Ferir Quem Se Ama É Pior Do Que Ser Ferida.

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Sem correção

__ Mais um!
Carlos pediu ao rapaz,  debruçado sobre o balcão olhando para a moça que mexia a cabeça de forma negativa o alertando:

__ Acho que não é prudente você beber mais, professor!

Carlos voltou sua atenção ao barman, que segurava a garrafa de uísque e empurrou o copo, num aceno para que o enchesse. Depois, voltou a observar os poucos clientes do bar,   que ficava na rua paralela à faculdade, frequentado em sua maioria por alunos.

Esfregando vigorosamente o balcão, Pâmela o repreendeu de novo.

__Tem noção do mau exemplo que está dando aos seus alunos?

Ele riu, letárgico.

__ Qual é Pâmela, vocês são alunos de curso superior...Mais fácil vocês me influenciarem a seguir para o "mau"caminho...- ele riu mole, fazendo sinal de aspas.__ Ao menos hoje, preciso  encher a cara.Estou cansado de ser o homem certinho...Sou um professor, não um santo. Tenho meus dias ruins também. - voltou-se para o rapaz.__ O último, e prometo que vou embora.

__ Ah, você vai mesmo! Seus filhos estão em casa a sua espera. Sério, ficar afogando as mágoas numa garrafa de bebida?! Depois são as mulheres o sexo frágil...

Ele saboreou a dose do líquido forte e amargo de uma vez só com ar infeliz e franziu a testa para tentar manter o foco na moça que limpava, apressada, as mesas.

__ Nem mais uma dose depois dessa, Miguel! Ele já bebeu a garrafa toda.- ela avisou.

Carlos sorriu, grogue, para Pâmela. As palavras saíram enroladas e não faziam sentido algum, ao menos para o rapaz atrás do balcão do bar.

__ Enquanto algumas mulheres batalham para conseguirem subir na vida...outras nascem em berço de ouro e acham que podem nos fazer de palhaços... Jamais sonhei que fizesse uma jornada tripla de estudos e trabalho...Eu admiro a sua força, garota.

__ Sei!- ela, com ironia, revirou os olhos enquanto molhava  o pano na água com detergente.__ E testa a garota aqui, a todo momento, exigindo todos os dias, minhas últimas gotas de sangue naquela clínica. Sem contar os inúmeros trabalhos que pede e sequer lê, dando notas injustas... Da próxima vez que tiver algum aluno sob seus cuidados, procure saber como é a vida dele...pelo que ele passa...Vocês, professores, parecem que nunca foram estudantes!

O rapaz que estava sentado um pouco mais adiante completou.

__ Tenho que dar razão à Pâmela. Vocês exigem demais de nós, por isso professor, eu também bebo. - ele riu, levantando o copo.

Sem abalar-se pela crítica, Carlos desceu do banco equilibrando-se na beira do balcão apontando para eles, quase caindo.

__ Vocês ainda vão me amar...Só peço o que a vida irá certamente cobrar de vocês... Minha função é formar o melhor profissional possível...Nada vem de graça nessa vida...- pausou.__Nem mesmo o amor.

Pâmela aproximou-se para ajudá-lo a sentar-se na cadeira de uma das mesas.

__ Agora, me espere que vou deixar isso lá nos fundos. - mostrou o balde. __Pague a comanda que eu o levarei para casa. Óbvio que não está em condições de dirigir.

__ Não, eu não vou para casa!...Vou para aquele hotel...Vou bater naquela porta ... daquele quarto...
Levantou-se novamente e cambaleou, segurando-se nos ombros de Pâmela, falando baixinho.

__ Ela deve estar enroscada...na cama... com o almofadinha...

Pâmela suspirou. Não seria fácil fazê-lo mudar de ideia. Só tinha um jeito de convencê-lo a não cometer uma loucura.

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