17.

2.4K 311 7
                                    

CAPÍTULO DEZESSETE

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

CAPÍTULO DEZESSETE

e eu morreria ou ficaria por você agora; mas você ainda não sabe meu nome.

12 anos antes.

— Pietra é um nome estranho. 

— O seu nome é estranho — a garotinha acusou.

— O meu é o único normal aqui.

— Cala a boca, Georgie — sua irmã retrucou e ele lhe mostrou a língua. 

Pietra havia acabado de sair de um teste de QI. Ela não entendia exatamente o porquê ao invés de brincar com Tori e George ela tinha que se sentar em uma cadeira e responder um monte de perguntas sem sentido. Seus pais já sabiam que ela era muito inteligente, ela não precisava responder perguntas para provar isso. 

— Vamos, Pietra — sua mãe chamou e ela deixou os ombros cairem.

— Onde você mora? — o asiático perguntou.

— No C208 — ela ignorou o chamado da mãe.

— Vamos pra escola juntos amanhã? — ele sorriu, os dois dentes da frente faltando.

— Claro.

No dia seguinte ela não foi a escola, e nem no seguinte a esse. Depois de quatro dias Jeanine apareceu em sua casa. Pietra nunca tinha a visto, ela geralmente estava muito ocupada e seus pais não tinham trabalhos importantes.

Pietra foi mandada para o quarto, mas sua curiosidade de nascença não deixou que ela fechasse a porta e não escutasse nada. Ao invés disso ela se encostou no corredor que dava pra sala de estar e ouviu o que os adultos sussurravam.

— Sua filha é extraordinária. Ela tem um QI de 127 — a loira falou — Foi o maior até agora. Eu sei que ela ainda é muito nova, mas eu gostaria que ela fosse minha aprendiz. 

— Como assim aprendiz? — Cora franziu o cenho.

— Eu estou nesse cargo a muito tempo, e a Erudição é a facção inteligente. Precisamos de um sucessor que seja treinado pra isso. Claro que haverá uma votação quando o momento chegar, mas por enquanto ela é nossa melhor opção. Ela iria para uma escola diferente, aqui na Erudição, e não com os outros.

Os dois adultos se encararam por muito tempo, quase como se estivessem conversando telepaticamente. Pietra estranhou o silêncio, e pensou que talvez ela tivesse ido embora, mas então seu pai suspirou.

— Precisamos pensar sobre o assunto — disse — Não queremos que Pietra seja excluída do mundo.

Jeanine assentiu e foi embora. 

Pietra tinha apenas seis anos, mas entendeu o que eles queriam dizer. Entendeu que se eles deixassem que Jeanine a ensinasse ela se tornaria líder da Erudição um dia, e que talvez nunca mais poderia ir a escola com George e Tori. 

◌◌◌

Pietra cambaleou pelo corredor da enfermaria. Os olhos se embaçaram por lágrimas que ela não deixou cair. Seus joelhos fraquejaram e ela se jogou dentro da primeira porta que viu, ela dava para o banheiro. 

Apoiou uma mão em cada lado da pia e encarou a cerâmica tentando assimilar tudo que Tori lhe dissera. Seus lábios estavam trêmulos, e por alguns segundos ela levantou a cabeça e olhou para si mesma. 

Seus cabelos castanhos estavam bagunçados, a pele pálida demais, o rosto fino demais. E ela se perguntava quando isso acontecera. Pietra levou os dedos longos ao rosto como se não estivesse vendo a si mesma, e sim outra pessoa.

— Ela estava errada, não é? — sussurrou para si mesma e caiu no chão.

Os joelhos bateram com força no piso e ela sentiu o peso dos ombros sobre si e quis se encolher até deixar de existir. 

Pietra sempre soube exatamente quem era, quem deveria ser. Seu teste de aptidão arruinou tudo. Mas ela conseguiu tornar as coisas mais fáceis. Ela conseguiu lidar com a Audácia e se tornar uma pessoa importante lá dentro. Conseguiu ajudar outros como ela, conseguiu dar um jeito em sua vida. Mas será que havia feito isso sozinha?

George teve sim sua parcela de responsabilidade nessa batalha, mas Tori não. Ela não teve nenhuma responsabilidade por quem Pietra se tornara. Não teve porque Tori a abandonou quando ela mais precisava. 

Tori a deixou sozinha quando ela perdeu o melhor amigo. George não era apenas irmão de Tori, ele era melhor amigo de Pietra. Não foi apenas Tori que o perdeu.

Pelo menos era isso que ela dizia para si mesma. 

◌◌◌

— Hoje a noite — Tobias começou a falar — Jeanine provavelmente não vai estar lá, não acho que valha a pena. 

— Eu acho que vai sim — Pietra retrucou — Ela não conta seus planos pra ninguém, no caso de serem pegos. Duvido que vá contar tudo para uma única pessoa. 

— Ou seja, essa é a nossa chance — Zeke disse em um tom impaciente. 

— Não é tão simples — a morena retrucou — Kang não vai nos deixar ir nessa reunião.

— Nem mesmo você?

— Ele não confia em mim, Tris. Já foi grande coisa ter me deixado participar do interrogatório do Eric e do Zeke. 

— Tá, mas vamos a essa reunião de qualquer forma — Shauna deu de ombros — Onde vai ser, Quatro?

— Na ponte entre as sedes da Amizade e Franqueza. 

— Quem vai?

— Alguém precisa ficar aqui de vigia — Marlene afirmou. 

— Eu voto no Zeke — Uriah disse e levou um peteleco do irmão. 

— Ei! Eu que sou o espião, esqueceu?

— Eu fico — Marlene ergueu os ombros. 

— Ok, agora precisamos de armas.

— E eu sei onde podemos pegar algumas — Tobias sorriu.



DROWN, insurgente² ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora