Capítulo sem correção
Cansada pela noite de amor, Paula dormia e não percebeu que ele saiu da cama quando amanheceu.
Livre, Carlos a viu se ajeitar pelo espaço, abraçar o travesseiro, deitar de bruços e esticar o corpo sinuoso sobre o colchão.
Um sorriso de pura satisfação distendeu os lábios dele ao pronunciar baixinho o nome da mulher, que era dona de todos seus pensamentos desde que a conhecera. A mulher cujos olhos se transformavam quando se sentia invadida pelas emoções e que pareciam serem feitos da mais preciosa Jade em momentos de prazer.
No mais absoluto silêncio, vestiu uma calça de moletom e camiseta de manga longa. Cobriu-a, passando os dedos carinhosamente por seus cabelos macios. Foi ao banheiro no corredor e desceu.
Esquecer o que tinham acabado de viverem por alguns instantes, foi uma tarefa difícil para focalizar sua mente em detalhes práticos.
Na sala, juntando as peças de roupas, que ficaram espalhadas da noite anterior, seus olhos pousaram na calcinha branca, em meio às almofadas.
Sorriu de canto ao lembrar de como Paula havia se entregado a ele naquele sofá. Guardou-a no bolso da calça.
O desejo que ele sentia por Paula não era apenas carnal e tampouco egoísta. Depois do que experimentaram, Carlos queria dar tudo aquilo, que julgou, pela entrega dela, nunca ter tido com um outro homem. Queria ser aquele que ficaria para sempre em sua memória como seu verdadeiro amante. Era muito claro para ele que Paula sempre amou sozinha.
Afastando a cortina, viu que a chuva havia parado completamente. A bruma da manhã cobria boa parte do gramado e o sol certamente apareceria naquele dia.
Enquanto Paula não acordava, ele alimentou Boy e a cadelinha Pinscher, na qual havia feito a cesárea de emergência dias antes e verificou os filhotes, que pareciam bem e espertinhos.
Antes do banho, preparou o café, arrumou a mesa e a mamadeira de Julian. Subiu para alimentar o filho.
O garotinho ainda sonolento, abocanhou com vontade o leite oferecido. Carlos esperou com paciência, cabeça escorado na guarda da caminha, admirando o pequeno sugar o alimento, no mesmo tempo que já se entregava novamente ao sono.
Desde que Val se fora, que mantinha aquela rotina matinal. Não podia negar que a cunhada tinha lhe ajudado muito, inclusive dormindo ali, com os filhos, logo que a irmã morrera. Julian sofrera com cólicas terríveis e não foram poucas as noites, que ambos passaram em claro cuidando do garoto. Infelizmente, Maitê confundiu a atenção dada a ela e sentiu-se com coragem de dizer-lhe que sempre o tinha amado e que havia aberto mão de lutar quando percebeu que Carlos só tinha olhos para Val. Confessou que guardou o que sentia em algum canto no seu coração para não magoar a irmã. Então, Carlos, para não estímular ainda mais aquele sentimento, decidiu contratar Inês para trabalhar durante o dia e algumas noites por semana.
Ali, naquele ambiente, estavam as duas pessoas mais importantes para ele no mundo, os filhos da mulher que amou com devoção.
Olhou para Gabi. Era uma criança feliz e confiante em si mesma. Criaria Julian assim também. Exatamente como a mãe lhe pedira. Faria qualquer sacrifício para preservá-los das maldades do mundo e acima de tudo para ensiná-los a se defenderem.
Quando deixou o quarto das crianças, deu com a visão da figura, que movia-se preguiçosa, pelo corredor semiescuro em sua direção. Paula vestia uma de suas camisas jeans e o tamanho da peça deixava um de seus ombros à mostra.
Simplesmente ela não tinha noção do quanto estava sexy, parada em sua frente.
__ Bom dia!- sorriu, o encarou e cruzou os braços.
A resposta de Carlos foi uma puxada pela cintura dela, para que seu corpo colasse nele.
A boca quente tomou a de Paula saboreando seus lábios, a língua provocante explorando sua doçura. Depois, a envolveu total em seu abraço.
__ Há tempos que não tenho companhia no banho...- ele insinuou em seu ouvido, alisando o traseiro nu dela.
__ E?...- Paula mordeu sensual e de leve seu pescoço, o fazendo estremecer.
__ E daí que é cedo, podemos fazer amor debaixo d'água.O que me diz?
Sem pudores Paula enfiou a mão pelos elástico da calça e acaricou seu membro o sentindo crescer.
As mãos dele subiram a camisa, fazendo o contorno de suas curvas até chegarem aos bicos dos seios. Ele os apertou, enquanto a língua trabalhava na boca de Paula, exigindo sua rendição.
