CAPÍTULO 26 TESS MORAES

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SEIS MESES DEPOIS

Saí da loja mais cedo, em pleno verão nova-iorquino. Tirei a jaqueta que usava por cima do vestido, porque dentro da loja parece uma geladeira. Estou feliz como há tempos não ficava. Aguardei alguns minutos e minha amiga apareceu.

— Finalmente, Christie. Achei que derreteria aqui te esperando. Pegou tudo?

— Você pegou a comida? Que loucura é essa de fazer piquenique no meio do expediente no Central Park? — Christie questionou desconfiada.

— Quando chegar lá te conto tudo. Teremos tempo. — Ergui a mão para um táxi que passava e ele parou.

— Senhora, vamos até o Central Park, na Sheap Meadow. Entramos e começamos a conversar amenidades com a motorista do táxi. Ficamos sabendo que ela também é estrangeira. Veio de Sonora, México, em busca de um lugar melhor ao Sol. Fiquei escutando suas histórias e olhando a paisagem até o parque, pensando que já amo essa cidade. Apesar da distância dos familiares, aqui eu construí um emprego de sucesso. Descemos do táxi desejando sorte para Dona Milka e sua família.

Caminhamos até achar um lugar agradável no gramado, onde é possível um pouco de Sol e uma pequena sombra. Ainda faz bastante calor. A Christie abriu o lençol e eu coloquei as comidinhas que tinha trazido.

— Está bom, Tessália. Agora já chega de tantos mistérios. Vi que você ficou horas trancada com a Miss Charmon na sala dela. O que está acontecendo? — Calmamente sentei no lençol e tirei meus sapatos, fazendo uma massagem nos pés. Virei para ela e resolvi acabar com o mistério.

— Estamos aqui comemorando uma vitória, Chris. Você, mais do que ninguém, sabe como foram os primeiros meses desse ano.

— Madame Moraes ficou no casulo mais tempo do que devia. Chorou todos os dias por dois meses seguidos. Entretanto, parece que agora está recuperada. — Deitei no lençol comendo um cacho de uvas e filosofei.

— Realmente foram meses difíceis. Não conseguia ficar um dia sem pensar nele. Isso foi importante para minha recuperação. Parece que estou curada agora. Não do amor, esse é incurável. Sei que vou ter que conviver com isso, no entanto, agora está doendo bem menos. Bom, não estamos aqui para falar disso. — Christie deitou de barriga para baixo ao meu lado.

— Então estamos aqui para falar do que exatamente?

— Surgiu meu primeiro trabalho fora de Nova Iorque. Depois de seis meses prestando serviço para a loja, finalmente alguém enxergou o meu belo trabalho e me contratou para um evento diferente.

— Conta mais, Tess, assim você me deixa louca de curiosidade.

— Fui contratada para produzir um evento de moda em Paris. É um evento beneficente, onde terá um encontro de estilistas famosos em prol de alguma ONG. — Christie, sempre elétrica, não conseguia ficar parada. Começou a me abraçar e fazer cócegas.

— Parabéns, Tess, sei que você é muito eficiente. Esses meses no comando, vimos a loja ficar mais bonita, os clientes ficarem totalmente satisfeitos. Acredito que os lucros cresceram na mesma proporção. Fico tão feliz por você.

— Bom, depois de uma exaustiva conversa e acerto de alguns detalhes, fiz algumas exigências para a loja.

— Ei, você está bem saidinha ultimamente. "Fiz algumas exigências". — Sorri para ela ao contar minhas exigências.

— Sabe quais são? Primeiro que a minha assistente direta precisa me acompanhar.

— E o que eles responderam? — Christie me olhava ansiosa.

— Exigência concedida.

— Não acredito que vou a Paris. Não acredito.

— E pedi mais. — Peguei na sacola um champagne e duas taças.

— Pedi dez dias de descanso na volta para matarmos as saudades do Brasil.

Puta que pariu, Tessália! Você é a melhor amiga que eu poderia ter, deixa que eu abro essa porra. Quero beber até cair para comemorar. — Ela abriu a champagne e encheu nossas taças. Brindamos e enquanto eu apreciava o produto, ela virava de uma vez. Depois encheu sua taça de novo e começou a executar os planos para a nossa viagem, falando efusivamente e sem parar para respirar. Abriu sua agenda que estava na bolsa e começou a anotar nosso roteiro. Eu ainda não sabia de tudo que aconteceria, mas aquele frio na barriga já existia. Tenho medo de não conseguir entregar o que desejam e muito mais medo de encontrar um certo modelo famoso. Acho que pensei um pouco alto.

— Sabe que há uma grande possibilidade de isso acontecer, né? Não quero ver você depressiva de novo, Tess.

— Tudo bem. Vou me preparar psicologicamente para isso. Não vou deixar que Brian domine meus pensamentos de novo.

— Então nem vamos falar nele. Você acha que posso encontrar o Antony por lá? Seria maravilhoso poder reviver a minha primeira relação a três.

— Christie, você ainda vai se dar mal com esse sexo grupal.

— Isso só acontecerá se eu deixar alguém entrar no meu coração. Por enquanto está sendo apenas sexo e novas experiências. E eu posso te afirmar com todas as letras, amo cada momento de troca que vivi em todos esses meses deste que saí aquele dia com a Nara. - Ela encheu mais uma taça de champagne, porém, eu recusei a minha. Fiquei somente bebericando o que restava e comendo algumas frutas da sacola.

— Aliás, eu encontrei a Nara alguns dias atrás e rolou nossa primeira transa juntas. Não sei como ela consegue se esconder atrás dessa carinha angelical. A mulher é um fogo na cama. Fiquei até com inveja dela. Tudo bem que ela tem mais tempo de experiência do que eu, mas eu vi que preciso me exercitar mais. Os homens que curtem isso são bem exigentes. Mas, outra hora eu conto o que rolou entre nós.

— O importante, Chris, é você estar feliz. O que fazemos em quatro paredes só nos diz respeito. Faça o que tiver vontade para melhorar o seu desempenho na cama e não aceite fazer aquilo que vai de encontro com os seus desejos. — Ela levantou a mão e fizemos o que chamamos de toque de amizade.

— A nossa amizade, Tess.

— A nossa amizade, Chris. — Voltamos para o papel, programando todos os nossos passos em Paris. Enquanto Chris falava me desconcentrei um pouco com a beleza do Sol se pondo e com o frio na barriga só em imaginar que estarei no país onde ele mora e inevitavelmente o encontrarei. Será que estou realmente preparada para vê-lo novamente depois de longo seis meses? Isso eu vou descobrir se ele der as caras.


Queridos leitores,peço desculpas por retirar os últimos capítulos do livro, mas como publiquei-o na Amazon não posso mais deixá-lo aqui por contrato. Peço que vão até a Amazon e baixem o livro, não custará muito e estará ajudando o escritor a divulgar sua historia. 

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