Pequenos Ramos Fazem Uma Bela Fogueira

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Carlos a observou afastar-se para o banheiro.
Não tinha como evitar que Maitê frequentasse aquela casa, mas podia mostrar a Paula o quanto a sua presença estava fazendo a diferença na vida dele. Desde a morte de Valéria, que nunca mais tinha tocado no corpo de uma outra mulher. No entanto, foi só dar de encontro com aqueles olhos verdes apavorados, naquela noite, que não tinha mais conseguido parar de imaginá-la nua em seus braços. Ah, se Maitê não tivesse aparecido! Paula era o típico perfil de mulher, de rabo e chifres usando uma calcinha fio dental: tentadora, corpo perfeito, sorriso ideal, os seios deliciosos, curvas , excitantes...
Paula, ah!... Ela o seduzia completamente!
Após a morte de Val, chegou a pensar que nunca mais se interessaria por alguém de novo. O que tinha vivido com a esposa tinha sido lindo!Val era e ainda continuava sendo muito especial, só que ele estava vivo e agora, seu corpo clamava para estar dentro do de Paula. Ademais, ela tinha algo além do desejo que o fazia querê-la por perto. Paula aquecia sua alma, iluminava a escuridão, que era a saudade e a ausência de Valéria.
O barulho vindo do banheiro, o tirou de seus pensamentos, então, apanhou o garotinho e desceu para alimentá-lo. Sorriu de canto, lembrando de como ela tinha ficado mexida com a explosão da entrega entre os dois.

Paula desceu, depois de ter tomando um banho e feito uma maquiagem leve, para amenizar os roxos do canto da boca e da maçã do rosto. Carlos desviou a atenção do filho e sorriu ao vê-la. Ele oferecia uma banana esmagada com farinha láctea para o menino, sentado na cadeira alta, na cozinha.
__ Quer ajuda?- ela ofereceu.
__ Já estamos acabando né, garotão?
Julian mexeu a boca , mostrando a língua.
__ Nossa, gatinho, você comeu tudo!!- Paula inclinou-se para o lado do menino.__ Você é bom de garfo, hein?- limpou com o guardanapo a boquinha suja dele.
__Voce gostaria de ter filhos, não é Paula?- ele indagou com o prato e a colher cheia no ar.
Os olhos verdes se ergueram para Carlos.
__ Me disse que daria qualquer coisa para ter um....Pode achar que não, mas a sua voz a entregou hoje na madrugada. Assim como seu olhos agora, que me dizem que tem algo de errado!...O homem que ama não quer filhos, estou errado?
A constatação, embora equivocada, a pegou de surpresa. O sorriso morreu em seus lábios e ela endireitou o corpo, colocando as mãos no bolsinho traseiro da calça.
__ Eu...tenho esse sonho, sim, além de outros, mas realizá-los não é para todos os mortais!...
Ele juntou as sobrancelhas, oferecendo a papinha ao menino.
__ Você tem muito jeito com crianças. Mesmo sem experiência se saiu muito bem!!
Paula esboçou um sorriso sem jeito.
__ Julian colaborou bastante.
__ E então, porque é um sonho? Não acredito que a pessoa que você diz amar, negue o que mais quer na vida! A não ser que ele seja casado...ou não a ame!...Se for por falta de um homem para que isso aconteça, eu estou aqui. - ele riu, zombeteiro.
Mas quando tirou os olhos de Julian e a fitou, estava séria. Percebeu que tinha cometido um erro. Carlos deixou o riso desaparecer quando notou um brilho de lágrimas não derramadas refletido nos olhos dela e o lábio inferior, que começava a tremer.
_ Ah, só quis brincar!...
Desculpa!...- pediu, mesmo que não tivesse idéia de que estava se desculpando.
Ela olhou para o lado.
__ Não, tudo bem. Fazer um filho com você não seria ruim... - sorriu para disfarçar a dor e as palavras saíram num desabafo.__ Eu sou infértil, Carlos.
__ Ah, meu Deus, Paula, eu sinto muito!! Se tivesse me falado antes, não teria agido como um idiota.
__ Tudo bem. Eu quero superar isso. E não é guardando só para mim, que vou conseguir. Quando se é jovem se comete alguns erros.E eu cometi... e estou pagando...- pausou, mordendo a boca para fazê-la parar de tremer.
__ E por isso que traz essa tristeza no olhar...não é?
__ Não sei. Só você que a vê. Nunca ninguém me desnudou a alma através deles. Só você. - os dois cristalinos se encheram ainda mais.
Carlos largou o pratinho na bancada da cadeirinha e segurou o rosto dela entre as mãos, secando com o polegar um fio de lágrima que escapou.
__ Eu sinto muito ter tocado nesse assunto. Mas acho que conversar faz bem. Pôr para fora o que sente. - a juntou ao peito, afagando os cabelos úmidos.__ Desculpa, mais uma vez!
Por alguns instantes ela se deixou esvaziar-se, o abraçando pela cintura.
__ Papai!... - a voz de Gabi fez Paula se afastar dele.__ O que houve com você, tia Paula? Por que está chorando?
Ela se apressou em dizer, limpando os olhos com as pontas dos dedos.
__ Não aconteceu nada. Não se preocupe. Eu e seu pai estávamos conversando e acabei contado algumas coisas tristes que aconteceram na minha vida. Seu pai- o olhou, sorrindo ainda com lágrimas, agradecida.__ é um cavalheiro e apenas me consolou.
Se abaixou para ficar a sua altura.
__ Seu pai é um bom homem! Nunca aceite, na sua vida, quando chegar a sua vez de se apaixonar, ninguém menos do que alguém que não seja como ele!
__ Você está apaixonada por meu pai, é isso?
Carlos assistia a conversa e embora um sorriso se formasse no canto da boca pela indagação direta da filha, seu coração estava apertado.
__ Não, querida. Conheci seu pai há apenas dois dias. Acho que não deu tempo para que isso acontecesse. Mas eu gosto dele, assim como gosto de você e Julian!!
Gabriele enlaçou-lhe o pescoço.
__ Eu também gostei de você! Quer tomar um copo de achocolatado comigo? Minha mãe dizia que ele aquece a alma e espanta a tristeza quando ela chega.- se afastou alguns centímetros e sorriu.
Paula devolveu a gentileza. Inegável, que Gabi era igual ao pai. E mesmo não gostando muito de leite com chocolate, não recusou o convite feito de uma forma tão carinhosa.
__ Eu sento com você e bebo achocolatado, não é o meu alimento preferido...-fez uma careta e a menina riu.__ mas se sua mãe dizia que cura tristeza, eu acredito! Mães sempre sabem de tudo! E ademais,- colocou os cabelos macios de Gabi atrás das orelhas.__nem todo remédio tem gosto bom, não é mesmo? Uma vez, eu tive que tomar uma injeção bem dolorida!
__ Eu também já tomei algumas...- pôs a mão na boca para abafar o riso.__ no bumbum!!
Paula levantou sorrindo.
__ Pois então? Vamos preparar logo esse leite!!
Quando Gabi se afastou, Carlos puxou Paula pelo braço, a olhando dentro dos olhos, dizendo baixinho:
__ Você sabe que quero ser bem mais do que um amigo, não sabe?
Paula acariciou a barba dele.
__ Falei sério quando disse que acho você um bom homem. - sorriu, desejando sentir o valor da boca máscula sobre a sua, mas teve a atenção chamada por Gabi porque um dos filhotes estava na cozinha.

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