Uma onda de calor subiu pelo corpo dela dando a sensação de que iria derreter. Sua intimidade começou a formigar.
Carlos afastou a boca olhou-a fixamente e suspirou. Um dos braços a levantou pela cintura e a outra obrigou-lhe circular as coxas ao redor do quadril dele.O desejo de Carlos, ressaltado sob o tecido provocava sua vontade a cada passo que dava em direção ao quarto dela. Paula o enlaçava pelo pescoço e acaricava-lhe as costas com as unhas, causando-lhe arrepios de excitação. Os beijos foram retribuídos com tanta intensidade que Carlos não pensou em levá-la para qualquer outro lugar a não ser para a cama grande, onde poderia devorá-la sem pressa.
Ainda com suas bocas grudadas, a depositou sobre o colchão, se afastou e em pé, apreciou a mulher sensual e ansiosa, semicoberta pela camisa a sua espera. O contato visual longo e intenso da parte dela o encheu de uma sensação que só havia sentido com Val. "Olhos de Tigresa", o pensamento perpassou em sua mente, "Olhos famintos por amor."
Ela desabotoou a camisa devagarinho, expondo os seios, a barriga lisa e o púbis. As coxas levemente abertas, num convite ao prazer.
Em instantes, Carlos se livrou da roupa e revirou ansioso a gaveta da mesa de cabeceira atrás de preservativos. Achou ao menos um. Deitando ao seu lado novamente.
abraçou-a e encostou seu rosto ao dela. Paula era deliciosamente cheirosa, pele sedosa, que o deixava alucinado. Ela afagou seu saco, seu membro, o fazendo estremecer. Incapaz de resistir, ele percorreu os lábios entreabertos com a ponta da língua para depois beijá-los lenta e sensualmente. A mão que lhe tocava os cabelos desceu para os ombros e ele afastou ainda mais um dos lados da camisa até expor totalmente um dos seios. Ouviu-a gemer no instante que o segurou, possessivo, inteiro. Explorou-lhe a maciez, não apenas com a mão, mas também com a boca. Primeiro com a língua, percorrendo a auréola e o mamilo. Depois sugando-o e mordiscando-o gentilmente. Insatisfeito desceu sua mão até a cintura, depois um pouco mais, escorregando para o púbis, acariciando-a entre as coxas. Foi incrivelmente excitante ouvi-la arfar e gemer de prazer quando seus dedos afagaram sua fenda e se enterraram com o objetivo de lhe dar mais prazer.
O ponto máximo delicado e duro dela ansiava pelo toque de Carlos. Paula precisava aplacar a urgência de seu íntimo.
Carlos o circulou com o dedo médio, sem atrito, fazendo-lhe tensionar o corpo e arfar. A carícia era tão deliciosa que Paula não suportou muito tempo e lhe segurou a cabeça, gemendo mais alto. Seu corpo convulsionou explodindo de prazer. Sem esperar mais, ele a despiu. Ela tremeu, nua, ante a examinação faminta daqueles olhos azuis.
Carlos repetiu as carícias até que ela, louca de desejo, abraçou-o com as pernas, se esfregando em seu corpo, num pedido silencioso para o cavalgá-lo. A embalagem do preservativo foi rasgada. Com mãos trêmulas, Paula cobriu toda a extensão de seu membro e então, Carlos puxou-a para cima dele, trazendo o rosto dela para mais perto, beijou-a com intensidade, enquanto lhe acariciava as nádegas redondas.
Com um gesto ágil, ergueu-a e ouviu-a gemer quando acomodou-a sobre seu pênis, a empalando com força. Ambos se moveram lentos. Carlos a invadia deliciosamente, controlando o ritmo com as mãos espalmadas em seu quadril, até que a deixou livre para buscar o seu prazer. Ela o cavalgou, delirante, pulsando com uma tensão que ansiava por ser libertada. Paula vibrou como nunca quando as mãos dele apertaram-lhe os bicos turgidos dos seios, dando o "start" para o orgasmo. Um pequeno grito de incomensurável êxtase escapou dos lábios dela quando as ondas a sacudiram. Carlos também explodiu em suas entranhas.
Depois, Paula caiu sobre ele, fraca demais para se mover, sentiu-o acariciar suas
costas e o seu coração batendo forte contra seus seios.
Carlos a acomodou em seu abraço e ajeitou os cabelos desgrenhados.
__ Ah, tigresa!...- ofegou.__ O que está fazendo comigo?!
Ela beijou-lhe os lábios, macia e lânguida. O semblante de Paula estava misterioso e o toque dos dedos, suave, ao afagar-lhe a barba.
