Você Conhece a Paula Má, Mas Não Aquela Que Foi Ferida

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Sem correção

Paula subiu a escadaria da igreja devagar. Ainda podia lembrar todos os detalhes daquela tarde de chuva, quando Carlos a resgatou e posteriormente, acontecera o primeiro beijo deles dentro do carro.
Respirou fundo, parando na porta, ouvindo os final dos acordes do órgão que tocava uma música sacra, sabendo exatamente quem encontrava-se lá dentro.
Do seu carro, algum tempo antes, estacionado na rua paralela à praça, pode ver quando Martina e Murilo com os bebês se reuniram sorridentes com outros dois casais na frente da escadaria da catedral. Logo em seguida, viu Carmem, Hugo e a mãe de Martina chegarem. Também viu Suelen e Bia, que de mãos dadas, brincou por minutos de subir e descer os degraus da grande escada. Surpreendeu-se por Suzana se encontrar tão bem de saúde e acompanhada de um senhor distinto e charmoso.
Ali, reunidos, conversando alegres, eram o desenho da família feliz de um comercial de tv. Soube pelos editais da paróquia, que naquela manhã, seria realizado o batizado dos gêmeos
Os observava sem sentir inveja ou alguma outra emoção ruim. Desde que se apaixonara por Carlos que a mágoa da sua relação com Murilo vinha sendo deixada de lado. A ocasião era perfeita para tentar conversar com Martina.
A missa de domingo havia começado há cerca de trinta minutos e seu atraso em adentrar o ambiente fora proposital, não querendo que ninguém a visse ou suspeitasse que ela estivesse a tramar algo. Não aguentava mais viver sob aquele estigma de pessoa má.
Sentou-se no último banco, bem longe dos outros fiéis. Correu os olhos pelas cabeças, que assistiam ao sermão do padre, reconhecendo os avós de Gabi na terceira fileira e lá, na primeira, junto aos amigos, a cabeleira avermelhada de Martina se destacando entre outras tantas ao lado de Murilo.
Sem conseguir prestar muita atenção ao que o padre proferia, ela observava atenta a dedicação de Murilo com um dos gêmeos no colo. O garotinho, de cabelos escuros, não parava quieto, choramingando, fato que fez o pai levantar-se com toda a paciência do mundo e afastar-se para um lado.
Os olhos dela seguiram Murilo saindo pela porta lateral, que dava acesso ao jardim de rosas do pátio da catedral para acalmar o bebê.
Sem esperar, ela levantou-se e desceu a escadaria apressada, dando a volta na construção sacra indo em direção ao roseiral.
Por alguns instantes, o observou conversando suave com o filho por entre as flores.
Paula aproximou-se com cautela, se debatendo num dilema de sentimentos contraditórios e inquietação. Sabia que não seria fácil chegar nele, mas tentaria mesmo assim. Queria ter acesso a Martina e talvez, com sorte conseguisse naquela manhã.
Com voz calma e suave, Paula o chamou:

__ Murilo...

Ele virou-se de imediato, pousando seus olhos negros sobre ela.
Entretanto, não esboçou nenhuma outra reação.

Cada passo de Paula, era um ato calculado. Fitou-o com angústia.

O bebê sorriu e deu com os bracinhos no ar.

__Seu filho é lindo!- disse sincera, querendo aproximar-se mais.__ Qual é o nome dele?

A voz ríspida de Murilo soou, mal disfarçando a
raiva.

__ Isso não importa.- respondeu brusco.__O que faz aqui? A igreja, com certeza, nunca foi seu lugar preferido. Você faz mais jus ao inferno!

Paula não se abalou pelo fato de ouvir um insulto da parte dele. Não era nem uma novidade o ódio que Murilo sentia por ela.

__ Uma igreja foi feita para acolher pecadores.
Às vezes, me refugio aqui para conversar com o padre...ou quando quero pensar em todo o mal que fiz.

Os olhos verdes passearam pela aparência da criança e a própria voz pareceu-lhe sem fôlego. Uma emoção tomou conta de seu coração. Se seu bebê estivesse vivo, seria uma cópia dela e de Murilo, afinal o sangue Marquez Muniz não teria mistura nenhuma.

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