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CAPÍTULO TRINTA E SEIS

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CAPÍTULO TRINTA E SEIS

pensei que tínhamos construído uma dinastia que o "para sempre" não quebraria, mas as cicatrizes eu não posso reverter.

— Eu não vou me desculpar.

Pietra estava sentada encima de uma mesa, ainda no laboratório de Jeanine. Cara ainda estava lá, encarando o corpo de Jeanine feito uma estátua. Tori e Tobias estavam de pé onde Pietra estava sentada, as duas meninas tentando explicar o que aconteceu nos minutos anteriores e o porquê.

— Eu não te pedi pra se desculpar — Pietra retrucou. 

— Mas estava pensando nisso.

— Ah claro, me desculpa, professor Xavier — ela bebeu um gole de água quando Tori revirou os olhos. 

— Eu sei que você e Jeanine são super mamãe e filhinha mas já tínhamos conversado sobre isso e eu disse que a mataria quando a visse — deu de ombros — Foi o que eu fiz. 

— Não é isso — Pietra engoliu em seco — Ela poderia ser útil. Quantas informações a líder da Erudição nos forneceria?

— Não precisamos dela — a asiática falou — Temos os computadores aqui, é só acessar e pegar a informação que queremos. 

— Boa sorte fazendo isso sem os códigos que apenas Jeanine sabia. 

— Eu consigo acessa-los — Tobias disse, para ninguém em especial. 

— O que?

— Aprendi muitas coisas enquanto trabalhava na Sala de Controle, e o Zeke é um ótimo hacker, por sinal. 

Pietra começou a pensar. Se Tobias era capaz de acessar o computador, ela poderia abrir a caixa, era uma Divergente afinal. Precisava apenas o convencer a fazer isso. Tori saiu do cômodo em algum momento e Cara finalmente saiu do transe em que se encontrava, apenas para caminhar até Pietra e ela finalmente perceber o que não se encaixava. 

Ela não tinha visto Aisha. 

Aquele sentimento estranho de vazio subiu dentro dela ao ponto de transbordar, e seu coração ficou pesado dentro do peito. Ela encarou Cara com os olhos arregalados. 

— Cadê a Aisha? — sua voz soava urgente. 

— Pietra, eu... Sinto muito — a erudita engoliu em seco — Quando estávamos entrando aqui, ela... Não conseguiu passar pelos guardas. 

Respirar se tornou difícil demais. Pietra não se sentia mais dona de seus próprios movimentos,  e seu corpo caiu. O chão estava gelado, e ela sentiu uma dor na parte de trás da cabeça quando entrou em contato com o chão, mas nada importava. 

Havia um buraco em seu peito. Um buraco que crescia, ficava maior a cada pessoa que ela perdia, e esse buraco estava começando a engoli-la. Pietra não estava mais sentindo os hematomas, ou o corte na cabeça, os machucados pelo rosto e a coronhada que levara na têmpora. 

Ela sentia algo muito pior e mais grotesco. Uma dor que ela não achou que era possível sentir. Seu peito doía. Seu coração doía com a ideia de nunca mais ver os cabelos loiros de Aisha se balançarem ao vento, nunca mais ouvir ela rir, e nunca mais sentir seu abraço. Ela se fora, assim como todos ao seu redor. 

Aisha também a abandonou. 

◌ ◌ ◌

— Eu sinto muito — Tobias disse quando Pietra se levantou, alguns minutos depois. 

Ela apenas deu de ombros e se apoiou na mesa ao lado dele.

— Eu sabia — confessou — Que a Tris planejava invadir a Erudição, eu sabia. Por isso não queria que Tori matasse Jeanine. 

— Não estou surpreso. 

— E nem deveria estar — deu de ombros — Não tenho nenhum motivo pra não confiar em seu pai, muito menos na Tris. Ela me pediu ajuda e eu ajudei. Agora me ouça. 

Tobias negou. Ela não ia ajudar Pietra, e estava bravo com Tris. Não queria ajuda-las porque podia tê-lo feito desde o inicio, se alguém tivesse se importado em inclui-lo. 

— Eu não confio nele — disse, irritado. 

— Eu sei que não — ela segurou seu rosto entre as mãos — Mas você confia em Tris, e eu também. 

Tobias fechou os olhos e encostou sua testa na de Pietra. Ele queria confiar em Tris. Ele queria confiar em Pietra. Mas estava tão bravo com as duas que não sabia se devia. 

— Tobias — ele abriu os olhos, apenas para encontrar seus rostos a milímetros de distancia um do outro — Por favor.

Seus olhos se voltaram para os lábios cortados de Pietra, e ele quase quebrou aquela mínima distância, mas não o fez. Ao invés disso voltou seu olhar para as íris castanhas que o encaravam de volta. 

— Tudo bem. 

Tobias levou alguns minutos para entrar no sistema da Erudição e enquanto esperava, Pietra observou a cidade lá de cima. Era uma visão bonita, Jeanine não merecia olha-la. 

— Entrei — ele avisou. 

Pietra entrou na câmara de vidro e respirou fundo quase soltando um grito quando agulhas penetraram todo seu corpo. Ela foi erguida no ar e sentiu o soro injetado correr por suas veias e a colocar dentro da simulação. 

Era tudo ou nada.

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