__ Eu que pergunto: o que você está fazendo comigo?Que delícia estar em seus braços!
Minutos depois, ela deitada com a coxa por cima das pernas de Carlos, desenhava em silêncio, linhas imaginárias sobre a musculatura do peito dele. Carlos por sua vez brincava em seus cabelos de olhos fechados. Ambos perdidos em seus pensamentos.
O toque de mensagem, a fez sair do transe. Paula rolou na cama para ver seu celular. Suspirando com desagrado, atravessou o quarto e foi para o chuveiro. Carlos foi ao seu encontro e observou calado os movimentos apressados, percebendo em Paula o semblante preocupado.
__ Aconteceu algo?- indagou tirando o sabonete da mão dela para deslizá-lo em seus ombros delicados.
__ Nenhum. Uma de nossas secretarias avisou-me de uma reunião com os acionistas à tardinha. Isso me lembra que preciso voltar a minha realidade.
__ E é ruim?
__ Em alguns aspectos sim. Contudo tem um lado bom.- o abraçou pela cintura, deixando a água morna escorrer por seu corpos.__ A minha realidade causou aquele episódio que vivi naquela noite e pôs você no meu caminho.
Ele passou as mãos pelos cabelos molhados dela.
__ Eu estarei aqui sempre que precisar fugir da sua realidade cruel. Você não tem ideia do quanto me faz bem! Toda vez que entrei neste quarto, neste banheiro, o que vivi com Val me apertou o peito de tanta saudade. E hoje, vendo você deitada naquela cama, num convite implícito para ser amada, tive ainda mais certeza que não quero ficar tanto tempo longe de você.- segurou seu rosto e a beijou.
__ Tenho tanto medo que você se decepcione comigo.- confessou baixinho.
__ Você tem segredos e eu respeitarei o seu tempo. Um dia, você me contará todos eles, me falará porque seus olhos ficam cobertos por uma nuvem quando falamos de sentimentos.
__ Eu quero tanto ter uma vida nova!...Quero muito um alguém que me faça enxergar que não preciso implorar para ser amada, porque saberei realmente que pertenço aquele coração. Falo de confiança, de certezas...entendeu?
Carlos ainda segurava seu rosto, analisando os olhos, que tanto o fascinavam. Havia neles a luz de um desabafo verdadeiro. Abracou-lhe passando segurança.
__ Quero você muito mais do que pensa. Só vai depender do quiser viver comigo, Paula. Não brinco com sentimentos.
Ela descansou em seu peito, se fazendo pequena em seus braços mornos pela água da ducha.
A intenção de Carlos quando invadiu o box era fazer amor mais uma vez, mas diante do que Paula expôs, só lhe restou ser terno com ela. Deslizou as mãos ensaboadas por seu corpo com cuidado e carinho, sem conotação sexual. Ela também o acariciou. Tudo feito no mais absoluto silêncio. Parecia que ambos faziam reflexões sobre os sentimentos que os assolavam. No fundo, Paula estava sentindo um vazio imenso por sair daquele lugar. Carlos era um abrigo em meio às tempestades, que se formaram por suas más escolhas, que lhe tiraram o único bem que tinha ou que pudesse vir a ter na vida: uma família.Uma hora teria que abrir seu passado a ele, mesmo sabendo que poderia sofrer as consequências. O fato de ter que encarar Murilo também a deixou mais apreensiva do que pode imaginar. Uma reunião marcada fora da agenda, com urgência, não devia ser uma boa notícia. Ainda mais que as linhas explicitavam claramente, que a presenca dela era de suma importância.Carlos a observava esfregar o tecido felpudo sobre os seios. Nenhuma mulher merecia ser desprezada ou mendigar amor. Era exatamente isso que Paula lhe passou no desabafo. Odiaria que isso acontecesse com sua filha um dia.
__ Quer almoçar comigo depois das compras?- ele puxou conversa, passando a toalha pelos cabelos primeiro para depois a enrolar na cintura.
Paula já de roupão, escovando os dentes, buscou-lhe pelo reflexo do espelho.
__ Tudo bem. - secou a boca.__ Algum lugar que goste da comida?
__ Paella de frutos do mar. Tem um restaurante, que é um dos meus preferidos. O que acha?
Ela virou-se para sorrir.
__ Na sua companhia até sanduíche de mortadela se torna bom.
Ele se aproximou, pôs as mãos nos ombros dela e a girou para o espelho a encarando.
__ Você não é uma mulher que coma mortadela. - alisou sua nuca e beijou o lóbulo da orelha.
__ Você que pensa.- riu sustentado os olhos azuis.
__ Sanduíches são ótimos para reporem as energias depois de uma sessão de sexo maravilhoso.
Confesso que estou faminta. Adoraria comer um enorme sanduíche agora...e olha que nem sou acostumada a me alimentar pela manhã, hein!
