a ré não matou a filha, como pode ter tanta certeza?

Cecília: Eu criei a minha filha pra ser uma pessoa boa, apesar de tudo ela nunca faria mal a ninguém, muito menos a própria filha que era a coisa mais importante pra ela.

Matheus: Por que a Senhora acha que colocaram a criança morta no quintal da casa de vocês, sendo que poderiam ter jogado ela em qualquer lugar.

Eu: Protesto! A acusação está sendo totalmente insensível, não deve se referir a menina como se fosse um objeto ou um animal.

Juiz: Doutor Matheus, tenha conhecimentos das suas palavras.

Matheus: Me desculpe, esqueci como mulheres são sensíveis, deve ser os hormônios. - Reviro os olhos, esse cara é um machista do caralho.

Ele continuou interrogando a dona Cecília até que finalizou suas perguntas pra ela e depois foi até a Luciana.

Matheus: Você disse pra Doutora Maiara que tem certeza de que quem matou sua filha seria esse tal Marcos, não seria meio óbvio você culpá-lo, afinal você disse pra nós que ele te ameaçou várias vezes e que até te bateu.

Luciana: Não conheço nenhuma outra pessoa que seria capaz de fazer isso a não ser ele ou alguém muito próximo a ele, e também é muita coincidência ele sumir bem no dia que minha filha desapareceu.

Matheus: E onde você estava quando sua filha desapareceu?

Luciana: Estava na casa de uma amiga, minha mãe estava com minha filha.

Matheus: O que você fez quando percebeu que sua filha desapareceu?

Luciana: Fui procurar ela, depois fui na delegacia.

Matheus: Me responde uma coisa, alguém chegou a presenciar as ameaças que esse rapaz fez a você?

Luciana: Sim, minha mãe.

Matheus: Claro, a mãe.

Luciana: Eu estou falando a verdade.

Matheus: Mas eu não disse que você está mentindo. - Ele ri do desespero da Luciana, ele está insinuando que ela inventou essa história toda. - Você está?

Luciana: Não, eu fiz um juramento aqui de só falar a verdade, e é isso que eu estou fazendo, eu não matei a minha filha.

Matheus: Tudo be então, sem mais perguntas Meritissimo.

Juiz: Doutor Matheus, dê a sua palavra final, depois será a vez da Doutora Maiara e depois a decisão dos jurados.

Matheus começou a falar e a todo momento eu tinha vontade de pegar o martelo do Juiz e enfiar no cu dele, ele faz a sua conclusão e depois é a minha vez.
Não falei muito pois o que tinha que provar a eles eu fiz enquanto interrogava a Luciana e sua mãe.
Termino minha conclusão e volto pro meu lugar, o Juiz diz que os jurados podem se reunir para decidir o futuro da Luciana e enquanto isso eu fico ali tentando acalmá-la.

O Promotor e A Advogada ( Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora