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CAPÍTULO VINTE E CINCO

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CAPÍTULO VINTE E CINCO

estou no fundo e não sei qual o problema. estou numa caixa, mas fui eu que me tranquei lá, me sufocando e ficando sem oxigênio. eu estou paralisado. 

— Sabe, quando eu fiz a piada do cama ou ringue não pensei que seria levada tão a sério — Tori brincou assim que entrou no escritório 14h da tarde e encontrou os dois no chão.

Eles estavam deitados lado a lado, Tobias ainda dormia e Pietra tinha os olhos entre abertos e a voz grogue. Seu corpo estava coberto pela jaqueta de Tobias e os cacos da garrafa de whisky ainda estavam no chão, o cheiro da bebida havia se impregnado no ambiente. A líder se sentou e mostrou o dedo do meio para Tori que mandou um beijinho como resposta. 

— Como assim?

— Se entregou, porra! — as lágrimas enchiam seus olhos enquanto Tobias andava de um lado para o outro com as mãos na cintura — Preciso ir atrás dela, talvez a encontre no caminho, não tem como Tris já estar na Erudição.

— Tobias, calma — ela segurou em seus ombros e o empurrou contra a cadeira lhe entregando uma garrafa de água que devia estar lá há pelo menos um mês — A Erudição está atrás de todos os Divergentes, lembra? O que você precisa fazer agora é respirar.

Pietra segurou em suas mãos e os dois ficaram alguns minutos em silêncio se encarando até que a respiração de Tobias voltou ao normal. Os olhos inchados não derramavam mais lágrimas. Pietra lhe entregou a garrafa de novo e ele bebeu um longo gole, então ela apoiou o quadril na mesa. 

— Olha, que tal esperarmos até de manhã e ai falamos com Tori, tá bom? — Pietra torcia pra que ele não notasse o forte hálito de whisky — Posso esperar com você, se não quiser dormir. 

— Não, eu acho que... — ele se voltou pra ela — Espera, o que você estava fazendo aqui? 

— O que você veio fazer aqui? — ela arqueou uma sobrancelha — Essa sempre foi minha sala. 

Ele deu de ombros como se não quisesse revelar o que o levou até a sala de Pietra durante um surto da madrugada. Não queria assumir isso, ou muito menos dar algum tipo de esperança para sua amiga. 

— Nesse caso ela é a nossa melhor opção — Pietra admitiu e Luke a encarou, pensando se falava sério. 

— Você realmente não ouviu uma palavra do que eu disse, não é? 

— Claro que ouvi, mas não temos o luxo de escolher a dedo nossos aliados — Tori e Tobias se entreolharam — Mais da metade da nossa facção foi injetado com aquele soro, se mandarmos eles pra Erudição vão simplesmente se matar. E eu nem preciso falar nos números. 

— E podemos treiná-los, eles aprendem rápido, certo Luke? — Tori disse e ele assentiu — Você devia estar feliz, Quatro. Vai ter o que queria no fim das contas. 

— É, talvez.

Pietra gostaria de ficar triste e deprimida, mas esse não era um luxo que lhe cabia naquele momento. Seu melhor amigo estava sofrendo, e ela fizera uma promessa a Tori. Iria salvar Tris. Podia deitar no chão e chorar depois disso. 

— Se você não tivesse acabado com meu whisky a gente poderia não estar se lamentando — Tobias riu e apoiou a cabeça no ombro de Pietra. 

Os dois estavam sentados no chão com as costas encostadas na parede, segurando a mão um do outro com força, como se fosse a única coisa que importava. Pietra sentia falta daquele aperto e daquela segurança.  

— Ela vai ficar bem, Tobias — ela suspirou — A Tris é uma garota forte. 

— Ela costumava ser, mas depois que os pais morreram... Não sei se ela se sente assim. 

— Vai ficar tudo bem.

Pietra apertou a mão de Tobias e encostou a cabeça em seu ombro. A janela estava aberta, e ela encolheu os ombros quando uma rajada de vento os atingiu. Ele não hesitou em colocar sua jaqueta ridiculamente grande sobre os ombros de Pietra. Não levou muito para que os dois adormecessem abraçados um com o outro.

— Temos que ir atrás de Caleb — Pietra sugeriu — O que? Pensei que fosse óbvio. Se vamos nos abrigar na Abnegação podemos leva-lo junto, sem contar que a Tris vai querer-lo lá. 

— Talvez — Luke meneou com a cabeça. 

— Eu vou atrás dele. Ele disse que ia continuar com o resto da Abnegação, devem estar na Amizade. 

— Não — Tobias a interrompeu — Você vai comigo até a Erudição buscar Tris — seu estômago se retorceu só de pensar em voltar pra lá e encarar Jeanine. 

— Não acho que eu seja a melhor opção pra isso. 

— Sim, você é — Logan disse com firmeza — Não podemos chamar atenção, e você é a mais treinada pra invadir um lugar sem ser notada. 

— É só uma precaução — Tori a tranquilizou, entendendo exatamente o pânico em seus olhos quando ela respirou fundo. 

— Tá bom — ela juntou as mãos na frente do corpo e manteve a respiração o mais calma possível enquanto repassavam o plano. 

Aisha também estava presente, mas estava mais preocupada em mapear o caminho mais seguro até a Erudição e listar as formas que Pietra poderia usar para entrar sem ser notada. O plano foi dito mais algumas vezes, mas Pietra estava perdida demais em pensamentos para fazer mais do que assentir com a cabeça. 

◌ ◌ ◌

Ao sair da sala de reuniões os pensamentos de Pietra a lideraram por um caminho que ela percorrera bastante durante os dois anos que seguiram depois de sua iniciação. Um caminho tortuoso que a enchia de memórias ruins, agora não só sobre uma morte, mas duas. 

O corredor que levava até o estúdio de Victor estava silencioso, diferente de antes, quando o estúdio estava quase sempre cheio de gente querendo mudar algo sobre seu visual. Era o mesmo corredor onde ela deixara George voltar ao dormitório sozinho, quando Luke o pegou e atirou nele. 

E agora era o corredor que levava ao estúdio de Victor, ou ao que restou dele. O lugar estava empoeirado e silencioso como nunca estivera. Ela passou a mão pelos desenhos e fotos expostos na parede oposta a porta, a maioria era de Victor, mas alguns haviam sido feitos por seu colega de trabalho, Pietra achava que seu nome era Tom, alto, loiro de olhos azuis. O rosto coberto por tatuagens. 

Não sabia o que tinha acontecido com Talvez Tom, mas ele não voltara a visitar o estúdio desde o ataque da Erudição. Talvez pela lembrança de Victor, ela não podia ser a única a estar sofrendo por ele. 

Ela entrou na sala dele, onde fizera sua primeira tatuagem, e tantas outras depois disso. Encontrou, no meio de papeis amassados e tintas, um pequeno caderno de couro com uma fita ao seu redor. Ela sabia que caderno era aquele, e mesmo assim o abriu. Mesmo sabendo que não queria ver o que estava ali. 

Os olhos se encheram de lágrimas no primeiro desenho, ela, Aisha e George, sorrindo com suas novas tatuagens. O próximo desenho era um homem solitário observando o mar, depois argolas com fitas, uma garota com um trofeu, sendo levantada pelos amigos — ela sabia que aquele desenho era ela quando descobriu que era líder, a tatuagem atrás do ombro entregava tudo. 

O mundo inteiro de Victor estava desenhado ali, o coração dele estava ali, naquela caderno. Pietra o colocou contra o peito e se deixou chorar escorada na parede com o silencio como companhia. 

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