Carlos gargalhou.
Era estranho como o simples tom da risada dele tinha a capacidade de fazê-la se sentir especial e segura. Carlos voltou girá-la e a beijou em meio aos risos.
Um barulho na porta do banheiro, fez com que desgrudassem suas bocas bruscamente. Gabi os encarava com a mão na fechadura.
__ Não a ensinei a bater na porta, mocinha? - o pai repreendeu.
__ Ensinou. Desculpa! - sorriu.
Paula ficou um pouco constrangida, mas Carlos pareceu não se importar muito. A menina, por sua vez, dava a impressão de estar achando uma maravilha ver os dois adultos juntos.
__Vocês estão namorando?
Paula olhou rápida para ele. Não sabia o que responder. Não sabia o que realmente os dois tinham para explicar à menina. Ele então a surpreendeu.
__ Eu levei em conta a nossa conversa de ontem.- piscou em cumplicidade para a filha.
Gabi aproximou-se mais e estendeu o braço a Paula, que segurou-lhe a mão. Em seguida, Gabi pegou também na do pai. Por um instante os três ficaram juntos, ligados como se fossem uma corrente.
__ Eu gosto de você, tia Paula!- declarou.
Uma felicidade infinita invadiu o coração de Paula. Curvou-se para beijá-la de leve na face. Ela estava profundamente comovida com a emoção que havia nas palavras de Gabi. Um nó formou-se na sua garganta.
__ Também gosto de você. Quer tomar café conosco?
Carlos acariciou os cabelos da filha.
__ Você sabia Paula, que Gabi é uma excelente conselheira?
__ Ah, é?!- levantou a sobrancelha sorrindo.__ Será que em vez de uma médica, você terá uma filha psicóloga?
__ Talvez.
A garota insistiu.
__ Vocês não me responderam... Estão namorando?
__ Hã...- Paula se adiantou. Não queria que Carlos se sentisse obrigado a nada.__ Acho que eu e seu pai estamos nos conhecendo. Adultos podem se beijarem sem terem um compromisso sério, entende?
__ Entendo. Meu pai precisa é de coragem para pedir-lhe que namore com ele, isso sim!- disse pousando as mãos na cintura.__ Não deixe ele a beijar se não disser que a ama!
Carlos e Paula se entreolharam. A menina ainda completou:
__ Mulheres não são brinquedos de homens! Foi você quem me disse isso certa vez, papai. - cobrou-lhe.
__ Tem razão, querida. Só voltarei a beijá-la quando Paula aceitar ser minha namorada. - piscou.
__ Melhor assim! Vou descer. Inês já chegou. E estou quase de férias!!
Gabriele sorriu, deu as costas e saiu.
Carlos a encarou.
__ Quer um pedido formal para voltar a sentir minha boca na sua?- sorriu malicioso.
__ O que?Está falando sério?! Adoro a inocência das crianças! Precisamos lembrar de trancar a porta na próxima vez que estivermos no quarto. Se ela nos pega na cama, certamente vai querer que você me peça em casamento.- riu, escovando os cabelos.
__ E seria ruim?
__ Casar? Casamentos só acontecem quando existe muito amor envolvido. Tesão não sustenta uma relação.
Cruzou por ele e devolveu a malícia, afagando seu pau, antes de sair.Inês era uma senhora de meia idade, que usava um coque preso numa rede, rechonchuda e muito simpática. As crianças, pelo jeito, a adoravam.
Durante o café, era extraordinariamente bom notar que Carlos também se sentia tão bem quanto ela, por estarem se dando uma chance. As leves carícias, que lhe fazia em suas pernas embaixo da mesa e os suaves beijos furtivos indicavam isso.Talvez não fosse de seu feitio sentir-se delirantemente feliz por qualquer coisa. Nunca tivera esse prazer. Mas era preciso reconhecer que tinha motivos de sobra para estar pelo menos agradecida. Porém Paula devia ter tido o bom senso de saber, contudo, que uma felicidade como essa não poderia durar muito.
Ao meio dia, quando entraram no restaurante, Paula sentiu o estômago revirar. Ela empalideceu e gotas de suor brotaram-lhe na testa. De imediato Carlos percebeu o motivo de seu mal-estar. Martina e Murilo sorriam mais felizes do que nunca sentados a uma das mesas.
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Romance"Às vezes, é preciso descer ao inferno para que possamos nos reencontrar." Poderá um anjo resgatar um coração cheio de ódio e ressentimentos? Esta é a história de Paula, a vilã de Um Tempo Para Amar. E para que ela se redima de todo o mal que causou...